Projetos Incubados

Title:

Production and Dissemination of Scientific and Artistic Research in the Interface of the Virtual and the Real

Abstract:

If internet is not only e-mail, neither chats nor groups of discussion, but diversified processes of interactive communication which are waiting for an effective usage in the environment of research, which can be the varied means of teaching, researching and interchanging of academic knowledge via web, CD-rom etc? Which are the best hypermedia architectures to organize these new means? To answer these questions, this project aims at: 1. the creation of a Center of Hypermedia production applied to virtual education; 2. the proposal of a pilot model for the development of a post-graduate program in the interface between the virtual and the real.

 

Projeto de Auxílio Individual

Processo CNPq

Ref.: 546771/2000-1, não recebeu aprovação

 

TÍTULO DO PROJETO:

A PRODUÇÃO E DISSEMINAÇÃO DA PESQUISA CIENTÍFICA E ARTÍSTICA NA INTERFACE DO PRESENCIAL E DO VIRTUAL

 

I. A EQUIPE E LOCAL DE REALIZAÇÃO

1. EQUIPE DE PESQUISADORES

1.1 COORDENAÇÃO GERAL

 

DRA. MARIA LUCIA SANTAELLA BRAGA, PUCSP

1.2. COORDENADORES EXECUTIVOS

 

DR. JOSE LUIZ AIDAR PRADO, PUCSP

DR PHILADELPHO MENEZES

DR. ROGÉRIO COSTA

DR. SERGIO BAIRON

 

1.3 EQUIPE DE SUPERVISÃO TÉCNICA

 

PAULO ROBERTO SANTOS: SUPERVISOR DE SISTEMAS

MILTON FERREIRA: SUPERVISOR DE PRODUÇÃO ÁUDIO

SÉRGIO BICUDO: SUPERVISOR DE PRODUÇÃO VISUAL

 

1.4. EQUIPE DE SUPORTE

 

EDNA ASSESSORA DE COORDENAÇÃO

VANESSA RODRIGUES: SECRETARIA EXECUTIVA

 

1.5. EQUIPE DE PESQUISADORES EM FORMAÇÃO

10 DOUTORANDOS

8 MESTRANDOS

 

2. APRESENTAÇÃO DO LOCAL EM QUE SE REALIZARÁ A PESQUISA

 

Em 1987, há mais de dez anos, o programa de pós-graduação em Comunicação e Semiótica da PUCSP (COS PUC), naquela época um programa de pequeno porte, deu início a um processo que, desde então, tem crescido e se sedimentado: a organização de grupos coletivos de pesquisa de grande porte. Já, naquele tempo, alguns dos professores e também alunos do programa, alimentados por discussões que a CAPES estava levantando, colocavam a necessidade de que um programa de pós-graduação fosse capaz de criar meios de intercâmbio, confronto e debate, especialmente meios de produção coletiva que fossem capazes de estimular, alimentar a pesquisa de cada um através de compromissos coletivamente assumidos e das trocas que um tal tipo de pesquisa traz.

Foi assim que, nesses últimos onze anos, juntamente com o crescimento em termos quantitativos docente e discente e a ampliação de suas áreas e linhas de pesquisa, o programa realizou um grande número de projetos coletivos bem sucedidos nos seus resultados, de modo que hoje se pode afirmar que já se criou no COS PUC uma verdadeira tradição na formação de pesquisadores que investigaram meios de comunicação inovadores, analisando seus potenciais como linguagem e o impacto que estavam aptos a produzir na sociedade. No contexto dessa tradição, em 1999, o programa de COS obteve aprovação na FAPESP de um projeto para a criação de um Centro Virtural de Pesquisa em Mídias Digitais (CIMID. org.). Esse projeto trouxe para o programa a instalação de uma rede com servidor de alta potência. Isso se deu juntamente com os investimentos que a PUCSP está realizando na infraestrutura em fibra ótica para a atualização de suas redes e implantação da internet 2. Sob esse aspecto, o programa se encontra equipado com o que há de mais atual na tecnologia de rede. É nesse contexto que o projeto a seguir está sendo proposto.


