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BOLETIM CLÍNICO - número 3 - dezembro/1997

Boletim Clínico | Psicologia Revista | Artigos

9. MEDIAÇÃO: UMA RE-ORGANIZAÇÃO DOS VÍNCULOS - (Coord.) Galano, M. H. PUC-SP Brasil
A mediação é uma nova maneira, informal e privada, onde um terceiro ajuda as partes em conflito a resolver uma disputa, de uma forma cooperativa protegendo os vínculos (familiar, contratual, societários, comunitários) criando soluções criativas em acordo com as necessidades específicas das partes. Oferecendo um contexto de reconstruções e reposicionamentos eficazes, substituindo uma lógica conflitiva por uma lógica consensual. O objetivo desta mesa redonda é dar a conhecer esta nova maneira de resolução de conflitos, suas bases epistemológicas, sua inserção dentro do sistema judicial, suas técnicas e estratégias de ação.

MEDIAÇÃO: DO VERBO AO SUSTANTIVO. - Galano, M.H. PUC-SP Brasil
As mudanças pelas quais o mundo tem passado nas relações de poder, seja no âmbito privado, seja no âmbito público, apontam a necessidade de entender e legitimar as diferenças. Especialmente quando elas geram conflitos. Nova formas de enxergar a realidade e novos paradigmas nos faz perguntar sobre a sobrevivência dos vínculos quando a disputa se configura. Como reformular compromissos, direitos e deveres? Como dividir patrimônios físicos e emocionais?

A mediação é uma nova maneira, informal e privada, onde um terceiro ajuda as partes em conflito a resolver uma disputa, de uma forma cooperativa protegendo os vínculos (familiar, contratual, societários, comunitários), criando soluções criativas em acordo com as necessidades específicas das partes.

O PANORAMA DA MEDIAÇÃO NA ARGENTINA. - Santi, W. - CIF (Centro de Investigação Familiar) - Buenos Aires Argentina
Os pioneiros na Mediação na Argentina estão conectados com as Varas de Família e os Tribunais. Os advogados e psicólogos estiveram presentes na experiência piloto que se realizou em 14 Varas Civis e 6 Varas da Família na Capital. O processo da implantação do Modelo de Mediação para a resolução de conflitos judiciais vem sendo apoiado pelo Ministério da Justiça desde 1992, com a Comissão de Mediação criada por decreto. A organização de diversos Centros de Resolução de Disputas e a atuação dessa forma alternativa tem-se expandido a outras áreas. O objetivo deste trabalho é apresentar um panorama da trajetória da Mediação na Argentina.

RE-ORGANIZAÇÃO DOS VÍNCULOS. - Yazbek, V.; Mathias, M. E. - Familiae, Instituto de Est. Interdisciplinar de Dir. da Família. SP Brasil
A criação da REDE BRASILEIRA DE MEDIAÇÃO. A Medição no Brasil tem iniciado seus primeiros passos nos últimos anos, especialmente no sul do país. Novas instituições e centros de estudo tem-se interessado pelo estudo e pesquisa desta nova forma de resolver as disputas seja na área familiar, trabalhista ou comunitária. Um grupo de profissionais de diversas áreas se reuniram em novembro de 1996, na PUC-SP para unir esforços no sentido de divulgar e implantar a Mediação como um novo recurso ao alcance da população brasileira. O objetivo deste trabalho é apresentar o percurso incipiente da Mediação no Brasil e os objetivos da Rede Brasileira, e discutir os objetivos e novos caminhos

TEMAS LIVRES

1. EXPANDINDO A CLÍNICA À COMUNIDADE ATRAVÉS DO SCENO TEST. - Cardoso, E.R.G.; Deptº de Psicodinâmica; Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; Brasil.

