Opinião em Foco

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"Opinião em Foco" é um espaço aberto e democrático para a apresentação de artigos sobre Violência e Direitos Humanos. Mensalmente, serão publicados textos de especialistas e pesquisadores convidados pelo OVP-DH, que, com essa iniciativa, objetiva ampliar as reflexões a respeito de um assunto tão sensível e atual. Observa-se, no entanto, que as opiniões expressas nos textos são de inteira responsabilidade de seus autores.

 

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ARTIGO

O OVP-DH apresenta mais um texto crítico a respeito da publicidade e a inteligência artificial, nesses tempos de vida digital e redes sociais.

O texto "É viver pra ver e pra crer", de autoria de Lúcia Skromov.

A autora, reconhecida militante das causas sociais, vem desenvolvendo suas atividades desde os tempos de luta contra a Ditadura militar e hoje nos brinda com mais esse posicionamento esclarecedor sobre um tema polêmico, que, recentemente, dominou as midias de uma forma geral.

 

Para conhecer mais sobre Lúcia, acesse esse link


A seguir, o artigo.

Clique aqui para ler o texto completo  

É viver pra ver e pra crer (Lúcia Skromov)

A FolhaPress lançou a matéria sobre a viralização da campanha publicitária em que a cantora Maria Rita aparece junto com a mãe, Elis Regina, por meio do uso da inteligência artificial. Faz um auê em cima, o que favorece em muito a Volks por conta do lançamento da Kombi.

O comercial dividiu opiniões. Dividiu porque as pessoas que estão achando lindo e maravilhoso nunca viveram a ditadura ao pé da letra e vivem aplaudindo o que desconhecem. Batem palmas para o palhaço sem saber que ele está meramente disfarçado. Eu já não disse várias vezes que nada se pode esperar de brilhante da classe média? Ela só vai até certo ponto. Depois se borra de medo, não quer avançar, atrapalha e ainda tenta desprestigiar quem realmente faz. E seria diferente com esse posicionamento quanto ao comercial?? Fique claro que não.

Há um paragrafo assim: “O comercial da Volkswagen foi lançado na segunda-feira (3), emocionou fãs das duas, mas também recebeu críticas pelo uso da imagem de Elis por uma marca que teve ligação com a ditadura militar. A cantora se posicionava contra os anos de repressão política, social e cultural.”

Se todos se derem o trabalho de realizar pesquisa, Elis Regina foi convidada, no período que posterior ao AI-5, pelos ditadores e aceitou cantar o hino nacional numa parada em Brasília.Para justificar a cantora, posteriormente, seu grupo marqueteiro publicou que ela tinha sido obrigada pela ditadura. Que curioso! Nunca foi presa, nunca recebeu ataques, tal como o Chico, tal como o Belchior, tal como Taiguara... e tantos outros. Não se limpa uma mancha lançando lama em outros. A verdade tem que ser dita, gostemos ou não.

Henfil (quem não se lembra dele??) que, á época era um dos cartunista (senão o mais célebre deles) se enojou com aquilo tudo e começou a traçar caricaturas da cantora para execrá-la. Desenhava-a com fraque, com smoking, balançando o corpo (tal como ela mesma o fazia) e a batuta de regente de uma orquestra sombria e genocida.

Nós, de fora, ou seja, na clandestinidade, apoiávamos o Paquim, jornal de protesto fundamental contra a ditadura com o seu humor e deboches. Era um jornal tão visado pela ditadura, sob censura direta e reta, ataques e ameaças, mas mantinha as suas críticas, Entre outros, a sua equipe era formada por Ziraldo, Henfil, Chico Buarque, Millôr Fernandes, Claudius, Sérgio Cabral, Caruso, Reinaldo, Jô Soares, Angeli.

E, assim, a Elis Regina foi mantida no foco como traidora, pertencente ao universo dos que trabalhavam para a ditadura. Quando a criatura finalmente se tocou, o estrago já estava feito. Marcou tanto o que havia feito que muitos se lembram e até hoje há uma certa indisposição contra ela. O que se dizia à época é que Henfil evitava a todo custo os telefonemas dela, que não a suportava e daí pra frente. Finalmente, ela tirou a máscara com que exibia sua fama, desceu do pedestal e resolveu se colocar ao lado dos foram mortos e estavam desaparecidos por uma causa: a queda da ditadura. Um pouco tarde, creio (minha opinião), mas valeu. Melhor estar do nosso que do lado dos meganhas.

