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BOLETIM CLÍNICO - número 3 - dezembro/1997

Boletim Clínico | Psicologia Revista | Artigos

9. Resumos dos Trabalhos Apresentados por Profissionais da Clínica Psicológica "Ana Maria Poppovic" Ao Xxvi Congresso Interamericano de Psicologia, Realizado na PUC-SP, de 06 a 11 de Julho de 1997

WORKSHOPS

1. O QUE É ÉTICO NAS TÉCNICAS DE FERTILIZAÇÃO. Aleotti, R.; Bragante, M.

O presente trabalho visa levantar questões sobre os aspectos biopsicosociais das técnicas de fertilização in Vitro. Uma das premissas éticas estabelecida em ciências aponta para o consentimento de ambas as partes para que o procedimento ocorra. Em se falando de concepção será que o consentimento mútuo é o único fator a ser levado em conta ou outras questões devem merecer reflexões mais aprofundadas? O trabalho pretende levantar questões através de discussões teóricas e dramatizações com os presentes. O objetivo do trabalho será o de levar seus participantes a discutir os pontos de conflito entre o desenvolvimento científico e a vida cotidiana dos indivíduos.

2. RETRAMATIZAÇÃO - A TRAMA INDIVIDUAL, GRUPAL E A AÇÃO DRAMÁTICA COMO AGENTE DE TRANSFORMAÇÃO: UMA PROPOSTA SOCIODRAMÁTICA. Bragante, M. - Brasil.

O autor parte da dificuldade encontrada para lidar com a questão do privado, tanto no psicodrama público quanto no sociodrama, considerando as possíveis conseqüências outras ou efeitos danosos que a exposição das questões mais internas e íntimas podem provocar em quem se expõe. Apresenta a Retramatização como forma que criou para trabalhar com sociodramas, visando proteger as pessoas para que A seus possam vir à tona sem que se identifique quem os trouxe. Propõe a inserção do processo criativo individual em um processo grupal, valoriza o texto escrito, a expressão teatral e dramática na inter-relação das vivências pessoais e a descarga emocional que a mesma propicia. A Retramatização permite que as pessoas possam relatar temas privados, particulares e pessoais, sem que os integrantes do grupo possam identificá-las.

O tema que cada um traz importa enquanto externalização de conflitos intrapsíquicos, como expressão das contradições entre temas as forças e hierarquias sociais, como retrato visceral das relações familiares e não só como vivência atribuída a um ou outro participante do grupo. Apresenta-se como uma possibilidade sociométrica na medida em que, usando a força grupal, RETRAMA permite uma profunda vivência e um questionamento das relações humanas. É apoiada nos fundamentos morenianos, permitindo e possibilitando o trabalho com espontaneidade e criatividade grupal, utilizando os recursos teatrais que tanto influenciaram Moreno.

SIMPÓSIOS


1. LA FAMILIA Y LAS PRACTICAS PARA LA ATENCIÓN DÈ LA FAMILIA EN EL FIN DE MILENIO Coord: Dora Fried Schmitman, Fundación INTERFAS, Argentina.

La familia como uno de los protagonistas de la producción de cultura y subjetividades, viene sufriendo aceleradas y profundas transformaciónes en la proximidad del nuevo milenio. Diversas circunstancias sustentan estas transformaciones que inciden - invisible pero intensamente - sobre la organización familiar e sus relaciones con ei entorno amplio.

Entre ellas podemos mencionar: Los cambios económico-culturales que influyeron en la transformación de la família nuclear - característica del desarollo industrial - hacia su expansión en nuevos diseños familiares ; EI desarrollo de nuevas tecnologias; Los cambios en el mapa geopolitco y social dei planeta; Los nuevos paradigmas científicos y tecnológicos de la cultura contemporánea; La emergencia de nuevas disciplinas ligadas a la atención de los conflictos de la familia y de sus relaciones; Las nuevas modalidades de atención de la salud familiar. Resulta indispensable dedicar nuestra atención a la compreensión de estas tranformaciones y de las consecuencias que ya operan, para activar su optimización en el cuidado de las familias y sus miembros.