O material rico e diversificado do Sceno Test (marionetes flexíveis, objetos: - miniaturas de árvores, frutos, flores, autos, blocos, animais, etc.) proporciona a construção pelo próprio sujeito, de forma simbólica, de seu mundo interno, sensações e vínculos, em cenas estáticas ou dinâmicas. Foram fotografas ou desenhadas esquematicamente, a posteriori mais de 90 cenas construídas a convite (consigna) do psicólogo, por sujeitos (crianças e adultos), em psicoterapia, terapia familiar, terapia breve, orientação de pais, supervisão e ensino de técnicas projetivas.

O Sceno Test serviu de elemento de distanciamento do problema, sendo pessoalmente menos ameaçador por ser externo, pouco verbalizado, simbólico e quase lúdico. Pôde proporcionar aos sujeitos (mesmo em grupo), desde a catarse suportável até o esclarecimento a si próprio e ao psicólogo sobre a dinâmica da realidade vivenciada, já que com as marionetes e objetos, ela é reconstruída simbolicamente, permitindo trazer à tona conteúdos e emoções subjacentes.

O material do Sceno Test mostrou-se, na totalidade dos casos, precioso tanto para o sujeito como para o psicólogo, dada a compreensão que surge para ambos nas cenas montadas. O Sceno Test está sendo estudado em outras áreas da Psicologia (escola, hospitais, indústrias, etc.) com intervenção eficaz. Suporte teórico psicanalítico e uso de técnicas psicodramáticas.

2. "QUEM SOU EU: MÃE? "UM ESTUDO SOBRE A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE MATERNA EM ADOLESCENTES. - Abreu, G.; Quayle, J.; Neder; M.; Zugaib, M. Divisão de Psicologia e Divisão de Clínica Obstétrica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Brasil.

Objetivo: buscar compreender como se dá a construção da identidade materna em adolescentes, considerando-se que o papel sexual da mulher parece estar em relação estreita com a questão da maternidade.

Método: foram entrevistadas 10 gestantes adolescentes, que estiveram em seguimento de pré-natal no Programa de Assistência a Adolescentes Grávidas, no Ambulatório da Clínica Obstétrica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Os dados obtidos foram avaliados de forma qualitativa, a partir de um referencial teórico de orientação psicanalítica. Foi possível observar que a maioria das adolescentes não planejaram engravidar neste momento.

No entanto, há uma aceitação por parte das próprias adolescentes e também de seus pais. Incorporar a maternidade à identidade parece limitar suas possibilidades de atuação, prendendo-as exclusivamente à função materna. Engravidar e assumir uma "identidade materna" parece ser a maneira encontrada para lidar com algumas das questões da adolescência, corno esta "ausência de identidade" que lhe é característica. Tornando-se mães, estas adolescentes encontram uma definição que, segundo imaginam, permite sair da condição de menina, identificando-se com a figura de sua própria mãe e, cumprindo também a determinação social da maternidade.

3. TRABALHANDO COM DOIS CLIENTES NUMA MESMA SESSÃO: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA. - Braqante, M.A.

A partir da perspectiva teórica do psicodrama, a autora discute qual o número ideal de participantes num grupo, e a que participantes nos referimos. Mesmo num atendimento individual, estamos lidando com um cem número de personagens que se apresentam em relação com o cliente. A autora fundamentando-se em Moreno coloca a questão de uma compreensão sociométrica dos clientes em terapia, vendo-os como protagonistas de uma dada situação e grupo.

Discute os conceitos de papel e átomo social como subsídios para esta proposta de atendimento. Discute os critérios para colocação de clientes em grupo, e propõe a possibilidade de, em determinados casos, fazer este atendimento com dois clientes simultaneamente. Apresenta um caso de sua experiência, com duas pacientes , com mais ou menos 45 anos atendidas conjuntamente. Sendo uma cliente ser ego-auxiliar da outra e vice-versa, numa relação horizontal, obteve-se bons resultados terapêuticos.

4. LUTO: A MORTE DO OUTRO EM SI. Bromberq, M.H.P.E. - PUC-SP - Brasil.

Luto é a resposta genérica ao rompimento de um vínculo, a uma separação. A figura vincular é aquela que tiver oferecido uma base de segurança que permite ao indivíduo a exploração do meio, de modo que, em situação de ameaça ou risco, ele possa se afastar do estímulo ameaçador e se proteger junto àquela figura. Com a perda dessa figura, não há mais esse "porto seguro", tornando a experiência aterrorizante e afetando diversas áreas da existência humana.