II. O PROJETO

1. INTRODUÇÃO

Está mais do que patente a crescente importância dos meios técnicos nas sociedades modernas, não só para as atividades da vida cotidiana, com suas diversas modalidades de entretenimento, mas também para os processos educacionais, para as formas de registro e síntese da realidade e, consequentemente, para as suas utilizações com fins científicos.

Uma ordem inteiramente nova de questões no universo da ciência, cultura e arte, resultante de uma diversidade de fatores está emergindo. Entre esses fatores, especificamente no campo das comunicações, destacam-se: (1) a crescente onipresença da informatização invadindo todos os setores da vida social e privada, (2) as possibilidades abertas pelos meios de comunicação interativos, (3) as novas formas de intercâmbio e comunicação entre pesquisadores permitidas pelas redes e fluxos informacionais que se alastram no mundo como cogumelos em terra úmida.

O que mais impressiona, nessa nova ordem de questões, não é tanto a novidade dela, mas a aceleração nas mudanças tecnológicas e os consequentes impactos psíquicos, culturais, científicos e sociais que estão nela envolvidos. Quem iria imaginar, há uma década, que existiria hoje, no mundo, milhões de metros quadrados de redes de telefonia interligadas na formação de um ciberespaço dominado pela Internet, um vasto labirinto comunicacional de redes educacionais, científicas, governamentais, militares e comerciais? Quem poderia prever que, nessa imensa rede planetária, milhões de computadores e de pessoas com as mais diversas características, em muitas dezenas de países (números, aliás, que só tendem a crescer), estariam hoje interligados? Quem teria previsto que, no Brasil, o crescimento da rede, no ano de 1996, seria o dobro da média do crescimento mundial e que, a partir de 1997, o Brasil passaria a ser considerado um dos mercados de internet mais promissores do mundo?

No contexto específico da geração e difusão da pesquisa científica, é fato conhecido que um número crescente de revistas especializadas não é mais editada em papel, mas encontra-se agora circulando na rede. Muitos clássicos da literatura e ensaios científicos já são hoje disponíveis em CD-ROMS e podem ser lidos diretamente na tela dos monitores, havendo ainda, em muitos casos, recursos para grifar trechos, marcar páginas e fazer anotações à margem, bem como para imprimir trechos selecionados. A mais nova geração de editores de textos já não pode mais ser encarada como uma mera ferramenta para auxiliar a escrita, mas como uma mídia nova, híbrida, completa em si mesma, uma vez que permite acrescentar aos textos um certo número de elementos áudio-visuais (voz oralizada, música, imagens em movimento) que não podem mais ser impressos em papel. CD-ROMS e, mais recentemente, os mais potentes DVDs são assim poderosos veículos de informação, não apenas pelo impressionante volume de textos que se pode neles armazenar, mas também por seus recursos inovadores, tais como a possibilidade de localizar rapidamente qualquer palavra ou conceito, de produzir elos de ligação entre partes dos textos, de modo a permitir uma leitura não linear, ou de recorrer também a fontes não verbais tais como sons e imagens fixas ou em movimento.

Também se sabe que, no mundo inteiro, cruzando oceanos em frações de segundos, os cientistas atualmente intercambiam suas produções através das redes, meses antes que essa produção seja publicada em revistas impressas e antes mesmo que elas sejam apresentadas e debatidas em congressos.

Ainda nesse mesmo ritmo de transformações que as tecnologias informacionais estão permitindo, muitas universidades norte-americanas e também européias já criaram seus campus virtuais de ensino e pesquisa, delegando à sua produção científica uma característica universal. Em muuito pouco tempo, poder-se-á cursar graduação ou pós-graduação numa UCLA ou Harvard, estando nos EUA ou na Indonésia. Independentemente da decisão política-institucional no caminho da virtualização total ou não do ensino e da pesquisa, toda instituição, em qualquer parte do mundo, deve se voltar para investimentos tanto em termos infraestruturais quanto investigativos que promovam sua inserção nesse grande processo de globalização e intercâmbio instantâneo do ensino e da pesquisa.