Este simposio explorará aperturas creativas hacia estos nuevos desarollos, en las cuales los professionales y otras comunidades involucradas pueden tener una participación activa. Èste es el desafio del proximo milenio. l) Nuevas tecnologias, familia y subjectividad. Kenneth J. Gergen, Swarthmore College, EUA; Mary M. Gergen, Pensylvannia State University, EUA. 2) Identidad y Subjetividad. Estrella Joselevich, Universidad de Buenos Aires, Argentina; Carmen Lent, Comissão Nacional de AIDS do Ministério da Saúde, Brasil. 3) La Prestación colaborativa de Salud; el dilema entre las posiciones centradas en visiones exclusivamente económicas con critérios bio-psicosociales. Donald Bloch, presidente de la American Family Therapy Academy (AFTA ). 4) Construcción de una cultura para el cuidado da familia. Formulación de un diseño participativo y resposable en la construcción de futuros para la regjón. Dora Fried Schmitman, Fundación INTERFAS, Universidad de Buennos Aires, Argentina. 5) Da Família à Família de Cada Um. Rosa M. S, de Macedo, PUC-SP, Brasil; Héctor Fernández Álvarez, AIGLÉ, Universidad de Belgrano, Argentina. 6) Debate. Peter Lang, Londres.

2. TERAPIA BREVE FAMILIAR: UMA QUESTÃO EPISTEMOLÓGICA E METODOLÓGICA
. - Macedo, R.M. (coord.); Hirsch, H.; Galano, M.; Omer, H.

Este simpósio discutirá os princípios teóricos e técnicos da Terapia Breve com Famílias e casais, considerando sua aplicabilidade, adequação e eficácia, tendo em vista as contingências contextuais da vida moderna e a decorrente necessidade de mudança do ponto de vista ontológico, epistemológico e metodológico para tratar os problemas humanos.

Rosa Maria Macedo - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Brasil – Mudança de Paradigma e Terapia Breve; Hugo Hirsch - Centro Privado Psicoterapia- Buenos Aires, Argentina - Psicoterapia Breve: Por que y Como;Monica Galano - Universidade Paulista de São Paulo, Brasil - Da Linguagem do Paciente às Novas Narrativas; Haim Omer - Universidade de Tel Aviv, Israel - As Funções e Modalidades do Foco Terapêutico em Terapia Breve.

3. PSICOSSOMÁTICA E TERAPIA FAMILIAR: POSSIBILIDADES DE ESTUDO E ATUACÃO NA ATUALIDADE – Neder, M. – PUC/USP e Núcleo de Estudos de Terapia familiar da Div. de Psicologia - HC/USP, São Paulo.

A experiência de Terapia de Casal e Família pela abordagem sistêmica estende-se, entre outras áreas, à área hospitalar, onde tem se mostrado de grande abrangência, tanto no aspecto terapêutico quanto no preventivo. O processo global desta conduta terapêutica permite que Saúde e Doença sejam resignificados, com mudanças de importância para o ajustamento familiar.

A família pode adotar sistemas vinculares mais flexíveis, onde não seja mais necessária a existência de sintomas psicossomáticos, em um ou mais de seus membros. A vida relacional familiar e do casal mobiliza forças individuais interacionais direcionadas à Saúde.

Este simpósio apresentará diferentes questões clínicas hospitalares, abordadas sistemicamente na terapia de casal e de família:

ALCANCES DA TERAPIA FAMILIAR COM PACIENTES PSICOSSOMÁTICOS. Scappaticci, A.L. S.S. - Scuola Romana di Psicoterapia Familiar, Itália). Ilustra, através de casos clínicos italianos, a metodologia deste modelo epistemológico em que consiste a Terapia Familiar para pacientes psicossomáticos.

A TERAPIA DE CASAL E FAMÍLIA EM CLÍNICA UROLÓGICA. Felício, J.L. – Div. Psicologia e Div. de Urologia, IC do Hospital das Clínicas - Fac. de Medicina/USP Aborda a prática de Terapia Familiar, visando a adaptação psicológica de pacientes com mal formação com gênita, câncer ou distúrbios sexuais.

MOBILIZAÇÃO DE FAMÍLIAS DE PACIENTES HOSPITALARES À TERAPIA FAMILIAR. Neder, C. R.; Hosp. Alemão 0swaldo Cruz, São Paulo/SP. Discute, especialmente, dificuldades na mobilização e aderência de famílias ao processo terapêutico em situação institucional.

A TERAPIA DA FAMÍLIA DO PACIENTE TERMINAL HOSPITALAR NO DOMICÍLIO. Neder, M. - PUCSP e Núcleo de Estudos de Terapia Familiar da Div. de Psicologia-ICHC- Fac. de Medicina/USP Aponta a evolução comportamental dos familiares nesse processo de vida/morte até a reorganização familiar pós-morte.