A qualidade do vínculo primariamente estabelecido determinará os vínculos futuros e os recursos disponíveis para enfrentamento e elaboração de rompimentos e perdas. Vínculos ansiosos são responsáveis por relações de dependência, enquanto que o vínculo seguro permite o desenvolvimento de segurança e auto-estima. Naturalmente, não se trata de um relação linear de causa e efeito que explique essas características dos diferentes tipos de vínculos e seu impacto nas relações de perda, pois há inúmeros fatores intervenientes no processo.

No presente trabalho, questões relacionadas às diferentes características do luto, em sua distinção entre normal e patológico, assim como a identificação dos fatores de risco para o estabelecimento de luto patológico são apresentadas. O luto, como uma experiência psicológica, é entendido também contextualizado no contexto grupal, mais especificamente pertinente ao grupo familiar que, por sua vez, pertence a uma sociedade e a uma cultura que irão determinar as maneiras pelas quais esse luto poderá ser vivido e expresso. Recursos psicoterapêuticos são apresentados, abrindo para discussão sua aplicabilidade, dadas as diversas circunstâncias em que o luto se dá: por morte repentina, violenta, morte de filho, de cônjuge, além de considerações acerca das condições do vínculo prévio à perda.

5. ESTUDO DOS MOTIVOS LIGADOS À LUTO QUE LEVAM UM CASAL A ADOÇÃO: UMA POSSIBILIDADE PSICOPROFILÁTICA. – Casellato, G.; Laboratório de Estudos e Intervenção sobre o Luto - Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica; PUC/SP

Esta pesquisa pretende investigar e identificar os motivos relacionados ao luto que levam um casal a adoção. Sabe-se que, através da prática clínica e da literatura, a adoção se dá em dois níveis: como um ato consciente e como um ato inconsciente de "solucionar" e concluir experiências dolorosas de frustração e perda. Estas experiências de perda, como por exemplo: esterilidade do casal, ou a perda de um filho pequeno, seja por doença crônica ou por morte repentina, devem ser elaboradas, para que o indivíduo (ou casal) enlutado possa desinvestir no objeto de amor perdido e tenha condições de investir em novos objeto, que pode ser um filho adotivo.

Neste sentido, o trabalho tem uma perspectiva psicoprofilática, ou seja, uma vez que se compreenda o significado da adoção para o casal, pode-se trabalhar por meio de uma intervenção psicológica com os casais, antes mesmo de se concretizar a adoção, a fim de otimizar as condições de sucesso desta, e que o filho adotado não venha se tornar o "filho remédio" deste casal. O método se caracteriza por uma pesquisa qualitativa desenvolvida a partir dos dados coletados através das entrevistas realizadas com 15 casais e da intervenção de psicoterapia breve (3 meses) com os casais que estejam em processo de adoção e que tenham vivido experiências de luto anterior à decisão de adotar uma criança.

Durante as entrevistas, é aplicado um roteiro focado no padrão de apego adulto a fim de compreender melhor as possibilidades e necessidades emocionais de cada um dos parceiros. O objetivo da intervenção é proporcionar ao casal o contato com os conflitos da perda e promover a aceitação consciente deste luto, a fim de possibilitar um investimento afetivo saudável em novos objetos.

É, portanto, uma abordagem mais ativa e focada no conflito vivido pelo casal em torno da experiência de perda. A intervenção assim como a coleta de dados estão sendo realizadas e resultados preliminares apontam na direção da necessidade e relevância deste trabalho do ponto de vista psicoprofilático. Apoio Financeiro: FAPESP

6. ENCAIXE DOS MITOS NA CONSTRUÇÃO DO CASAMENTO. - Krom, M.; Macedo, S.R.M; UNESP, Bauru, PUC-PS, Brasil.

O Encaixe Mítico pode ser reconhecido a partir da identificação dos Mitos que o casal traz de suas famílias de origem, possibilitado pela Diferenciação dos Mitos Familiares em Mitos Espinha Dorsais, os predominantes e os Mitos Auxiliares. Este trabalho foi proposto para dar seqüência a estudo anterior. Investigamos o encaixe mítico no casamento.