Nesse contexto, a principal hipótese que guia este projeto, que aqui apresentamos, é a de que os processos tradicionais e presenciais de produção e disseminação da pesquisa em nível de pós-graduação podem encontrar caminhos promissores de desenvolvimento através da complementaridade ou interface com os processos virtuais via redes. Desse modo, ao invés de propor a mera substituição dos meios presenciais de produção de pesquisa pelos meios virtuais, como vários institutos de pesquisa estão fazendo no mundo, estamos propondo a interação e complementaridade entre essas duas camadas de produção, de modo a promover o enriquecimento mútuo desses dois tipos de processos.

 

2. JUSTIFICATIVA

O descortinamento de novas modalidades de produção e distribuição da pesquisa aliadas às novas tecnologias informacionais funciona hoje como um desafio para as instituições responsáveis pela manutenção, formação e apoio a pesquisadores. A teleinformática e as telecomunicações não permitem apenas a difusão mais abrangente e em tempo real da pesquisa, como pensam alguns, mas permitem também a melhoria da própria produção da pesquisa. A tecnologia atual está abrindo uma série de espaços virtuais para centros de pesquisa e universidades, espaços que aguardam para serem habitados de forma efetiva e criativa: gravações digitais de som e imagem, CD-ROMS, Internet e suas interligações com os veículos de comunicação existentes (rádio, TV, jornal, revistas) inauguram novos canais de comunicação. São canais disponíveis, à espera de um conteúdo que os justifique. Que tipo de livro, de revista ou de tese fazer num CD-ROM? Quais são as possibilidades que se abrem ao pesquisador pelas variedades de usos que se podem dar à internet? São questões ainda em aberto. A indústria cultural de consumo rápido e descartável, percebendo o potencial das novas mídias, vem vorazmente preenchendo esses espaços com seus conteúdos próprios. Mas a sociedade precisa de conteúdos vindos de outras fontes, ligados aos campos científicos, artísticos, museológicos, enfim, mais sofisticadamente culturais.

Dado o enorme poder de transmissão e atualização da informação via Rede, ela se apresenta como uma ferramenta indispensável e revolucionária para a produção e divulgação científica e artística. A Universidade necessita enormemente conectar-se e possibilitar conexões. Mas o seu maior desafio hoje não é posicionar-se simplesmente como um provedor de acesso, mas sim como um Provedor de Conteúdo. Cabe à universidade entrar nos meios não apenas como divulgadora de seus produtos, mas como uma central de produção, sinalizando caminhos que os meios de entretenimento não são capazes de enxergar.

O que o projeto que aqui estamos propondo tem de fundamental é a oportunidade de criar um modelo organizacional para o ensino, a produção e a disseminação midiática da pesquisa científica e artística em nível de pós-graduação que seja capaz de realizar a complementaridade entre os processos de produção presenciais e os processos de produção virtuais, quer dizer, disponibilizados e acessíveis via rede. Trata-se, na realidade, de saber encontrar um uso frutífero das redes no ambiente universitário, tirando proveito do potencial revolucionário para a pesquisa dos meios que estão aí. Meios de que a sociedade já está se apropriando e para os quais a universidade tem de encontrar seu uso próprio, permitindo formas de produção e divulgação inéditas da pesquisa que ela valoriza e produz.

É certo que o CD-ROM e a internet já estão, com mais ou menos ênfase dentro das universidades brasileiras. Seus usos, entretanto, com algumas exceções, têm sido ainda limitados ou, quando não limitados, são aleatórios e desordenados. Este projeto que ora propomos se justifica na medida em que pretende criar modelos de organização que permitam a exploração do maior número possível de possibilidades que as formas de comunicação via rede abrem para a pesquisa, disponibilizando seu uso para o pesquisador, tanto o pesquisador senior quanto o pesquisador em formação.