Henfil foi preso, foi embora pro EUA, ficou pouco tempo, voltou, sofreu por aqui e depois, vocês sabem: morreu aqui mesmo, de um mal contraído por transfusão de sangue - necessária, já que era hemofílico. Mas antes da cantora, em 1988, mas com honra: brigando, colocando a sua inteligência à disposição de uma sociedade justa e vida digna para todos. Não olhou só pra o próprio nariz.

Anos, depois, décadas depois, olhe só o que eu vejo. A filha repetindo a dose. Ela não sabe que a Volks cedeu veículos para a ditadura patrulhar a cidade em busca dos subversivos??? Ela não sabe, apesar da publicidade toda a respeito, que a indústria automobilística facilitava a prisão de seus operários? Que entregava os dirigentes sindicais, que fazia armadilha em São Bernardo em 1968/ 69 até 1974 para a polícia política penetrar nos aparelhos clandestinos e “arrebentar” os militantes a socos, a choques elétricos, a pau, não só o pau de arara???

Ora, ora, ora. Dinheiro essa Maria Rita tem. Afinal a mãe deixou os direitos autorais para os três filhos. E não é pouca coisa a grana que vem daí. E, além do mais, tem a sua própria carreira e um pai rico. Enfim... tudo aquilo que o capitalismo respeita: propriedade e direito à herança. Deve ter mais coisas aí do que sonha a minha vã filosofia. Como se explica? Mais dinheiro? Já é ganância demais! Passar por cima da honra de uma geração que foi morta, desaparecida, com sobreviventes cheios de sequelas físicas (como eu, por exemplo, que fiquei cega de um olho, por conta da tortura) e/ou psíquicas... Poderia ser uma explicação isso de querer ter um lugar ao sol na mídia? Causar polêmica para se destacar? Eu nem sei se essa cantora é midiática ou não. Nem me interessa. Tantas coisas por se fazer para recuperar um mínimo de direitos nesse país e voltar a respirar !!!! Vou lá me ligar a esses ataques e achaques de cantores????? Que cantem em outra freguesia!! Não era assim que dizíamos nos velhos tempos? Se mudou o jargão, usem o que IA propõe no momento, tão de moda estão os inventos. Mas não me venham dizer que é correto a criatura se emocionar com o encontro com a mãe com quem não conviveu, promovido pela Inteligência Artificial, se prestando a um papel de garota -propaganda de uma empresa que tão convenientemente se esqueceu de seu passado ABJETO. Não foi só aqui que a Volkswagen prestou serviços relevantes ao mundo obscuro da repressão. Também nos idos de 1939 a 1945, durante a guerra, na Alemanha nazi.

Melhor faria a Volks em indenizar todos que nunca viram seus pais, que sequer fios de lembranças possuem, porque nasceram depois da morte deles; morte provocada pela ditadura com a ajuda da empresa automobilística. E melhor seria essa cantora pensar no que faz para não ser lembrada como aquela que herdou a pior parte da mãe.

Mas, diante desse quadro macabro, eu pergunto: por que a música do Belchior? Por que exatamente a escolha recaiu em Belchior, cujas letras eram agressivas e visavam provocar a ditadura e suas vertentes?? Belchior (vide tese do mestrando Leandro Martan Bezerra Santos), ia além nas suas críticas: atingia parcelas da sociedade civil responsáveis pelo surgimento e sustentação do regime militar, sendo alvos a imprensa, os grandes empresários e industriais e as classes médias e altas urbanas, assim como todos aqueles que se resignavam perante o modelo político imposto. Para estes, Belchior mandava um recadinho através de sua composição. E uma delas é: “Por isso, cuidado, meu bem/ Há perigo na esquina/ Eles venceram e o sinal está fechado pra nós/ Que somos jovens”(Como nossos pais).

Tudo muito torcido. Onde está a família do compositor que autorizou o uso de sua música para fins tão pouco nobres? Dinheiro também? Não é à toa que Belchior a abandonou e se auto-exilou!!! Ele que quis cair fora do jogo do mercado e se recusou fazer comerciais, acabou caindo na trampa de familiares. Em 2009, recusou uma oferta milionária para participar da propaganda de uma marca de carro renomada que tinha um modelo retornando às lojas. Seria a Volkswagen?

Pois é, Belchior, “Eles venceram... “

 

Lucia Skromov



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ARTIGO

"No dia 23 de maio, tivemos mais uma live organizada pelo OVP-DH.