Possibilitou uma visão profunda da construção familiar e viabilizou medidas preventivas para conflitos familiares. Os resultados foram obtidos através de uma pesquisa qualitativa com quatro casais. As histórias familiares foram resgatadas através do uso da entrevista trigeracional, elaboração do genograma e do ciclograma, um novo instrumento criado para proporcionar a visualização da passagem das famílias pelo ciclo de vida.

A co-construção das histórias realizadas com os pares favoreceu apreender o sentido atribuído às histórias familiares. Elaboramos uma Leitura Instrumental Mítica que permitiu o acompanhamento dos casais, através de Quatro Períodos para o Encaixe Mítico que são percorridos desde o momento inicial, na aproximação e ligação entre os dois mitos, até o ajuste mítico, que envolve tanto um movimento de aprofundamento no relacionamento como de reorganização de conteúdos. Foi oferecida aos casais a oportunidade de reflexão à respeito dos conteúdos míticos, possibilitando a compreensão a respeito da vida da família, visando constatar prováveis pontos conflitivos e pautas enrijecidas, facilitando uma nova construção da realidade.

Os casais foram acompanhados durante um ano, demonstraram as transformações míticas e ganhos na qualidade do relacionamento. Foi possível elaborar uma Leitura Instrumental Mítica que auxiliada pela Diferenciação Mítica permitiu várias considerações, tais como a importância dos momentos cruciais e das expectativas míticas, a definição da figura mítica, do guardião do mito familiar, a identificação dos vários tipos de mitos familiares.

O casamento foi visto num contexto mais amplo de influências intergeracionais, presentes nos mitos familiares em reorganização, que perpassam os processos afetivos e relacionais, que o casal percorre em seu ciclo evolutivo, na construção do casamento, em uma concepção de mundo própria da díade.

7. O ESTRANHO NO NINHO. - De Faria, M. Cecília C., Departamento de Psicodinâmica, PUC/SP, Brasil. Ver texto integral.

8. VÍNCULO INSTITUCIONAL: OS IDOSOS E A CLÍNICA PSICOLÓGICA. - Freitas, J.A.A. ; Galizia, M.I.P.; Lopes, R.G.C. ; Clínica Psicológica “Ana Maria Poppovic”, Pontifícia Universidade Católica, São Paulo, Brasil.

O serviço prestado pela Clínica a grupo de idosos tem corno proposta dar condições para os participantes exporem seus conflitos e criar um clima de reflexão conjunta a partir dos conteúdos mobilizados. Este estudo pretende abordar os possíveis significados do vínculo que se estabeleceu com a instituição nas usuárias remanescentes de grupos extintos. A psicoterapia de grupo desenvolveu-se em doze meses, com sete senhoras com idade entre 62 e 73 anos. O atendimento foi realizado por dupla de psicóIogas na Complementação Curricular, supervisionadas semanalmente.

A coesão de grupo criou cumplicidade, ora propiciadora de continência e ora limitando aprofundamento de conteúdos. As sessões desencadearam novas relações na vida de cada usuária, repercutindo em suas personalidades de maneira benéfica, fortalecendo seus recursos egóicos, permitindo a avaliação e elaboração de suas ansiedades e necessidades.

As participantes encontraram no grupo escuta, afeto e olhares coniventes, propiciado por terapeutas atentas à transitoriedade do vínculo estabelecido preponderantemente com a instituição. A experiência psicoterápica desenvolvida nesta clínica-escola aponta para a possibilidade de estender à outras instituições este tipo de atendimento.