 

3. DESCRIÇÃO GERAL DO PROJETO

3.1. Nossas interrogações:

As questões principais das quais a pesquisa aqui proposta está partindo são as seguintes: se a Internet não é simplesmente e-mail nem chats ou grupos de discussão, como é muitas vezes erroneamente entendida, mas sim uma série de processos comunicacionais diferenciados e sempre interativos à espera de uma utilização múltipla e eficaz no ambiente da pesquisa universitária, qual a melhor forma de organização para explorar e disponibilizar ao pesquisador o potencial para a pesquisa aberto por esses novos meios? Quais podem ser as variadas modalidades de ensino, de produção e permuta do conhecimento acadêmico via rede, CD-ROM etc.?

 

3.2. Nossa hipótese norteadora:

Para enfrentar essas questões, o projeto lança a hipótese de que, no momento atual, evidentemente de transição entre as tradicionais, presenciais e as novas formas virtuais de produção e divulgação da pesquisa, o modelo de organização mais propício deve ser o modelo híbrido, capaz de combinar as duas instâncias, a presencial e a virtual, numa interface e complementaridade que produza o enriquecimento de uma sobre a outra.

 

3.3. Nossa proposta:

Tendo isso em vista, o projeto apresenta três faces, inseparavelmente ligadas: (3.3.1) a face teórica, reflexiva; (3.3.2) a face de aplicação: de exploração, experimentação e criação; (3.3.3) a face prática, de execução. Uma não pode viver sem a outra, como se segue:

3.3.1 Trata-se de indagar que impacto as tecnologias globais de comunicação estão produzindo sobre o nosso modo de pesquisar, de trocar idéias e de difundir o pensamento, buscando compreender como as novas tecnologias de telecomunicação, e, sobretudo, as novas modalidades de metalinguagem áudio-visual e verbal (multimídia e hipertexto= hipermídia), esses novos seres híbridos, podem contribuir para a mudança nos modos de ensinar, produzir e divulgar, fazendo avançar a pesquisa científica e artística.

A fundamentação para as reflexões sobre a globalização da cultura e dos sistemas comunicativos será extraída de autores como Chesneaux (1989), Featherstone (1994, 1995a, 1995b), Ortiz (1994), Ianni (1992, 1995), Menezes (org. 1997). Já a base teórica para a discussão do ciberespaço e da virtualidade nas novas hipermídias de comunicação interativa e planetária terá como apoio as obras de Andersen (1990), Michael Benedikt (ed. 1993), Alejandro Piscitelli (1995), George Landow (1992, 1995), Laufer e Saneta (1997), Tomás Maldonado (1992), Philippe Quéau (1993a, 1993b, 1994), Pierre Lévy (1993, 1996, 1998a, 1998b), Joël de Rosnay (1997), Mário Costa (1995), Nicholas Negroponte (1995), Gilles Deleuze e Felix Guattari (1995, 1997), Felix Guatarri (1992), e no Brasil, Arlindo Machado (1988, 1993), Lucia Santaella (1996, 1997, 1998), Sergio Bairon (1995), Andre Parente (org. 1993), Julio Plaza (1993), Sueli Rolnik (ed. 1996, 1997), Ciro Marcondes Filho (1988, 1993, ver edições NTC), Diana Domingues (org. 1997), em contraponto necessário com Jean Baudrillard (1974, 1977, 1979, 1981, 1983a, 1983b, 1987, 1992, 1994), Paul Virilio (1980, 1984, 1988, 1993a, 1993b) e, no Brasil, Eugenio Trivinho (ver publicações NTC, 1998 e 1999), visto que estes últimos assumem uma posição mais negativista e mesmo alarmista em relação às novas tecnologias.

3.3.2 Um enorme campo para a produção, aquisição, articulação e veiculação do conhecimento científico e artístico foi aberto pela tecnologia da teleinformática. Devido à arquitetura não-linear da memória do computador, o acesso à rede das redes, a internet, possibilita o trabalho interativo on line em processos comunicativos diversificados. Qual é o elenco desses processos?Quais são as melhores arquiteturas hipermídias para organizá-los e disponibilizá-los ao pesquisador em nível de pós-graduação?Como melhor explorar as diversas formas de ensino e produção/difusão científicas e artísticas interativas permitidas por esses meios?