Nessa conversa, o quadro "Opinião em foco" trouxe um tema muito relevante para se compreender a importância da linguagem literária no contexto de uma sociedade desigual, como a brasileira. E para debater o assunto, tivemos a presença de Cassiano Bovo, que tem artigos acadêmicos sobre o tema e também uma produção literária como contos e crônicas. Tivemos, ainda, a participação da profa. Dra. Vera Vieira, historiadora e coordenadora do OVP-DH. A mediação ficou por conta do prof. Dr. Saulo César Paulino e Silva.


Quem é Cassiano Bovo?

Cassiano Ricardo Martines Bovo é graduado em Economia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1984), mestre em Economia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1992) e doutor em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2000); lecionou, de 1986 a 2018, em Instituições de Ensino Superior e em vários cursos (presenciais e EAD), disciplinas na área de Economia e Sociologia, com produção nessas áreas. É membro da Comissão Justiça e Paz de São Paulo. Já atuou como coordenador de núcleo de pesquisa, coordenador editorial de periódico científico, diretor de cursos superiores, membro de Conselho Editorial de periódicos acadêmicos, coordenador do escritório São Paulo da Seção Brasileira da Anistia Internacional, coordenador do Grupo de Ativismo São Paulo da Anistia Internacional, Organizador Nacional Estratégico da Anistia Internacional Brasil, membro de Conselho Superior e coordenador de Departamento de Pesquisa de IES. É autor dos livros “Anistia Internacional: roteiros da cidadania-em-construção” e “Os Correios no Brasil e a Organização Racional do Trabalho”, além de vários artigos sobre os mais variados assuntos.

 

A contribuição da linguagem literária em uma sociedade desigual


Para acessar a live, clique no link: https://www.youtube.com/live/C2nDt2FUPXI?feature=share


OPINIÃO EM FOCO - SÉRIE ESPECIAL

Neste “Opinião Especial”, apresentaremos uma série de artigos realizados em publicações nacionais e internacionais. Nessa perspectiva, o OVP-DH destaca dois textos escritos pela Profa. Dra. Vera Vieira, publicados respectivamente nos anos de 2023 e 2021.

 


Impeditivos para a democracia liberal na América Latina: violência institucional, negacionismo e terrorismo de Estado

Capa do livro - Terrorismo de Estado

 

O primeiro texto: “Impeditivos para a democracia liberal na América Latina: violência institucional, negacionismo e terrorismo de Estado”, páginas 187 – 219, foi publicado pelo selo “Brava Gente”, 2023, e se encontra disponível para download no link disponibilizado a seguir.

“Hegemonicamente, a produção historiográfica latino-americana sobre o Estado liberal e os temas a ele circunscritos, é que têm como parâmetro conceitos exarados de análises das formas que esse estado assumiu na Europa: democrático, republicano e social. Como não poderia deixar de ser, tais formações europeias suscitaram as mais variadas reflexões no mundo acadêmico e a formulação de conceitos extremamente pertinentes, os quais, por captarem a generidade que permeava as particularidades daqueles Estados, adquiriram estatuto de cientificidade para análises de realidades congêneres, em particular a latino-americana. Nossa premissa é a de que essa perspectiva analítica contribui para subsumir a evidência de que, em formações subordi nadas e dependentes, sob a égide do imperialismo e do neoimperialismo, os impeditivos para a vigência efetiva da democracia liberal são de tal ordem que não podem prescindir da convivência com as regras do Estado de Exceção, ou seja, da prática sistemática da violência institucional, do terrorismo de Estado e seu coetâneo negacionismo (...)”.

Acesse o artigo completo

 

Sobre o livro e onde comprar “Neste livro coletivo, organizado pelos renomados professores Lisandro Cañón e Jussaramar da Silva, você encontrará uma visão única e detalhada sobre o assunto. Com a contribuição de acadêmicos de nacionalidades diferentes, todos especialistas no tema, você terá acesso a uma compilação de artigos que apresentam uma análise rigorosa e profunda do Terrorismo de Estado em diferentes contextos internacionais. Se você está procurando entender os mecanismos desta forma de violência, este livro é obrigatório para a sua biblioteca. Não perca a oportunidade de conhecer as perspectivas de renomados especialistas sobre este tema complexo e crucial para a compreensão do mundo contemporâneo”

Compre Aqui

 


El lado más violento del Estado brasileño - La masacre del Carandiru en 1992 y impunidad

 

O segundo artigo é  “El lado más violento del Estado brasileño - La masacre del Carandiru en 1992 y impunidad”,  2021, publicado pela Imago Mundi, Buenos Aires Argentina. Para ler o artigo completo, clique no link a seguir.