9. INDIVÍDUO E GRUPO : A INTEGRAÇÃO DO ATLETA À SUA EQUIPE ESPORTIVA A PARTIR DE UMA INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA COM ABORDAGEM CORPORAL. Rubio, K.; Simões, A. C. - Departamento de Esportes - "GEPPSE" - Escola de Educação Física - Universidade de São Paulo - Brasil.


O esporte enquanto instituição social marca e influência um grande contingente humano na modernidade. O atleta, enquanto indivíduo, enfrenta uma complexa gama de contradições anatômicas, fisiológicas, sociais e psicológicas como forma de auto-expressão e participação nos pequenos grupos sociais esportivos, especialmente com relação ao voleibol. Como membro de uma equipe, ele enfrenta as dificuldades e vantagens de pertencer a um grupo onde cooperação e competição se equilibram numa linha tênue, tanto em situação de treino como de jogo. A prática desse esporte, assim como dos demais esportes coletivos, pode ser considerada um meio de expressão da subjetividade de seus componentes.

Esse processo passa, porém, pela apropriação do corpo pelo atleta, o que nem sempre ocorre na prática esportiva, uma vez que muitos praticantes estão sujeitos a um uso alienante do próprio corpo, levando a um grande número de lesões, abreviando carreiras e provocando muita dor e frustração. Neste caso, uma intervenção psicológica com o uso de técnicas corporais, além de aumentar e/ou desenvolver a imagem corporal pode atuar na facilitação da comunicação grupal. Este trabalho tem por objetivo analisar como a intervenção grupal a partir de uma abordagem corporal, serviu como facilitadora para o desenvolvimento do vínculo na equipe esportiva, dentro de uma proposta de grupo operativo.

Fizeram parte desse estudo 18 indivíduos (14 atletas e 4 membros da comissão técnica) do mais alto nível técnico do Brasil, do sexo masculino, diversas classes sociais e com idade cronológica de 18 anos para cima. O método empregado foi baseado em técnicas de intervenção de grupo com abordagem corporal, onde o grupo foi analisado ao longo de 9 sessões.

Concluiu-se que o desenvolvimento da imagem e a percepção corporal interferem nas relações grupais como um todo, contribuindo de forma efetiva para a facilitação e o estabelecimento dos canais de comunicação e do vínculo entre os componentes da equipe refletindo-se nos desempenhos individuais.

10. ASSISTÊNCIA MULTIPROFISSIONAL À ADOLESCENTE GRÁVIDA: DIFICULDADES SOMATO-PSICO-SOCIAIS. kahhale, E.M.P.; Odierna, I.L.C.; Neder, M. - NEAd da PUC/SP e Clínica Obstétrica da FMUSP; DSS e DlP do H.C. da FMUSP - SP- Brasil.

Objetiva-se relatar a experiência de trabalho em equipe multiprofissional no PIAEGA (Programa Integral de Assistência e Educação à Gestante Adolescente; Hospital das Clínicas da F.M.U.S.P), com análise das dificuldades corporais, psicológicas e sociais enfrentadas pelas adolescentes grávidas. Os dados referem-se às dinâmicas de grupo aberto realizadas antes da consulta médica de pré-natal, no período de janeiro/91 a dezembro/94. Estas dinâmicas eram coordenadas pela psicóloga, pela assistente social e/ou pela fisioterapeuta, além de contar com a participação do médico ou residente da equipe, que trabalhavam a demanda trazida pelas gestantes.

Os dados foram registrados em protocolos: os temas e as falas. Neste período, foram feitas 185 dinâmicas de grupo, perfazendo um total de 1896 atendimentos. Tais pacientes tinham de 12 a 18 anos, com 65% delas na faixa de 16 - 17 anos e 23% na faixa de 14 - 15 anos. Analisando a distribuição dos temas centrais, que aglutinaram as falas durante as dinâmicas temos que 35% referem-se ao parto; 19% ao corpo gravídico/esquema corporal e 12% à dinâmica da relação afetivo-sexual. Se, por outro lado, analisarmos todas as queixas, questões e sintomas trazidos pelas adolescentes e assistidas pela equipe multiprofissional, verificamos que em 95% das dinâmicas as questões sobre parto eram sobre dor e medo; em 93% dos encontros houve queixas de sintomatologia músculo-esquelética; em 90% dos encontros referiram-se às dificuldades de separação da família de origem para assumirem uma relação afetivo-sexual com o companheiro.