Para responder a essas questões, trata-se, em primeiro lugar, de fazer uma investigação, via rede, de projetos similares já em andamento no Brasil e em outras partes do mundo para investigar os procedimentos que estão sendo empregados para sua realização. Para isso, o programa de COS já iniciou contatos, por exemplo, com o "Center for Advanced Inquire in the Interactive Arts", da Universidade de Wales, UK, através de seu diretor, Roy Ascott, estando em fase de elaboração um projeto de intercâmbio com esse centro. Também já estamos em conexão com o "Centro de Pesquisas Interdisciplinares", da Universidade de Kassel, através de seu diretor George Christoph Tholen, onde estão sendo realizados experimentos com aulas virtuais complementares e extensivas às aulas presenciais. Há um convênio interuniversitário entre a PUCSP e a Universidade de Kassel. Também já iniciamos contatos com o MIT, USA, através de Walter Bender, diretor do projeto "News in the Future". Numa segunda fase, esses contatos deverão ser ampliados para outros centros de pesquisa com experiências em ensino e pesquisa virtuais para que se possam selecionar aquelas experiências que mais se aproximam da nossa proposta, analisando suas potencialidades e implicações.

3.3.3 Para responder às questões acima arroladas de modo prático, a terceira face do projeto está voltada para a implantação de um modelo piloto para o desenvolvimento de estudos de pós-graduação que, em paralelo aos seus processos usuais e presenciais, numa organização complementar e paralela, ponha em funcionamento territórios virtuais de ensino, produção e disseminação da pesquisa científica e artística via rede. Para que isso seja possível, trata-se, antes de tudo, de criar um Núcleo de Produção Hipermídia aplicada à criação e ao ensino à distância. Já existem três Núcleos no programa de COS, acompanhados de seus respectivos laboratórios: o de Linguagens Visuais, o de Linguagens Sonoras, o de Linguagens Verbais e Literárias. Esses três Núcleos estarão dando suporte ao Núcleo de Produção em Hipermídia, na medida em que este, de fato, necessita das produções sonora, visual e verbal como material subsidiário à produção hipermidiática.

Em função dos resultados que forem sendo alcançados pela pesquisa, será ampliada e reconfigurada a web site (www.pucsp.br/~cos-puc) que o programa de COS já vem implantando há três anos, de modo a permitir o registro, arquivamento e disseminação de textos, obras, imagens, sons e performances. Serão assim criados catálogos não-lineares de textos e áudio-visuais, permitindo a ampla documentação de projetos em progresso, textos finalizados, obras, croquis, discussões on line etc. repleto de referências cruzadas quer sejam com fundamentos teóricos, quer sejam com momentos distintos da produção e criação.

 

4. OBJETIVOS

A meta fundamental desta pesquisa é a de investigar o potencial dos novos meios de comunicação interativos e planetários, desenvolvendo novas formas de ensino, produção e difusão da pesquisa científica e artística numa experiência piloto de ocupação de territórios virtuais que funcionem como complementação, extensão e interface com a produção e divulgação da pesquisa de pós-graduação por vias convencionais. Os objetivos têm assim três níveis:

4.1. OBJETIVOS TEÓRICOS

4.1.1 Investigar as repercussões complexas e descontínuas da globalização das comunicações nos âmbitos da ciência, da mídia e da arte.

4.1.2 Caracterizar o impacto que as novas tecnologias e novos meios de produção de linguagens provocam nos códigos culturais, especialmente científicos e artísticos, estabelecidos.

4.1.3 Analisar as mudanças que se operam no ensino e na produção/difusão da pesquisa científica quando do aparecimento de novas tecnologias comunicacionais.

