hermann pitz
 
 intervenção
 
 texto crítico
 situação urbana
 escala
 pitz em sp
 índice - intervenções
 arte/cidade - zona leste
 
 
arte/cidade
 


Artista alemão, Hermann Pitz é um dos criadores do grupo Büro-Berlin, responsável por vários projetos de intervenção urbana naquela cidade. Toda sua obra é marcada por uma reflexão sobre o caráter problemático da noção de "espaço público" e da arte produzida para ele. Para Pitz, devido à entropia urbana e as novas formas de comunicação, o sítio público não pode mais ser circunscrito a uma locação geográfica específica. A própria arte escultórica tem, então, que repensar suas condições. Daí seu interesse por obras que evidenciam a dificuldade de enfrentar este território mais complexo através do seu caráter efêmero ou inacabado. Ou pela questão da pertinência do monumento e a presença anônima da obra de arte na cidade.

Em seus trabalhos, Pitz discute a percepção do espaço, utilizando maquetes, mapas, fotografias e aparelhos óticos. Usa transparências, lentes e dispositivos de iluminação para operar transições entre diferentes escalas e estabelecer conexões entre o local, o espaço urbano e o espaço virtual. No livro Panorama (1991), editado como um guia de viagens, Pitz traça um itinerário geográfico e arquitetônico através de seus trabalhos.

A enorme maquete de São Paulo, feita com cerca de 45.000 listas telefônicas, num dos andares da torre leste, é uma reflexão sobre os mecanismos de localização e percepção de que dispomos para os espaços metropolitanos. As megacidades tornaram impossível, para os seus habitantes, produzir mapas mentais dos lugares e caminhos. Essas grandes e desconfiguradas extensões não são mais abarcáveis pela experiência e a cognição individuais. Mapear em grande escala é uma operação complexa, envolvendo dispositivos técnicos de captação e leitura de informações, que escapam à observação visual.

A maquete, recurso tradicional da arquitetura e do urbanismo, configura aqui uma situação que, na verdade, ela não pode representar. A localização dos indivíduos e dos lugares está indicada nas milhares de páginas das listas telefônicas. Mas são informações que não se dão imediatamente à ver. O perfil abstrato de edificações e arruamento de fato oculta uma complexa trama de posições e relações, estabelecida pelos meios de comunicação, que subverte e reconfigura a organização estabelecida do espaço urbano. A natureza e o papel dos lugares não corresponde mais, necessariamente, à sua posição geográfica. A maquete, ao evidenciar as limitações dos instrumentos convencionais de representação da cidade, está indicando um outro modo de mapear em grande escala.