É importante salientar que 91% destas adolescentes estavam com o companheiro durante o período em que participaram do programa, no entanto, somente 33% moravam juntos independentes da casa paterna. Em 52% das dinâmicas os profissionais introduziram questões referentes à inserção social das adolescentes através da escola e do trabalho, uma vez que 66% delas não trabalham e 79% abandonaram a escola.

Aparentemente, a sintomatologia gravídica na adolescente não difere da de gestantes em outra faixa etária, porém, na análise qualitativa dos protocolos, discuti-se que entre os fatores de risco da gravidez na adolescência situam-se a dificuldade de integrar o corpo sexuado (ainda em formação) ao corpo grávido, os conflitos em abandonar os papéis da infância para assumir o papel de mãe e companheira, "desligando-se" das figuras parentais e a falta de estrutura do casal adolescente como continente da maternagem/paternagem para o recém-nascido. Apoio Financeiro CEPE-PUCSP e CNPq.

11. PARTO NORMAL OU CESÁRIA: PAPEL DA ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL OFERECIDA À MULHER GRÁVIDA, QUE SUBSIDIA A DECISÃO SOBRE O TIPO DE PARTO A SER FEITO. Basílio, G.; CAETANO, P. e Kahhale, E.M.P., PUC/SP - Brasil


Pretende-se, à luz da Psicologia Social, pesquisar qual a assistência dada às gestantes por médicos particulares, Postos de Saúde e Cursos para Gestantes, para que elas saibam a que tipo de parto gostariam de se submeter e qual a relação disso com o índice de cesáreas brasileiro. Um questionário, apresentado no I Fórum Nacional sobre Parto Normal e Cesárea/FEBRASGO, aponta a índice ligado à despreparo, exigências das pacientes, comodidades médicas e honorários.

Entrevistou-se seis responsáveis por Cursos de Preparação ao Parto em hospitais particulares e/ou com convênios de saúde; três responsáveis por Grupos para Gestantes em Postos de Saúde e doze médicos que atendem gestantes em consultório particular próprio. As entrevistas foram semidirigidas e analisadas através de categorias obtidas nos discursos. Os resultados indicam que Cursos e Grupos para Gestantes privilegiam a passagem de informações sobre fisiologia, não havendo espaço para serem trabalhadas vivências sobre a gravidez, que poderia levar a uma posição mais ativa da mulher no momento do parto.

O atendimento particular é permeado por questões ideológicas/econômicas, determinando a relação médico-paciente até como disputa de poder, resultando em cesáreas. Conclui-se que o índice de cesáreas no Brasil está atrelado a ganhos financeiros; comodidades para médico e gestante; fatores culturais, que levam à crença de que parto Normal é sempre sofrido, sendo a Cesárea o parto ideal. Bolsa de Iniciação Científica/FAPESP

POSTERS

1. "CONVERSANDO A GENTE SE ENTENDE": DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIOS COM GRUPOS DE IDOSAS. - Benz, V.H.; Berenguer, Marco A.C.M.; Braga, M.; Crespin, I.; Ferreira, F.M. ; Ferroni, P.R.; Gouveia, P.A.; Moura, P.C. - Supervisora: Lopes, R.G. da C. - Faculdade de Psicologia da PUC-SP

O presente relato se refere ao trabalho desenvolvido com grupos de idosos em quatro instituições: Centro de Convivência "Benedito Vital Figueiredo", Clínica Geriátrica "Mello Almada", Fórum Nacional da Terceira Idade e Paróquia de Maria Madalena. A proposta do estágio era oferecer um serviço propiciador da reflexão sobre questões emergentes no envelhecimento; através da troca de experiências entre as participantes, possibilitasse uma apropriação e resignificação de suas vidas através de processos identificatórios.

