Os arquitetos Fernando de Mello Franco e Milton Braga ocuparam um trecho do terreno vago que se abriu com a destruição da maior parte dos galpões das Indústrias Matarazzo, para produzirem uma intervenção em escala decididamente urbana. Ante a indefinição daquele espaço, desprovido de seu perfil arquitetônico, eles engendram uma nova topografia. Uma grande extensão, de cerca de 300 m de comprimento por 20 m de largura, é ocupada por um volume, em parte escavado e em parte aterrado, de desenho rigoroso.


Um aclive, um plano contínuo e um declive, de geometria reconhecível, pavimentada com entulho de construção para lhe conferir texturas e cores diferenciadas, resultando numa "topografia construída". Uma antevisão de como parecerá a cidade quando, como Tebas ou Babilônia, ela terá se transformado num solo arqueológico. Uma intervenção que, por suas dimensões, remetendo não só ao terreno em torno mas à escala da geometria linear da orla ferroviária e da cidade, remete em parte aos princípios da land art, principalmente como dispositivo de percepção do espaço. Esta topografia não oferece, tal como as earthworks, para o observador localizado no terreno, um ponto de vista privilegiado que dê conta de sua configuração.

Essa paisagem construída exige que o visitante caminhe por ela para apreender o seu desenho. Exatamente como ocorre na grande cidade. Uma situação que articula o terreno com toda a área ao redor, formando um espaço mais amplo: a metrópole.