“En este texto analizamos la violencia del Estado brasileño y la impunidad de los agentes institucionales involucrados en episodios que son denominamos masacres. Tomamos una de esas masacres como un ejemplo, entre las muchas semejantes que ocurren frecuentemente, en todo el territorio nacional, hasta los días de hoy. Este caso reconocido como la Masacre del Carandiru, adquirió repercusiones internacionales, y, ese a todos los esfuerzos de las entidades de derechos humanos, queda hasta hoy sin ninguna condena ni reconocimiento de responsabilidad por parte del estado. Optar por tratar este caso, nos permite además reflexionar sobre las condiciones de las prisiones en Brasil, pues las personas asesinadas estaban en una prisión estadual, o sea, bajo la custodia del estado (...)”.

Acesse o artigo completo

Acesse o estudo sobre o tema em PPT

 

Resenha sobre a obra “A lo largo de la historia de América Latina, las masacres perpetradas por los aparatos represivos del Estado en contra de los sectores populares han sido minimizadas, relegadas al olvido o distorsionadas por los gobiernos, medios de comunicación y sectores políticos. Sin embargo, durante el siglo XX sobrevino una verdadera explosión de rescate de la memoria social y popular en aquellos territorios que fueron escenario de dichas masacres. Surgieron numerosas organizaciones de memoria y derechos humanos que, de la mano de escritores, músicos, cineastas, dramaturgos, artistas plásticos, reaccionaron creativamente contra la política del olvido. Simultáneamente con este movimiento, la disciplina histórica comenzó a investigar las masacres y matanzas en Latinoamérica, por lo general, a partir de enfoques monográficos de carácter local y nacional. Faltaba, entonces, un estudio sistematizado de los procesos históricos que, a nivel continental, desembocaron en el exterminio masivo de obreros y campesinos a manos de agentes del Estado. Un estudio que, desde una perspectiva historiográfica, eludiera la tentación de la apología hagiográfica o de la crítica condenatoria al describir los procesos de toma de conciencia, politización y movilización de los sectores populares (...)”.  

Capa do livro - Massacres obreras y populares en America Latina
ARTIGO

O OVP-DH inaugura seu novo espaço 'Opinião em foco", onde o lugar de fala é lugar de tod@s. O primeiro artigo  que apresentamos é:  "Que cor? Que Pele? A cor da sua pele?', de autoria de Arlerandra de Lima Ricardo. A autora destaca-se pelos seus textos críticos e antenados com assuntos de importância atual,  relacionados à questões sociais, sensíveis ao tempo que vivemos.

 

Uma boa leitura para tod@s.


Que cor? Que pele? A cor da sua pele?

Sim, essa é uma pergunta que não queremos fazer, e muito menos falar a respeito, mas sim, isso importa! Fala de origens, de história e resistência.

Hoje gostaria de trazer um pouco da história do Ventre Livre (1871), Lei que deu direito às crianças nascerem libertas, porém tuteladas até os 21 anos! Maria Helena P.T. Machado no livro “Ventres livres? Gênero, maternidade e legislação. Brasil e Mundo Atlântico. Séculos XVIII e XIX”, nos faz refletir sobre o grau e profundidade do genocídio e violência étnica durante a gestação, nascimento e criação dos filhos de mulheres negras escravizadas.

A princípio quando as mulheres engravidavam, elas escondiam, abortavam ou ganhavam seus filhos nos recantos de resistência, também os entregavam para uma comadre ou fugiam e passavam o resto de suas vidas escondendo-se.

Isso se deu porque no parto as crianças desapareciam, diziam-lhe que havia morrido, que foi entregue na roda dos infortúnios, foi sequestrado por senhoras que não podiam ter filhos, foram lançados à rua ou vendidos em jornais. As despesas, cuidados e divisão do trabalho com o infanto não interessava aos senhores patriarcais, rurais ou industriais.

A mercantilização da mãe escrava e destronada, era certa: alugada para suprir outra criança com aleitamento. Enquanto elas eram silenciadas, oprimidas e chicoteadas, assim como obrigadas a servirem sem nada a reclamar, elas mostram sua indignação deixando as crianças chuparem seus dedos de fome, dando-lhes beliscões, cantarolando cantigas de ninar como: Boi, boi, boi, boi da cara preta, pega esse menino que tem medo de careta! Deixava-os no berço com bonecas e por aí vai.