4.2. OBJETIVOS DE EXPERIMENTAÇÃO E CRIAÇÃO

4.2.1 Investigar as possibilidades de ensino, produção e difusão da pesquisa artística e científica permitidas pela virtualização da informação nas redes.

4.2.2 Propor um modelo de ensino, produção e difusão da pesquisa que permita a interação e complementaridade entre os procedimentos presenciais e os virtuais.

4.3 OBJETIVOS PRÁTICOS, DE EXECUÇÃO

4.3.1 Como modo de demonstrar que este grupo de pesquisa tem condições, em termos logísticos, de realização deste projeto, já foi implantada no programa a rede COS (www.pucsp.br/~cos-puc) que, num primeiro momento, colocou on line todas as informações sobre o programa, tais como regulamentações, teses defendidas, avaliações do corpo docente, centros de pesquisa, núcleos de linguagens, visual, sonoro e verbal, agenda etc.

4.3.2 Num segundo momento, e através de um processo de organização botton up, começaram a ser diponibilizados na rede COS, a partir da iniciativa dos próprios pesquisadores em formação ou pós-doutorandos, foruns de debates, mostras de arte, listas de discussões (ver, por exemplo, Rede sobre Significação Musical, coordenada por Dr. José Luiz Martinez) publicações eletrônicas (ver, por exemplo, Revista Face) etc. Recentemente, também foi colocado em rede, sob os auspícios da FAPESP, o CIMID, Centro Virtual de Investigação em Mídias Digitais (CIMID.org.; há um link na Rede COS para esse Centro).

4.3.3 . A proposta de um modelo de ensino e produção/difusão da pesquisa via rede pressupõe necessariamente o desenvolvimento de um know how de produção hipermídia aplicada à criação e à educação à distância. Sem uma equipe de pesquisadores treinados nessa nova linguagem, os procedimentos de educação à distância seguem inadvertidamente velhos modelos, na maior parte das vezes, inoperantes nesse novo meio. Daí a necessidade de implantação de um Núcleo de Produção Hipermídia, a partir de cujo know-how poderemos estar desenvolvendo e disseminando a utilização da cultura digital pelo mundo universitário. Portanto, numa interação indissociável entre os estudos teóricos e a aplicação prática, este projeto buscará encontrar as arquiteturas hipermídia mais eficazes para finalidades específicas. Com isso, os resultados a serem obtidos pelo projeto, entre os quais se destaca o desenvolvimento de aulas e pesquisas on line, serão imediatamente disseminados via rede com todas as ferramentas disponíveis que o projeto tem por finalidade explorar.

5. METODOLOGIA E PLANO E TRABALHO

5.1Considerações gerais:

Como já foi mencionado, a pesquisa compreende: (5.1) uma parte de reflexão teórica, com base na bibliografia levantada; (5.2) uma parte de experimentação e criação; (5.3) uma parte de execução prática, incluindo o know how da linguagem hipermídia e a familiaridade com os potenciais das redes de comunicação. Parte-se do pressuposto de que, no terreno das tecnologias da informação e comunicação, o melhor procedimento metodológico é aquele que acompanha, informa e se nutre da indissociação da reflexão teórica com o fazer produtivo, criativo e prático. O projeto proposto encontra, assim, nas redes de comunicação, o território privilegiado para esse intercâmbio indissolúvel da reflexão com a produção, a criação e a operacionalização prática.

Tendo por objeto de investigação os fenômenos complexos e voláteis, imprevisíveis e espontâneos das redes de comunicação, em suas bases gerais, esta pesquisa fará uso de uma metodologia qualitativa. Dentro dos preceitos do método qualitativo partir-se-á do pressuposto de que há uma relação dinâmica entre o fenômeno pesquisado e o sujeito que o pesquisa, uma interdependência viva e indissociável entre sujeito e objeto. Esse preceito da abordagem qualitativa é ainda mais acentuado e apoiado pela metodologia semiótica, esta fundada numa epistemologia sígnica, segundo a qual a relação sujeito e objeto se dá pela mediação dos signos. Uma tal metodologia encontra nas redes de comunicação, nas interfaces semióticas entre homem e máquina, um campo privilegiado de atuação.