4. ATUALIZAÇÃO NA ABORDAGEM PSICOLÓGICA DOS DOENTES TERMINAIS. - Bromberg, M.H. (Coord) - PUC-SP, Brasil.


A questão do que deve ser oferecido ao ser humano em sua fase final de vida aponta aspectos polêmicos, do ponto de vista clínico, ético e profissional. Muitos pesquisadores têm considerado, em sua prática clínica, esses aspectos, de maneira a chegar a uma atitude que privilegie a qualidade de vida, quando o que se busca não é mais a cura da doença.

Este simpósio apresenta experiências transculturais relativas à questão em diferentes situações-limite. Objetiva trazer à discussão essas experiências, levando em conta aspectos culturais relacionados ao processo de vida e morte, em suas diferentes facetas, do ponto de vista do paciente, do familiar, do profissional da Saúde.

Alcira Martorelli, da Argentina (Univ. de La Plata), abordará a possibilidade do paciente administrar o próprio processo de vida e morte, como forma de resolução do temor da morte. Virgínia Viguera, da Argentina (Univ. de Buenos Aires) abordará o tema do envelhecimento e morte, associando-o à questão das reminiscências como meio de resolução do luto. Cesar Castellanos, da República dominicana (Univ. INTEC, São Domingos) discorrerá sobre a atitude das equipes de Saúde nos hospitais, frente às doenças terminais e à morte. Maria Helena Bromberg, do Brasil (Pontifícia Univ. Católica de São Paulo) lidará com aspectos relacionados à qualidade de vida do paciente terminal de câncer ou AIDS.

MESAS REDONDAS

1. CONSTRUTIVISMO E TERAPIA FAMILIAR: REFLEXÕES SOBRE QUESTÕES EPISTEMOLÓGICAS E DA PRÁTICA CLÍNICA. Grandesso, M. A. - Núcleo Família e Comunidade do Programa de Estudos Pós- Graduados em Psicologia Clínica da PUC-SP; Professora e Supervisora do Curso de Especialização em Terapia familiar e de casal da PUC.SP e Supervisora de Terapia Sistêmica: Família, casal e indivíduo da UNIP-Universidade Paulista - São Paulo

Os avanços no campo da Terapia Familiar dentro de um marco referencial Pós-Moderno, suscitam questionamentos referentes à utilidade e pertinêcia dos seus conceitos fundacionais, bem como da prática clínica condizente com essa nova abordagem. Sistêmico - Cibernético - Construtivista: como se articulam as convergências e diferenças entre seus aportes epistemológicos e metáforas teóricas? Além disso, se por um lado, a referência ao paradigma da Pós-Modernidade, valida uma dada concepção epistemológica e ontológica, não é por outro lado, suficiente para articular as justaposições, sobreposições e contraposições entre as diferentes narrativas e práticas clínicas ditas Pós-Modernas.

Nesse sentido, faz-se relevante uma aproximação entre uma terapia familiar construtivista e uma terapia familiar construcionista social, quanto às suas diferenças e convergências. Poderíamos nós, dentro desta delimitação, referirmo-nos a uma Terapia Familiar Construtivista e a uma Terapia Familiar Construcionista Social, ou teríamos nós que considerarmos uma pluralidade de práticas terapêuticas em cada uma dessas abordagens? Esta mesa redonda propõe-se como um espaço aberto para a reflexão e discussão destas questões teóricas, bem como da prática terapêutica a elas associadas, com ênfase nas suas narrativas e intervenções.

CONTEXTUALIZANDO O CONSTRUTIVISMO NO MARCO REFERENCIAL DA CIÊNCIA CONTEMPORÂNEA. Esteves de Vasconcelos, M. J. - Psicóloga, Mestre em Psicologia, Terapeuta de Família, EquipSIS - Equipe Sistêmica, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil

Dada a recente e ampla disseminação, na área da terapia familiar, das idéias e propostas construtivistas, muitas perguntas têm sido colocadas sobre as relações entre as bases sistêmico-cibernéticas dessa terapia e o construtivismo. Propõe-se então um quadro de referência da ciência contemporânea que, explicitando seus pressupostos epistemológicos, permite contextualizar o construtivismo e responder às referidas perguntas. Evidenciam-se, assim, as convergências e as possibilidades de integração que caracterizam o novo paradigma da ciência e, portanto, a terapia familiar novo-paradigmática.

