A inclusão dos AASI na rotina dos professores na educação especial

Linguagem e Subjetividade

A inclusão dos AASI na rotina dos professores na educação especial

03/2016

A inclusão dos AASI na rotina dos professores na educação especial

*Amanda Monteiro Magrini

A política de educação inclusiva é um tema sempre presente na rotina dos professores, pais e crianças com necessidades especiais. A forma como ocorre a complementação da formação dos professores é sempre discutida, visto que se deve considerar aspectos sociais, econômicos e culturais dos envolvidos.

A Secretaria de Educação Especial divulgou, em 2007, o Manual “Formação Continuada a Distância de professores para o atendimento Educacional especializado”, em que oferece fundamentos básicos para os professores que atuam em escolas publicas com o objetivo da implementação da educação inclusiva para pessoas com surdez.

O Manual abrange informação sobre a educação escolar para pessoas com surdez, as tendências educacionais relacionadas, propostas inclusivas didático-pedagógicas e o papel do intérprete escolar. A falta de estímulo adequado ao surdo pode ocasionar prejuízo dos potenciais cognitivo, sócio-afetivo, linguístico e político-cultural nesta população, além da polêmica relacionada à cultura, à identidade e à comunidade surda, que deve segregar estas questões para dentro e fora das escolas. A inclusão deve ocorrer em todo processo educacional, desde a educação infantil até a educação superior.

A fim de evitar a segregação cultural, emocional, inter-relacional por meio do aprendizado continuo dos alunos no ambiente em que estão inseridos, deve-se também observar as crianças que utilizam recursos tecnológicos que auxiliam a comunicação, como os Aparelhos de Amplificação Sonora Individual (AASI).

O AASI é um dispositivo eletrônico que aumenta e altera os sons com a finalidade de melhorar a comunicação, a audibilidade dos sons de menor intensidade e reduzir ou tentar diminuir as limitações decorrentes da perda auditiva (Almeida, 2009). Basicamente, este dispositivo é composto por microfone, receptor e pilha, fonte de energia para o aparelho (Teixeira e Garcez, 2012).

O professor, para auxiliar o seu aluno deficiente auditivo na sala de aula, pode conhecer esse dispositivo de forma ampla. Deve solicitar algumas orientações ao terapeuta (fonoaudiólogo) da criança, segundo Bevilacqua e Fomigoni (1998):

Explicação sobre o audiograma da criança, com o grau de perda e o que essa perda de audição representa para o desenvolvimento, aprendizagem e comunicação da criança.
Orientação quanto a estratégias direcionadas à: voz, articulação, atenção e expressões verbais e comportamentais.
O posicionamento da criança sentada na sala de aula.
A forma de enunciar as ordens à criança: falar na frente e próximo, frases curtas, não exigir ditado de palavras isoladas e em caso do uso de apenas um dispositivo, o professor deve falar na direção deste ouvido.
Explicar o uso do Sistema de Frequência Modulado (FM).

Berro et al (2008) apresentam atitudes que favorecem a inclusão destas crianças:

  • Esclarecer aos demais alunos da sala de aula sobre o dispositivo e o que é a deficiência auditiva;
  • Estimular e incentivar a interação entre todas as crianças;
  • Não privilegiar a criança deficiente auditiva e sim integrá-la em atividades da rotina da sala de aula;
  • Trabalhar em conjunto com o professor da sala de recursos ou o professor itinerante.

O pensamento da integração ao ambiente escolar deve ser direcionado à todas as crianças, com diferentes tipos de perdas auditivas, não apenas àquelas que utilizam a língua de sinais. Toda e qualquer dificuldade dever ser analisada e adaptada para cada criança. Salienta-se também nesta análise, a integração do reabilitador (fonoaudiólogo) neste processo de inclusão escolar, visto que este pode auxiliar na compreensão das dificuldades manifestadas pela criança em decorrência da deficiência auditiva e uso de estratégias para ajudar o professor na sala de aula.

A participação da tríade escola x terapeuta x família, não se limita apenas ao processo terapêutico dentro de uma clinica e sim a todo o ambiente e pessoas que estejam envolvidos na inclusão da criança deficiente auditiva.

*Amanda Monteiro Magrini
Mestre em Fonoaudiologia pela Pontifícia Universidade Católica- SP


REFERÊNCIAS

Almeida, K. Novas tecnologias auditivas voltadas à satisfação do Usuário. In: Berretin- Félix, G; Alvarenga, KF; Caldana, ML; Sant’Ana, NC; Santos, MJD; Santos PRJ. (Re) Habilitação Fonoaudiológica: Audiologia, Linguagem, Motricidade orofacial, Voz e Conteúdo Multidisciplinar. São José dos Campos: Pulso Editorial, 2009.

Bevilacqua, MC; Formigoni, GMP. Audiologia Educacional: uma opção terapêutica para a criança deficiente auditiva. 2 ed. Carapicuiba: Pró-Fono, 1998.

Brasil, Ministério da Educação. Atendimento Educacional Especializado: Pessoa com surdez. http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/aee_da.pdf

Teixeira, AR; Garcez, VRC. Aparelho de Amplificação Sonora Individual: componentes e características eletroacústicas. In: Bevilacqua, MC; Martinez, MAN; Balen, AS; Pupo, AC; Reis, ACMB; Frota, S. Tratado de Audiologia. São Paulo: Santos, 2012.

 

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