5.2 Considerações específicas :

Em termos mais específicos a metodologia se desenvolverá em vários níveis, tais como:

5.2.1 . Para atender aos objetivos teóricos: estudo da bibliografia disponível.

5.2.2. Para atender aos objetivos de experimentação e criação:

5.2.2.1 . levantamento de uma amostra de experiências de pesquisa similares em outras partes do mundo, considerando-se também algumas experiências que já estão sendo levadas a efeito no Brasil. Dentro de uma metodologia qualitativa, esses levantamentos não serão feitos de maneira linear e cumulativa, de modo mensurado, mas serão dados colhidos iterativamente, num processo de idas e voltas, nas diversas etapas da pesquisa, quer dizer, os dados colhidos nessas diversas etapas estarão sendo constatemente analisados e avaliados, e como fruto dessa análise e avaliação serão incorporados ou não, rejeitados ou transformados. Os critérios para a avaliação visarão à escolha de alternativas que estejam mais próximas, satisfazendo os objetivos do projeto, isto é, a exploração das formas de interatividade nos processos de ensino e produção/difusão da pesquisa na complementaridade entre processos "reais" e virtuais.

5.2.2.2 . Criação de um Núcleo de Produção Hipermídia que seguirá as seguintes etapas, abaixo discrimidas passo a passo:

- Orientação do planejamento e montagem da estrutura do N.P.H.

- Criação e produção dos manuais de orientação e produção de Hipermídia em Hipermídia. CD-ROMs personalizados para o N.P.H.

-- Manual Interativo Banco de Mídias e Iconográfico

-- Manual Interativo Criação e Roteirização em Hipermídia

-- Manual Interativo Direitos Autorias em Mídia Digital

- Organização e Formação do Banco Iconográfico e de Mídias

-- Pesquisa e Aquisição dos Bancos de Vídeos (em oferta no mercado) existentes nas áreas definidas como prioritárias.

-- Digitalização de vídeos temáticos das áreas prioritárias

-- Reunião bibliográfica e pesquisa na Internet de sites que contemplem as áreas prioritárias

- Treinamento dos pesquisadores envolvidos nos projetos de Ensino a Distância.

-- Curso de Introdução à Hipermídia (turmas com 12 pesquisadores) Objetivo básico: Oferecer noções de softwares gráficos e de autoria. Nesta etapa os professores já poderão começar a produção de material didático em mídia digital para suas próprias aulas, o que geralmente tem se revelado uma boa motivação para os pesquisadores.

-- Curso de Produção de Hipermídia. Neste curso o pesquisador já sairá totalmente competente para planejar seu material em Hipermídia e planejar a interatividade em rede. (turmas com 12 pesquisadores)

- Planejamento (projeto) de toda a estrutura necessária para começar um processo de ensino a distância.

-- Orientação à aquisição dos softwares necessários e dos ajustes técnicos necessários para que esses mesmos softwares possam funcionar em sua capacidade plena junto ao provedor.

-- Implementação das questões relacionadas com a rede, juntamente aos pesquisadores e, principalmente, apoio técnico para que os mesmos possam ter total autonomia nesta área de produção. O objetivo é oferecer uma parcial autonomia, tanto técnica (conhecimento mínimo de suas necessidades) quanto de desenvolvimento e programação.

-- Produção de um DEMO (ou de um BETA) para exemplificar o que poderá ser feito na Universidade. Isto poderá ser desenvolvido elegendo uma área de atuação junto aos coordenadores responsáveis, através da produção de um curso totalmente voltado para esta área. Fica claro aqui que deveremos ter por escopo uma grande autonomia para que o professor possa planejar e criar o seu próprio curso.

-- Criação de um manual personalizado para o Núcleo de procedimentos na rede (WEB) para os professores que ministrarão um curso a distância. Este manual orientará os procedimentos adequados em rede por parte do docente.

