PROF.PHILADELFIO
MENEZES NETO (in memorian)
ALUNA: THAIS WAISMAN
DISCIPLINA: CULTURAS
GLOBAIS
PERÍODO: SEMESTRE
1/2000
MONOGRAFIA:
APRENDIZAGEM
GLOBALIZADA ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA: O INÍCIO DE UMA CULTURA GLOBAL?
Homenagem póstuma
Ao Prof. Phila, como carinhosamente o
chamávamos, meu primeiro professor no
Mestrado da PUC...sentirei saudades das discussões e das risadas em sala de
aula. Onde quer que esteja agora, continue “provocando-me intelectualmente”,
pois este é o seu e o meu prazer e a forma como marcamos nossa rápida
convivência..
Este trabalho é escrito para você.
Divirta-se, descanse, visite-nos!
Introdução
Falar
de aprendizagem global é fazer um
percurso pela história, aterrizando em
Roma dos Césares (com traços da cultura grega presente no Oriente) ou estudando
os papiros do Mar Morto datados de 5.000 anos e hoje expostos no Museu do Livro
da Universidade de Tel Aviv, em Israel; é também, entrar pelo túnel do tempo
teletransportando-se para outras épocas e aprender como as pessoas aprendiam e
fazer um exercício de imaginação sobre como será o aprendizado nos próximos
anos. Ora, o mundo era reduzido à universos pequenos, conquistáveis e
reconquistáveis que mudavam de donos e de língua tão frequentemente quanto hoje
é lançado um novo processador para os computadores, mas dificilmente de
cultura, de valores, de ideais, de ética, de estética.
Assim,
o homem mantinha e mantém seus costumes à despeito de conquistar ou ser
conquistado, de colonizar ou ser colonizado porque mudança de cultura implica
em mudança de hábito e de comportamento, segundo S.C.Pierce, e o código
genético do indivíduo trás sua marca pessoal, cultural, ancestral, mesmo que
ele não perceba isto. Appadurai,1994 já dizia que os diálogos heterogêneos
reforçam uma variedade de ideologias e tradições e que a mídia não transforma
os consumidores em ingênuos passivos em nenhuma sociedade.
Este
texto propõe-se a discutir a aprendizagem global através da discussão da
cultura global e das mídias que permeiam o processo de globalização,
especialmente o uso da Internet e da rede mundial WWW como pano de fundo da
difusão da cultura e aprendizagem através da Educação a Distância via Web.
Aprendizagem Global
Devemos
agora definir globalização em seus aspectos culturais, políticos, sociais e
financeiros para podermos dar continuidade. Para Featherstone, 1990,
globalização refere-se à extensão dos desenvolvimentos na comunicação e na
cultura. Podemos extrapolar a definição posicionando o homem como cidadão que
tem seus direitos de cidadania respeitados e preservados; que tem condições
sócio, econômicas e culturais de fazer parte do mundo, sem estar à margem dele.
Hoje
fala-se em excluídos ou analfabetos digitais, ou seja , aqueles que não têm
acesso ao World Wide Web, ou seja, à grande teia que conecta o mundo. Assim,
imagina-se que quem não estiver conectado, está fora das grandes mudanças, do
conhecimento, da aprendizagem, das informações, do mundo dinâmico.
Por
este percurso, sabemos que tanto educação global como cultura global ser
praticamente impossível, pois trata-se de modo coletivo de vida, incluindo seus
repertórios de crenças, estilos, valores éticos, morais, estéticos, assim como
símbolos próprios. Devemos falar, sim, em culturas globais e educações globais.
Garcia
Conclini em 1990 disse que a subjetividade e a desordem criativa na produção
cultural, impedem a homogeneização e manipulação da mesma; o mesmo vale para o
ideal de educação global.
Será
isto verdade?
O
homem sempre aprendeu através dos meios disponíveis que encontrou ou criou para
tal. Com conhecimentos muitas vezes restritos e relativos à sua cultura local,
indivíduos de lugares diferentes apresentam sinergia nas suas aprendizagens. O
conhecimento está latente dentro de cada um, basta a oportunidade de torná-lo
competente em um determinado assunto, através do desenvolvimento das
habilidades e com a capacidade adequada para externar seu Dom, sua expertise.
Os
meios pelos quais o indivíduo vai buscar tal competência ou buscar
desenvolver-se, vai facilitar ou não seu processo de aprendizagem e é neste
ponto que a Educação a Distância pode Ter eu papel fundamental.
A
Educação a distância, doravante tratada simplesmente como EAD, também terá que
ser especificada no seu aspecto das mídias a serem utilizadas, ou seja, vivemos
num país onde 11MM de pessoas têm computadores e 8MM têm acesso à Internet
(dados de Jun/2000), ou seja, à rede mundial de computadores – WWW – World Wide
Web; mas igualmente vivemos num país de 170.000.000 de pessoas, ou seja, menos
de 10% da nossa população tem acesso à Internet e às informações nela contida,
ou seja, o Brasil não é um país on line.
