Aula inaugural articula leitura, escrita e refúgio

Imagem de uma estante de madeira com diversos livros

Aula inaugural articula leitura, escrita e refúgio

 

Conferência do professor Leonardo Tonus, da Université Paris-Sorbonne, “A leitura e a escrita como (im)possíveis espaços de refúgio”, coloca em pauta questões sobre a alteridade, a impotência e a espetacularização do mal

 

Estatísticas sobre os refugiados no mundo, suas experiências e a reflexão sobre alteridade e impotência são alguns dos pontos de partida do professor doutor Leonardo Tonus, que leciona Literatura Brasileira Contemporânea na Université Paris-Sorbonne (Paris IV), para seu projeto atual de pesquisa. A convite dos Programas de Estudos Pós-Graduados em Literatura e Crítica Literária e em Língua Portuguesa da PUC-SP, Tonus falou sobre a inscrição do sujeito clandestino na literatura da atualidade durante a aula que inaugurou as atividades do 2o semestre letivo de 2018.

Num percurso que parte do sentido de urgência, das manifestações da memória coletiva e da ambivalência da capacidade humana de se comover e de ignorar, o pesquisador assinalou o número crescente de trabalhos sobre os refugiados na área dos Estudos Literários, especialmente na Europa. Na conferência, ele apresentou imagens de refugiados veiculadas pela imprensa para propor uma reflexão sobre a espetacularização do mal e a fetichização do discurso que, muitas vezes, às acompanha.

A alterização do sujeito observador, como bem pontuou Tonus, pressupõe um espaçamento entre esse sujeito observador e o sujeito observado ou narrado, “um desvio para que não haja cooptação, mas reconhecimento”. Como forma de ilustrar esse ponto de vista e a apropriação que se faz da tragédia dos quase 70 milhões de refugiados no mundo hoje, o professor apresentou fotografias divulgadas na/pela imprensa, releituras e ressignificações produzidas por artistas em exposições sobre o tema.

Segundo Tonus, que problematiza nesse contexto o narrador – enquanto  potencializador de objetos e desconstrutor de leitores –, o Brasil ainda tem poucos trabalhos literários que privilegiam o tema. Depois da conferência, Tonus respondeu a perguntas da plateia e autografou o livro de poesia Agora vai ser assim, sua primeira publicação ficcional, pela Editora Nós.

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