O estágio não trabalha na saúde, mas com a saúde: trata-se de um atendimento primário que vai até a população. Os quatro grupos constituíam-se de no máximo sete participantes, em quinze encontros semanais com a duração de uma hora e trinta minutos, cada qual coordenado por dois estagiários do oitavo período da Faculdade de Psicologia da PUC-SP. Foram utilizadas atividades que objetivavam trabalhar conteúdos mobilizadores nesta faixa etária; o encadeamento foi garantido através da análise de cada encontro anterior; a partir dos registros realizados por escrito. As atividades foram elaboradas na supervisão, considerando-se cada dinâmica grupal, respeitando-se os limites e possibilidades das participantes.

O trabalho desenvolvido foi possibilitador de mudanças, na medida em que as idosas puderam dar passos em direção à resignificação das relações interpessoais e na auto-percepção, ampliando a possibilidade de ouvir o outro. Em alguns grupos, identificamos ao final da atividade maior socialização, manifestação de necessidades e reinserção social. A reflexão demanda tempo; é um processo longo que precisa de investimento. Visando a importância da continuidade deste trabalho ao longo dos semestres, ao final do estágio, cada instituição recebeu um relatório descrevendo objetivo, atividade e resultado de cada encontro semanal e análise do momento do grupo.

2. INTERVENÇÕES PREVENTIVAS E TERAPÊUTICAS COM CRIANÇAS ENLUTADAS. -Bromberg, M.H.; Mazorra, L.; Tinoco, V.U.; LELu: Laboratório de Estudos e Intervenções sobre o Luto - Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Clínica, Pontifícia Universidade Católica, São Paulo, Brasil.

O objetivo desta pesquisa é verificar, numa população paulista, a adequação e aplicabilidade de diferentes técnicas de intervenção preventivas e terapêuticas com crianças enlutadas, utilizadas com sucesso em outros países. Tais técnicas são programas de apoio e psicoterapia breve com o uso de técnicas lúdicas. Trata-se de uma pesquisa clínica qualitativa com grupos de crianças e atendimentos individuais, com a utilização das técnicas existentes. Os dados coletados são analisados no Laboratório de Estudos e Intervenção sobre o Luto (LELu). Esta análise visa levantar os aspectos positivos e negativos das técnicas empregadas e do programa de apoio, avaliando individualmente o alcance de cada uma das técnicas.

Para tal propósito, são levadas em conta as mudanças de comportamento da criança e na dinâmica familiar observadas no decorrer do programa. São considerados aspectos positivos a redução dos sintomas como: ansiedade persistente, culpa persistente, hiperatividade e agressividade, sintomas de identificação, sintomas depressivos, distúrbio de sono, comportamentos regressivos e queda no rendimento escolar.

Outro aspecto importante que está sendo averiguado é o tipo de vivência do luto da criança. Caso ela esteja vivenciando o luto de modo crônico, adiado ou inibido, deve passar por este processo, experienciando os sentimentos emergentes (podendo até mesmo apresentar os sintomas acima descritos) num espaço de contenção. Os resultados obtidos até agora revelam que, num grupo de apoio, a criança encontra este espaço de contenção, necessário para a vivência do luto de um modo saudável. Apoio Financeiro: FAPESP

3. UMA PESQUISA QUALITATIVA: MORTE PREMATURA COMO FATOR DE RISCO PARA O LUTO PATOLÓGICO - Bromberg, M.H.; Machado, A.A.T - LELu: Laboratório de Estudos e Investigações sobre o Luto - Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Clínica, Pontifícia Universidade Católica, São Paulo, Brasil

O objetivo desta pesquisa é detectar, numa amostra da população paulista que tenha sofrido uma perda prematura, os fatores pessoais e sociais relacionados ao desenvolvimento do processo de luto patológico. Morte prematura é aqui entendida como aquela que ocorre em um momento do ciclo vital anterior às perdas naturais. O método de pesquisa utilizado é qualitativo; estão sendo realizadas e avaliadas entrevistas com uma amostra de 10 sujeitos que sofreram uma perda significativa em suas vidas por morte prematura.