A POSTURA E A ÉTICA DO TERAPEUTA ALÉM DAS DIFERENTES ABORDAGENS TEORICAS.
Pereira, M.F. - Família e Formação e Pesquisa em Terapia Sistêmica São Paulo - Brasil

Este trabalho aborda a postura e a ética do terapeuta, independente dos referenciais teóricos utilizados. A relação terapeuta-cliente implica: uma relação afetiva que legitima as emoções das pessoas envolvidas, um diálogo que favoreça a criação de novos significados e uma postura do terapeuta responsável e coerente com sua epistemologia. As abordagens construtivista e construcionista social apresentam conceitos teóricos que podem fundamentar e que permitem a reflexão destes pressupostos.

NARRATIVAS SOBRE A PRÁTICA TERAPÊUTICA DA INSTRUÇÃO À CONSTRUÇÃO. Rapizo, R. - Psicóloga, terapeuta de família, mestre em Psicologia clínica, membro fundador do ITF-RJ, coordenadora da formação ITF-RJ, editora da revista Nova Perspectiva Sistêmica, autora do livro Terapia sistêmica de família: da instrução à construção.

A chegada dos aportes vindos do construtivismo e do construcionismo social na terapia de família, vem implicando em reflexões e transformações nas narrativas correntes sobre seus fundamentos. As bases em que se sustentam definições, como a de terapia e da identidade do terapeuta, tem sido amplamente questionadas. Aspectos tocados por essa discussão são a ação e intervenção do terapeuta, sua relação com seus clientes e os critérios pelos quais baseia suas decisões. Este trabalho pretende apontar algumas questões relevantes em relação a tais aspectos e lançar uma discussão. A argumentação sugerida pela autora segue menos pelo caminho da reflexão sobre a técnica da terapia de família e mais pelo da coerência entre a postura epistemológica assumida pelo terapeuta e sua prática, redefinindo e relocalizando sua técnica, sua ética e sua identidade como terapeuta.

2. A ATIVIDADE LÚDICA DA CRIANÇA NO CONTEXTO DA INTERNAÇÃO HOSPITALAR. Tosta, R.M. Ver texto integral

ATENDIMENTO PSICOLÓGICO NA ENFERMARIA DE PEDIATRIA DE HOSPITAL PÚBLICO. Ramalho, M.A.N.; Clínica de Pediatria, Hospital Brigadeiro - SUS, São Paulo - SP

O objetivo deste trabalho foi demonstrar o tipo de atendimento psicológico oferecido às crianças hospitalizadas (idades entre 1 mês e 12 anos) e seus acompanhantes (mãe, pai ou pessoa da confiança do paciente), cuja tônica é a abordagem global. O fator sócio-econômico-cultural e familiar é considerado como fator determinante para inserção no contexto hospitalar e facilitador ou não, no enfrentamento da situação doença-hospitalização. Já na internação, ao receber a criança e seu acompanhante, o Psicólogo apresenta-se e explica sua atividade, propondo o atendimento.

Nesse momento, já se inicia a atividade preparando a criança para os procedimentos iniciais, como por exemplo, a punção venosa explicando-se as razões desta. A partir daí, as crianças e acompanhantes são convidadas a participar de grupos com atividades lúdicas. Ressalta-se a importância do acompanhante para manter o vínculo afetivo, dando segurança ao paciente. São ensinadas técnicas para brincar e educar a criança com base afetiva. Em determinados casos, são realizados atendimentos individuais. Além disso, as mães recebem orientação quanto à relação e ao planejamento familiar. A partir da implantação destes procedimentos, tem-se obtido maior adaptação do binômio paciente-acompanhante ao ambiente hospitalar, compreensão das condutas médico-terapêuticas, adesão ao tratamento pósalta e melhor bem estar psico-emocional.

EFICIÊNCIA DO TRATAMENTO HOMEOPÁTICO NUMA CRECHE EM SÃO PAULO. Ramos, M.F.P.; Bearzi, G.; Armani, M. - Associação Paulista de Homeopatia, Brasil

Na Homeopatia temos uma visão ampla da criança enferma. Observa-se experimentalmente que o medicamento homeopático atua na esfera mental e/ou física. Podemos medicar os sintomas mentais e físicos concomitantes ou subseqüentes. O objetivo desse trabalho é documentar a eficiência do tratamento homeopático num estudo duplo cego com placebo e medicamento homeopático.

Foi feito: 1. anamnese homeopática com as mães e com as professoras, documentando antecedentes familiares ; 2. Avaliação nutricional e ocorrência clínica de anemia; 3. Medicação; 4. Observação das mudanças físicas e mentais ocorridas ao longo do ano com troca do medicamento se necessário. Concluímos que a homeopatia pode ser utilizada com bons resultados. Foi comprovado estatisticamente com o teste do Q quadrado com nível de significância de 3,8.

