Pesquisa sobre fake news vira livro lançado na PUC-SP

Pesquisa sobre fake news vira livro lançado na PUC-SP

Pesquisadores do NEAMP lançam obra sobre comportamento do eleitorado paulistano perante as fake news nas eleições de 2020

 

Por Marina Jonas

Equipe PUC Check

 

No dia 2 de setembro, o livro “Fake News e Desinformação nas Eleições de 2020”, escrito por sete pesquisadores do NEAMP (Núcleo de Estudos em Arte Mídia e Política da PUC-SP): Rosemary Segurado, Tathiana Senne Chicarino, Desirrè Luíse Lopes Conceição, Carlos Raíces, Cláudia Ferraz, Fabrício Amorim e Katia Marchena, teve seu lançamento realizado na Pontifícia, Campus Monte Alegre.

A mesa do evento contou com a presença ilustre de duas pesquisadoras organizadoras do projeto, Rosemary e Tathiana, ambas Doutoras e Mestres em Ciências Sociais pela PUC-SP e atuantes na área de ciências políticas. Além disso, a mesa contou com a participação especial da Professora Pollyana Ferrari, Doutora e Mestre em Comunicação Social pela Universidade de São Paulo (USP). Assim como as eleições brasileiras de 2018 e as eleições norte-americanas de 2016, o período eleitoral municipal em 2020 foi altamente marcado pela difusão de notícias falsas nas redes. Inclusive, nesse ano o questionamento da segurança das urnas eletrônicas ganhou força. E, disseminada pela ultradireita, a temática passa a aparecer nos debates para desacreditar o processo eleitoral como um todo, pondo em xeque um dos principais pilares da democracia. O projeto que deu origem ao livro é justamente uma pesquisa que objetiva analisar a percepção e o comportamento do eleitorado paulistano sobre as fakes news e desinformação nas eleições municipais de São Paulo em 2020. A pesquisa, realizada em período eleitoral, focou tanto em eleitores progressistas quanto em conservadores, das mais diversas faixas etárias (dos 16 anos até os 56+).

Os pesquisadores empreenderam uma triangulação metodológica a qual contou com grupos de discussão - em que os participantes interagiam entre si e o moderador conduzia o diálogo - e, com entrevistas em profundidade. Para fazer a moderação, utilizaram-se de um roteiro semiestruturado, no qual foram apresentados aos entrevistados memes políticos que viralizaram na internet em cuja época o roteiro foi elaborado. Durante o lançamento, a mesa comentou sobre inúmeros temas relacionados à indústria da desinformação que vem crescendo nos últimos anos. As palestrantes começaram explicando que essa indústria lucra até bilhões com a disseminação de notícias falsas e seu intuito é difamar a imagem e credibilidade da imprensa, indo em sentido contrário ao que ela diz ser fato.

E esse fenômeno altamente lucrativo que é a desinformação, se não prevenido e combatido, pode facilmente acabar sobrepondo a informação produzida pela mídia de qualidade. Para entender melhor o que mudou em relação à desinformação e fake news desde as eleições de 2020 até os tempos atuais (também marcados por eleições), Rosemary Segurado diz que houve tanto mudanças positivas quanto negativas. Quanto às mudanças positivas, ela aponta que: "hoje em dia, o comportamento das pessoas em relação à fake news e desinformação está mais atento, pois a consciência delas sobre o significado do fenômeno foi ampliada desde as eleições de 2018 e de 2020, no caso da política, especificamente, e dos ataques à democracia. Além disso, as autoridades como o Tribunal Superior Eleitoral, diferentemente de 2018, quando mal sabiam o que estava acontecendo e como monitorar uma rede, em 2020 já tinham uma conduta melhor e agora, em 2022, se tornaram o centro do comando das eleições, o que é muito positivo.” E, completa: “Por último, apesar de ainda terem o que avançar, as plataformas digitais já melhoraram um pouco a sua conduta para o enfrentamento da desinformação desde as últimas eleições”.

Já em relação às mudanças negativas, Segurado diz parecer ter havido uma sofisticação dos mecanismos de produção e disseminação de fakes, como as deep fakes*, que já existiam e hoje estão cada vez mais sofisticadas, precisando de um técnico com muito conhecimento para poder distingui-las. Assim, o cenário atual, que é marcado pelas campanhas políticas, também é marcado pela alta disseminação de notícias falsas que, como vimos em eleições passadas, intensificam a polarização ideológica e criam ainda mais hostilidade nos debates políticos, até mesmo entre amigos e familiares. Portanto, é essencial pensar formas de enfrentar o fenômeno da desinformação nesse momento.

O enfrentamento se dá por meio de muitas iniciativas. Uma das mais práticas e fáceis é chamada pelas integrantes da mesa de silêncio estratégico, que é basicamente não contribuir com o compartilhamento de fake news, nem que seja para criticá-las ou comentar sobre elas. A regulamentação das plataformas digitais e projetos de lei de controle e responsabilização sobre as fakes news são algumas das iniciativas apontadas por Segurado. Dentre a lista, ela menciona a produção reflexiva como outra forma de combate, ou seja, a produção de debates e a publicação de artigos por estudiosos do tema, “para que o conhecimento e a capacidade das pessoas de discernir seja ampliada e, por fim, haja uma educação midiática além do ambiente escolar e universitário”.

*Deep fakes: fake news em formato de vídeos ou/e imagem; requer técnica mais elaborada e, por mais que sua disseminação não seja tão massiva, é muito difícil de discernir da informação original, enganando mais facilmente.

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