-- Levantamento das condições de operacionalização já existentes na Universidade. O que poderá ser utilizado e o que será necessário para que o atual sistema possa funcionar de forma sustentável (WEB), dado que a estrutura WEB de ensino a distância implica um número expressivo de consultas simultâneas.

-- Levantamento de dados quanto ao perfil do usuário atual da WEB em ensino a distância e critérios metodológicos a serem adotados para que seu ingresso no curso e manutenção e conclusão não sejam traumáticos (diminuição da curva de frustração e desistência).

-- Elaboração de Normas para Funcionamento e intersubjetividade no tratamento com os discentes dentro da WEB. Estrutura ética a ser implementada.

5.2.3 Para atender aos objetivos práticos, de disseminação da pesquisa

5.2.3.1 . seus frutos estarão sendo gradativa e continuamente incorporados na própria rede, na forma de publicações, distintas experiências de aulas virtuais, foruns de debates, grupos de discussão etc. o que dará uma visibilidade inédita ao andamento da pesquisa, permitindo inclusive incorporar críticas que resultem num processo imediato de correção de rotas.

5.2.3.2 . A parte executiva do projeto prevê a existência de uma equipe executora, dirigida por um programador de sistemas (já contratado pelo COS), que tem familiaridade com as redes eletrônicas, o que permitirá a administração do registro e arquivamento de todos os textos, imagens, sons e performances resultantes das pesquisas em mídias interativas, colocando-os on line seja na forma de obras de referência (como em CD-ROMs) ou como publicações dinâmicas (WEB Sites). É essa equipe que garantirá a viabilização, via rede, das novas formas de difusão da pesquisa propostas no projeto.

 

6. RESULTADOS ESPERADOS:

6.1. Laboratório de treinamento e produção de Hipermídia aplicada ao Ensino a Distância com pessoal treinado, técnica e conceitualmente, em todo processo de criação, desenvolvimento e produção de Hipermídia.

6.2. Treinamento de pesquisadores (dois cursos: versão introdutória e versão adiantada na produção de hipermídia) na linguagem da hipermídia. Os pesquisadores estarão em condições de começar a produção de material educacional para os primeiros cursos a distância.

6.3 . Quatro manuais de orientação (em CD-ROM) às etapas de criação, desenvolvimento e produção em hipermídia: Manual Interativo Banco de Mídias e Iconográfico; Manual Interativo Criação e Roteirização em Hipermídia; Manual Interativo Direitos Autorias em Mídia Digital; Manual Interativo Procedimentos na Rede.

6.4 . Criação do Banco de Mídias e Iconográfico contemplando, prioritariamente, as áreas estratégicas definidas pela Universidade.

6.5 . Incorporação das produções resultantes da pesquisa na rede para disponibilização a quaisquer usuários interessados.

6.6. Quando os resultados de uma pesquisa vão sendo disponibilizados via rede, em uma estrutura coerente e eficaz, o impacto esperado fala por si.

 

7. Cronograma:

Primeiro semestre

Pesquisa bibliográfica

Pesquisa de projetos virtuais similares

Definição do espaço físico de funcionamento do Núcleo

Orientação e aquisição da estrutura de softwares e hardware

Início da criação e produção dos CD’s (Manuais) de treinamento

Recrutamento e seleção de pessoal

Segundo semestre

Treinamento da equipe de criação e produção do Núcleo

Finalização dos CD’s (Manuais) de treinamento

Início da pesquisa e aquisição dos Bancos de Vídeos e Animações (em oferta no mercado) existentes nas áreas definidas como prioritárias.

Reunião bibliográfica e pesquisa na Internet de sites que contemplem as áreas prioritárias.

Terceiro semestre

Produção do Beta com o intuito de testar as potencialidades da rede então instalada

Curso de Introdução à Hipermídia (turma com 12 pesquisadores)

Quarto semestre

Pesquisa e levantamento de dados quanto ao perfil do usuário atual da WEB em ensino a distância;

Curso de Produção de Hipermídia

Inserção na rede das criações em Hipermídia