A FAMÍLIA DIANTE DA CRONICIDADE DE UMA DOENÇA INFANTIL. Kato, R.A.F.; PUCSP

O presente trabalho, desenvolvido no programa de pós-graduação/núcleo família e comunidade da PUCSP, refere-se ao relato de um caso clínico selecionado com finalidade de pesquisa tendo como referencial a teoria sistêmica. Apoiado na literatura e na experiência clínica da autora , pode-se constatar que falar nessa família é referir-se a todas aquelas que se superorganizam em torno de algum padrão de cronicidade a despeito de conteúdos específicos que as diferenciam, mas que apresentam a mesma configuração no que se refere à doença como elemento organizador dos padrões relacionais intra e extra-familiares.

Constata-se que a ênfase no dano orgânico por parte dos profissionais envolvidos nos diversos atendimentos a que se submete a criança portadora de doença crônica e sem a devida atenção aos aspectos psicológicos afeta profundamente o sistema familiar e compromete a sua competência. Na prática clínica ainda ocorre uma acentuada tendência a se creditar muito maior poder ao componente orgânico de provocar deficiência e interferir no desenvolvimento do paciente do que às disfunções do sistema familiar que por sua vez , por si só podem prejudicar a autonomia do paciente identificado, uma vez que a abordagem eminentemente orgânica induz a um tipo de maternagem alternativa numa linha de atuação bastante técnica e de co-dependência , especialmente se a díade mãe/criança passar a negligenciar a ampla rede de relações intra / extra familiar pela dificuldade em lidar com a ansiedade crônica que permeia o sistema.

Embora exista por parte da comunidade científica um reconhecimento de que vicissitudes da paternidade/maternidade formam um conjunto de influências bastante poderoso e que mudanças nas pautas de conduta dos pais, por sua vez, influenciam as estratégias de enfrentamento adotadas na criação dos filhos ainda há inúmeras razões tanto de ordem prática quanto teórica a serem aprofundadas tanto no sentido da busca de modelos de atuação que levem em conta os recursos de enfrentamento/competências individuais, quanto no sentido de compreender como lidar com as crises emergentes.

3. "METAFRAMEWORKS": SUBSÍDIOS TEÓRICOS E APLICAÇÕES CLÍNICAS. - MckUNE-kurrer, B.M.

Metaframeworks é um aporte dentro da terapia Familiar que transcende os vários modelos e teorias existentes no campo, procurando, dentro de uma perspectiva de meta, integrá-los em um sistema operacional. Sua aplicabilidade vem sendo testada com sucesso nos últimos 10 anos pela equipe do Institute for Juvenile research, em Chicago e chega como uma valiosa contribuição para os terapeutas familiares.

Os metaframeworks se baseiam em 4 componentes:

1) pensamento sistêmico
2) pressupostos que se mantém constantes, independente do foco terapêutico
3) os seis metaframeworks
4) um esquema operacional para o contexto da terapia.
Os seis domínios sobre os quais estão ancorados os metaframeworks são: os processos internos, as seqüências, a organização, desenvolvimento, cultura e gênero.

"METAFRAMEWORKS": SUBSÍDIOS TEÓRICOS E APLICAÇÕES CLÍNICAS.
- Cerveny, C.M.O..- PUC-SP

O campo da Terapia Familiar é sem dúvida um dos que mais tem se desenvolvido, se pensarmos que os primeiros trabalhos sistemáticos ou os primeiros esboços de teorias datam de somente 50 anos. Relativamente novo portanto essa área de conhecimento ainda está descobrindo e reformulando conceitos, fazendo revisões de posicionamentos, mesmo porque seu objeto de estudo, a Família, como entidade dinâmica que é, tem sofrido nessas últimas décadas, intensas modificações relacionadas com o social, econômico, cultural e outros contextos.

O aparecimento dos "Metaframeworks" como esquema organizador no contexto da Terapia Familiar pode ser visto, historicamente, como resultados dessas revisões e reformulações, dos trabalhos desenvolvidos ultimamente, e da maturidade da própria Terapia Familiar. Pretendemos nessa Mesa Redonda, fazer uma reflexão sobre a etapa do ciclo em que se encontra a Terapia Familiar, correlacionando-a com os esquemas propostos nessa nova categoria.

"METAFRAMEWORKS": SUBSÍDIOS TEÓRICOS E APLICAÇÕES CLÍNICAS. - Cunha-Bueno, H.