A Lei do Ventre Livre impulsionou o aumento do abandono infantil, muitos recém-nascidos morreram por falta de cuidados e fome. A experiência da maternidade gerou um sentimento sombrio, de exploração, incerteza, abatimento e revolta. Nada comparado com algumas histórias de tortura. Uma certa mãe que viu seu filho de 8 anos morto em um caixão com muitas cicatrizes, queimaduras, cheio de escoriações provocadas por cordas, chicotes e outros instrumentos, pés e mãos inchados, hemorragia cerebral e outras coisas mais graves que prefiro não citar. Essas práticas de tormento levavam muitas crianças, homens e mulheres à morte!

Mas então vão dizer! Isso é coisa do passado, não vamos falar disso, isso não acontece mais! Engano!

A cada 23 minutos, um jovem negro é assassinado no Brasil. Segundo o Mapa da Violência, em 2016, 77% dos jovens assassinados no Brasil eram negros (Núcleo de Estudos da Violência - NEV).

Em 2022 o Anuário Brasileiro de Segurança Pública apresentou o elevado número de letalidade em decorrência de intervenções policiais e mortes em execução por encapuzados. O Amapá foi classificado como o estado do Brasil mais violento, são 17,1% por grupo de 100 mil habitantes; em segundo lugar o estado de Sergipe com 9%; terceiro Goiás com 8%; quarto Rio de Janeiro 7,8%; quinto Bahia 6,7%. São Paulo aparece como campeão de redução de mortes, 30% a menos, expressando 1,2% de letalidade a cada 100 mil habitantes. Bem sabemos que valeu a pena todas as denúncias promovidas pelo ministério público, órgão institucionais e acadêmicos responsáveis por denunciar as arbitrariedades policiais, entre eles o Observatório de Violências Policiais e Direitos Humanos (OVP-HD sediado na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) e (Núcleo de Estudos da Violência – NEV – Sediado na USP, entre tantos outros que pressionaram as policiais a usarem desde meados de 2020, câmeras corporais nas fardas dos policiais, além de outros protocolos e procedimentos para evitar casos de letalidade.

"Os batalhões que faziam parte do programa Olho Vivo apresentaram redução de -63,6% e -77,4% na letalidade provocada pelos PMs em serviço, ao passo que nos demais batalhões houve crescimento de 9,1% e 10,9%”.

 Ao longo das décadas, a letalidade gira em torno dos homens, adolescentes e jovens, pretos e pardos entre as vítimas, corresponde a 99,2% das vítimas do sexo masculino.

Com relação às vítimas, 52,4% tinham no máximo 24 anos quando foram mortos, entre 25 a 29 anos, ainda jovens, são mais 21,6%, seguindo em ordem decrescente até a faixa de 59 anos.

Não estamos em uma guerra declarada e nossa população masculina está sendo morta! Isso é alarmante. Precisamos mudar este painel! Precisamos garantir que esses jovens tenham melhores oportunidades, maior conhecimento, mais informação, políticas assertivas, políticas de reparação, oportunidades e igualdade!

Iguais. Porque o Brasil é plural, e precisamos resolver a pobreza, a miséria, as pessoas na linha de pobreza. Só assim poderemos dizer que algo mudou! Quando nós olharmos para trás e não sentirmos tanta vergonha, indignação, e não ficarmos mais de corações partidos.

Sobre a autora:


Vice-Reitor
Arlerandra de Lima Ricardo Possui Doutorado História Social (2013-2017) Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP), Mestrado (2007-2009) (PUC/SP) Especialização (2006-2007) História Sociedade e Cultura (PUC/SP) Graduação (2003-2006) História Centro Universitário Nove de Julho (UNINOVE) . Pesquisadora pelo Centro de Estudos de História da América Latina (CEHAL) e Observatório de Violências Policiais e Direitos Humanos (OVP/DH). Área de concentração historiográfica: História do Brasil, História da América Latina Contemporânea, Polícia Política, Direitos Humanos, Gênero e áreas correlacionadas. Experiência: Análise da violência institucional e violações aos direitos humanos, pesquisa documental e organização. Atualmente colabora como colunista no jornal Brazilian Times em Massachusetts-EUA.
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