A partir de evidências da literatura, por meio de pesquisas realizadas fora do Brasil, estão sendo considerados os fatores de risco para o luto patológico. Os primeiros resultados apontam que a qualidade de relação com o falecido. Características pessoais do indivíduo enlutado e as circunstâncias da morte são os elementos mais significativos no desenvolvimento do luto patológico. A detecção dos principais fatores de risco permite o atendimento em caráter preventivo a pessoas enlutadas da comunidade que apresentam maior risco de desenvolver distúrbios relacionados ao luto patológico. Apoio Financeiro: FAPESP

4. VÍNCULO INSTITUCIONAL: OS IDOSOS E A CLÍNICA PSICOLÓGICA. - Freitas, M.A.A. psicóloga; Galizia, M.I.P psicóloga; Lopes, R.G. da C. Supervisora - Clínica Psicológica “Ana Maria Poppovic"

O serviço prestado pela Clínica a grupo de idosos tem como proposta dar condições para os participantes exporem seus conflitos e criar um clima de reflexão conjunta a partir dos conteúdos mobilizados. Este estudo pretende abordar os possíveis significados do vínculo que se estabeleceu com a instituição nas usuárias remanescentes de grupos extintos. A psicoterapia de grupo desenvolveu-se em doze meses, com sete senhoras entre 62 e 73 anos.

O atendimento foi realizado por dupla de psicólogas na Complementação Curricular, supervisionadas semanalmente. A coesão de grupo criou cumplicidade propiciadora de continência e aprofundamento de conteúdos. As sessões desencadearam novas relações na vida de cada usuária, repercutindo em suas personalidades de maneira benéfica, fortalecendo seus recursos egóicos, permitindo a avaliação e elaboração de suas ansiedades e necessidades.

As participantes encontraram, no grupo, escuta, afeto e olhares coniventes, propiciado por terapeutas atentas à transitoriedade do vínculo estabelecido preponderantemente com a instituição. A experiência psicoterápica desenvolvida nesta clínica-escola aponta para a possibilidade de estender a outras instituições este tipo de atendimento.

5. FATORES DE RISCO PARA LUTO PATOLÓGICO EM UMA POPULAÇÃO BRASILEIRA - Bromberg, M.H.; Tinoco, V.U.; Mazorra, L. LELu: Laboratório de Estudos e Intervenções sobre o Luto - Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Clínica, Pontifícia Universidade Católica, São Paulo, Brasil.


Esta pesquisa tem por objetivo identificar em uma população brasileira seus fatores de risco para desenvolvimento de um quadro de luto patológico, bem como verificar a adequação do instrumento utilizado. Trata-se de uma pesquisa quantitativa para a qual desenvolveu-se um questionário com questões relativas à situação de luto. Realizou-se um estudo-piloto com a aplicação de 127 questionários, numa população paulista, com idade de 21 a 45 anos, por se considerar esta faixa etária livre de fatores intervenientes, como a crise da adolescência, crise do dimatério, aposentadoria.

Os resultados encontrados no estudo-piloto apontam na direção da existência de forte suporte emocional por parte de familiares e amigos e não da comunidade. Este apoio foi considerado satisfatório. As reações imediatas que apareceram com mais frequência foram de ordem afetiva e social (choro, depressão, retraimento ou isolamento, desmotivação para a rotina). Estas reações são consideradas como parte do processo de elaboração do luto normal.

É necessário verificar por quanto tempo estas reações mantiveram-se para poder-se apontar a existência de luto patológico. A partir deste estudo-piloto, o questionário foi refeito para sanar as dificuldades encontradas. A aplicação deste novo questionário está sendo realizada numa nova amostra, que mantém as mesmas características da primeira. Apoio Financeiro: FAPESP

Continuação...