Nesse trabalho pretendemos apresentar o esquema operacional da aplicação dos "metaframeworks" no contexto terapêutico. Este esquema se compõe de quatro aspectos básicos do processo terapêutico, que são intrinsicamente recorrentes e relacionados entre si, a saber: a) formulação de uma hipótese, baseada em um ou mais "metaframeworks" sobre o funcionamento de um sistema familiar; b) planejamento de uma ou mais formas de intervenções terapêuticas; c) maneira pela qual esta intervenção é feita em diferentes momentos; d) uma leitura do feedback apresentado pela família, que por sua vez irá confirmar ou modificar as hipóteses inicias. A apresentação de um vídeo mostrará de maneira prática os "metaframeworks".

4. A INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA DENTRO DE UMA PERSPECTIVA DE INTEGRAÇÃO PSICOFÍSICA: NOVAS ÁREAS PARA UMA ANTIGA PROPOSTA. Farah, R.M. (Coord. ) - Ver texto integral.

TRABALHO CORPORAL NUM POSTO DE SAÚDE DA PERIFERIA DE SÃO PAULO. Assaly, R.C.H. - Ver texto integral.

UM TOQUE A QUATRO PATAS. Fuchs, H. - Ver texto integral.

TRABALHO CORPORAL EM EQUIPES ESPORTIVAS: MAIS UM ESPAÇO DE INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA.
Rubio, K. - Ver texto integral.

A PEDRA E O MASCATE - UM MODELO DE INTERVENÇÃO PSICOEDUCACIONAL EM REGIÕES CARENTES.
Carvalho Neto, F.F. - Ver texto integral.

5. VELHICE DO FIM DO SÉCULO: PENSANDO EXPERIENCIAS VOLTADAS PARA O PÚBLICO IDOSO. - Lopes, R.G.C. (Coord.)

Objetivo : Pretendemos estimular a reflexão sobre desafios de ações voltadas para o idoso, seus resultados acadêmicos e possibilidades de intervenções nas políticas públicas.

DEMÊNCIA, FAMÍLIA E SOCIEDADE: EXPERIÊNCIA DE TRABALHO COM FAMILIARES DE PORTADORES DE ALZHEIMER NA ABRAZ. Goldfarb, D.C. - ABRAz

As doenças demenciais constituem hoje a terceira causa de morte de idosos. Em primeiro lugar, isto se explica pelo envelhecimento populacional, e seguidamente, pela falta de lugar para o idoso em nossa sociedade que o impele a uma vida sem sentido e o empurra à depressão. As estatísticas anuais mostram que 15 % da população de mais de 65 anos sofre algum tipo de demência, número que sobe para 50% se considerarmos os maiores de 80 anos. Estes dados representam um verdadeiro desafio para a Saúde Pública, se considerarmos o constante crescimento desta faixa etária.

O relato está baseado na experiência com grupos de familiares de portadores de demência que acontecem uma vez por mês na Associação Brasileira de Alzheimer desde o ano de 1993. A irrupção da demência no grupo familiar e social promove uma série de modificações do mesmo, que não está preparado para acolher um doente que exige cuidados especiais em tempo integral. Por se tratar de uma doença progressiva e de evolução prolongada, poderemos analisar as angústias e os ajusto que acontecem nas diferentes fases da doença tanto no doente quanto no familiar e cuidador, e refletir sobre as diferentes estratégias para enfrentar esta verdadeira "epidemia silenciosa".

CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DOS RESULTADOS DO TRABALHO DE CONSCIENTIZAÇÃO CORPORAL EM GRUPOS DE IDOSOS. - Watanabe, M.L. - Clínica Psicológica da PUC-SP.


Este trabalho iniciou-se na Clínica Psicológica da PUC-SP, no qual se procurou usar técnicas de sensibilização corporal no atendimento a grupos de idosos, com objetivo de desenvolver mais a sua auto-percepção em relação ao corpo e aos dinamismos internos (ex. : angústia, culpa, depressão, rigidez). Desde 1991, foram realizados três grupos, com no máximo cinco pacientes em cada. A maioria dos participantes era do sexo feminino; um do sexo masculino participou do primeiro grupo. As idades eram ao redor dos sessenta anos e a escolaridade ia desde o grau de semi-analfabetismo ao grau superior.

Os estados civis eram: casada, viúva e solteira. O nível sócio-econômico variava de classe baixa à média. O último grupo passou a ser atendido em consultório particular após ter ficado dois anos na Instituição. Anualmente, uma paciente permanece em atendimento individual. As técnicas de respiração, do desenho do próprio corpo, da filmagem, entre outras, foram utilizadas no processo. Após análise qualitativa, observou-se que os grupos apresentaram crescente desenvolvimento da auto-percepção e da percepção dos dinamismos internos.

OFICINA DE ORIENTAÇÃO E REVISÃO DO PROJETO DE VIDA. - Lopes, R.G.C. ; Medeiros, S.A.R.; Mercadante, E.F. - NEPE-PUC/SP (Núcleo de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento)

O ingresso no tempo do não trabalho, provoca crise de identidade para aqueles que a vivenciam. Isto se dá pelo fato de ser um tempo marcado por perdas - econômica, social, política, afetiva - que englobam a vida dos sujeitos como um todo. As Oficinas de Orientação representam um espaço onde estas questões relativas as perdas podem ser refletidas. Objetivam despertar e reforçar a construção de novas categorias de pensamento sobre o envelhecimento e possibilitar a elaboração de um novo projeto de vida para o tempo do não trabalho. Através de jogos dramáticos, recursos audiovisuais, projeções de filmes, textos literários e discussões teóricas os participantes elaboram seus respectivos projetos.

As oficinas se desenvolvem em oito encontros consecutivos, durante um período de dois meses, tendo cada encontro a duração de três horas. Os dados colhidos indicam as oficinas como um instrumento adequado para o trabalho com o segmento idoso, uma vez que provoca mudanças no pensamento e na ação. A reflexão e a ação dos idosos sugerem a necessidade de uma maior visibilidade deste segmento que só poderá ocorrer pela ação coletiva dos próprios idosos na família, sociedade e Estado.

GRUPO DE MOVIMENTO: EXPERIÊNCIA COM PROFISSIONAIS DE SAÚDE, NA DISCIPLINA DE PÓS GRADUAÇÃO - 'SAÚDE PÚBLICA E ENVELHECIMENTO HUMANO COM ÊNFASE NO AUTOCUIDADO'. - Cafizares, P.N. ; Dernt, A.M.; Almeida, M.H.M. - Faculdade de Saúde Pública da USP

Apresenta-se a experiência de grupo de movimento onde os alunos vivenciaram sua aplicação para o autocuidado voltado para a população idosa. Objetiva-se o resgate do próprio corpo como fonte de prazer e de autoconhecimento, através de técnicas e exercícios próprios da psicoterapia corporal, apoiados na teoria e na prática reichiana e neo-reichiana. Despertar e estimular a conscientização corporal, aumentando a auto percepção.

O grupo foi realizado em oito sessões com duração de uma hora e trinta minutos de vivência. Após cada sessão relataram os diferentes resultados emocionais vividos. Num segundo momento, avaliaram a experiência para as especificidades do idoso, como forma de motivação e desenvolvimento da capacidade para o autocuidado. Concluiu-se a validade da abordagem, que tem como princípio o respeito as possibilidades, limites e ritmo próprio de cada participante.

6. ATUALIZAÇÕES EM PSICOSSOMÁTICA. Neder, M. (coord.) - Núcleo de Psicossomática e Psicologia Hospitalar da PUC-SP; Bettarello, S. MIP - (Movimento Interdisciplinar de Psicossomática); Briganti, C. MlP - (Movimento Interdisciplinar de Psicossomática); Carvalho, M.M. - Instituto de Psicologia da USP; Ramos, D.G. - Núcleo de Psicossomática e Psicologia Hospitalar da PUC-SP.

Novos modelos de compreensão do fenômeno psicossomático serão apresentados à luz das teorias de W. Reich, M. Erickson e C. G. Jung. Serão especialmente enfatizados os temas: a morte do homem - novos paradigmas sobre a subjetividade, a perspectiva filogenética do corpo, a hipnoterapia e a função simbólica na modificação do relacionamento psique-corpo.

MOVIMENTO INTERDISCIPLINAR DE PSICOSSOMÁTICA. A MORTE DO HOMEM. NOVOS PARADIGMAS SOBRE A SUBJETIVIDADE. - Bettarello S. – MIP MOVIMENTO, INTERDISCIPLINAR DE PSICOSSOMÁTICA. A PSICOSSOMÁTICA, DESDE A PERSPECTIVA FILOGENÉTICA DO CORPO. REICH E A RE-CONSTRUÇÃO DE UMA ANATOMIA FANTÁSTICA. – Briganti, C. – MIP MILTON ERICSON E PSICOSSOMÁTICA. - Carvalho, M.M. - Instituto de Psicologia da USP.


Ericson desenvolveu um grande número de trabalhos de hipnose e hipnoterapia na linha da investigação de fenômenos psicossomáticos. Para Ericson, a hipnoterapia é uma forma especial de comunicação e cooperação que visa estimular mudanças significativas na realidade experiencial do paciente, através de estados hipnóticos em diferentes graus.

A FUNÇÃO DO SIMBOLO NO FENÔMENO PSICOSSOMÁTICO. - Ramos, D.G. Núcleo de Psicossomática e Psicologia Hospitalar da PUC-SP.
As pesquisas sobre a transdução de informações de um sistema para outro dentro do organismo vem revelando o papel fundamental do símbolo no processo de formação de sintomas orgânicos e psíquicos.

7. MATERNIDADE EM CRISE: ASPECTOS EMOCIONAIS DA GESTAÇÃO DE RISCO. Tedesco,J.J. Obstetra de São Paulo
Objetivo: Aportar elementos que favoreçam a reflexão crítica dos profissionais que trabalham com gestantes, enfocando-se situações de risco físico e emocional.

A VIVÊNCIA DA GRAVIDEZ DE RISCO Quayle, J. - Divisão de Psicologia e Divisão de Clínica Obstétrica do HCFMUSP
Serão abordados aspectos considerados "de risco" físico ou psicológico, entre os quais salientamos: gestação associada a patologias maternas (HIV, diabetes, problemas psiquiátricos) e fetais, gestação pós FIV/redução embrionária, à luz da teoria de crise e de dados nacionais. A importância do acompanhamento psicológico de pacientes e seus familiares, neste contexto, será discutida a partir de casos clínicos.

GRAVIDEZ E PSICOSSOMÁTICA. Mortgomery, M. - SÃO Paulo.
Será feita uma reflexão sobre o sentido do sintoma psicossomático na gestação e sua relação com a maternidade e a paternidade.

PERDAS GESTACIONAIS E NEONATAIS: A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGOGO. Marques, C.. Serviço de Saúde Mental do Hospital Vila Nova Cachoeirinha de São Paulo.

Será discutida a importância da atuação do profissional de saúde mental junto à gestante à puérpera que vivenciam perdas gestacionais e neonatais, considerando a necessidade de elaboração da perda sofrida, o contexto do ciclo gravídico-puerperal e o processo de luto, a partir do trabalho desenvolvido junta a este tipo de população.

GESTAÇÃO NA ADOLESCÊNCIA E VÍNCULO MATERNO-FILIAL- Kahhale, E.M.P. – PUC-SP e Divisão de Psicologia do HCFMUSP.
A partir do trabalho realizado com 91 gestantes adolescentes no "Programa de Assistência e Educação à Adolescente Grávida" do HCFMUSP entre 1991 e 1994, é descrito o desenvolvimento da relação materno-filial entre casais adolescentes durante o período gestacional e suas repercussões na constituição do núcleo familiar.

8. FORTALECIMENTO EGÓICO OBSERVADO EM INDIVÍDUOS IIDOSOS SUBMETIDOS À PSICOTERAPIA GRUPAL EM CLÍNICA ESCOLA - Henriques, M.A.L.; Carvalho, S.M.; Lopes, R.G.C. - Clínica Psicológica "Ana Maria Poppovic" PUC-SP
As inúmeras perdas pelas quais os indivíduos passam ao longo da vida parecem fazer com que se retraiam do medo “descatexizando-o" . O presente trabalho se refere ao atendimento psicoterapêutico a um grupo de terceira idade. Teve como objetivo criar condições para que os participantes expusessem conflitos e ansiedades decorrentes da idade avançada. Trata-se de um grupo constituído por 7 pessoas ( 6 mulheres e um homem, com mais de sessenta anos, que se reuniram durante um ano, uma vez por semana, com sessões de uma hora e meia, nas dependências da Clínica Psicológica da PUC-SP.

Constatou-se que os participantes encontram meios de elaborar alterações, como mudanças orgânicas e falecimento ou afastamento de entes queridos, no desenvolvimento da possibilidade da escuta do outro. A vivência de impotência frente à explicitação destes conteúdos manifesta-se através de estados depressivos grupais: faltas, sono, conversas paralelas, falas compulsivas. O grupo psicoterápico para idosos propiciou o fortalecimento da autoestima através do intercâmbio de vivências, reflexão dos conteúdos individuais e coletivos e possibilidade de revisão e elaboração de projetos pessoais.

Continuação...