O
que deve ficar bem claro é que quando se fala de EAD, no meu ponto de vista,
deve-se contemplar todas as mídias possíveis e disponíveis naquele determinado
ambiente; assim, fala-se de CD-ROMs, de televisão, de Internet, de
Videoconferência, de Teleconferência, de vídeo cassete, de rádio, de telefone e
de outros meios que logo surgirão. Hoje
a EAD ainda é vista como aulas ela Web, ficando restrita à uma elite que tem
acesso à Internet e que tem a capacidade intelectual da auto-aprendizagem,
utilizando a tutoria eventual como um guia para seus estudos pessoais e outros
recursos de interatividade que dão ao estudante a sensação de estarem acompanhados
na frente da tela, ou seja, há algo mais que uma tela de cristal líquido, há
alguém dando retorno aos seus questionamentos, respondendo suas dúvidas on
line, respondendo aos e-mails, falando com ele pelas salas de bate-papo
monitorados, fomentando listas de discussões, marcando encontros pelos
programas de imagem e teclado, até mesmo voz, enfim, uma série de oportunidades
que fazem com que o aluno sinta-se amparado, em meio à outros colegas e
respeitado no seu tempo de aprendizagem e método pessoal de decidir em que
momento deve fazer o quê.
Numa
população de analfabetos e desnutridos, onde a vida média de uma criança na
escola é de 500 dias (dados do
MEC,2000) e onde ela repete o mesmo curso até 8 vezes porque não consegue
alfabetizar-se, falar em EAD, em auto instrução é um paradoxo que vira um
paradigma: ensinar a aprender e não criar uma geração de excluídos
digitalmente, como já foi dito anteriormente.
A
desnutrição intra-útero leva a uma diminuição de proteína cerebral – matéria
prima para a produção de neurônios. O cérebro alimenta-se de glicose,
exclusivamente. Veja o quadro dramático; formam-se menos neurônios que o
necessário e o que resta, funciona mal porque não se alimenta direto. Como,
então, pensar em EAD e inserir estas pessoas num contexto de aprendizagem e
cultura global? Como diz Célia Ferraz, diretora executiva da Academia Accor “treinar meus 2000 executivos é muito fácil,
pois podem atender a qualquer curso em qualquer lugar do mundo e utilizar
qualquer mídia para aprender; mas o que fazer com meus 18.000 funcionários que
mal tem o ensino fundamental completo e têm que atender os clientes nos hotéis
5 estrelas? Como levar a EAD e o mundo para este contingente?”.
O
que realmente está acessível à população como um todo, além de canais de TV e
rádio, escolas públicas e privadas? A
quem se destina a aprendizagem global?
Qual é este público-alvo que será contemplado com este novo método ou processo
que ganha corpo mundial e investimentos astronômicos? Quem ditará a
aprendizagem global?
Quando
falamos da situação dramática de desnutrição, analfabetismo, etc.; estamos
falando de 2/3 do mundo e não somente do nosso país. Recentemente, a UNESCO, em
conjunto com o Banco Mundial, numa tentativa de levar esta cultura global
através da aprendizagem via ED, criou o Projeto Enlaces
(www.enlaces.com.br). Este projeto visa
conectar pela Internet crianças de diferentes países, distintos níveis sociais.
Estas crianças contam como e onde vivem, como é o seu país, sua escola, a
geografia, a história, a vida diária. Elas se correspondem por e-mail e o
intuito final é fazer um intercâmbio presencial, onde crianças de países
carentes irão passar um tempo estudando em países ricos, num sopro de esperança
de algum dia terem alguma coisa diferente para contar e uma chance de melhorar
e ascender a sua própria vida. No Brasil, 21 escolas da Grande São Paulo
participam deste projeto. São assessoradas por treinadores externos à escola
que as ensinam a mexer no computador, navegar na Internet. O idioma utilizado é
o inglês, auxiliados pelas professoras de línguas da escola.
Será
este um caminho a seguir em maiores proporções, em outros níveis de
aprendizagem? Será este é um protótipo da aprendizagem global?
Globalização sob o
ponto de vista da Educação
A
Globalização é um processo de comunicação pura, na acepção da palavra, já que
comunicação pode ser definida como os meios técnicos de registrar e definir
signos. A cultura acaba sendo um processo social e, porque não tribal, pela forma como é transmitida pelos grupos que
atinge. As diferentes culturas globais existentes e os métodos educativos
difundidos associados a elas, recaem num embate ideológico global, pois
acentuam as diferenças sociais, culturais por um lado e, por outro lado,
homogeneizam parâmetros culturais e verdades absolutas difundidas por um
“gerador” de cultura e de modelos educacionais.
O
ponto de congruência destas duas questões passa a ser a adequação da cultura
local à cultura global, ou seja, do conteúdo adequado para aquela
aprendizagem local e que é verdadeiro
para um determinado país, nicho, cultura, população, necessidade. Preservar as
diferenças da cultura local, no ambiente global – os filtros locais passam a exercer um papel fundamental, e ao
mesmo tempo, cria-se um outro problema: quem determinará qual conteúdo é
pertinente e qual deve ser descartado?
Falar
em aprendizagem global, ou educação global, infere-se que o os curriculum
básicos de todo o mundo devem ser unificados, que a oferta dos cursos será
feita or alguns poucos e que o resto do planeta continuará a ser “colonizado
digitalmente”, tendo que aceitar o que lhe oferecem. O abismo cultural será
cada vez maior, pois as necessidades de aprendizagem, os objetos de estudos, o
conteúdo globalizado não traduzirá as diferenças locais. Cada grupo continuará
produzindo seus conteúdos e adaptando os conteúdos ditos globais. Ora, uma vez
que alguém lê uma idéia, aplica sua experiência, rescreve aquele conceito,
estamos falando em semiose de signo, portanto, na criação de elementos novos,
portanto, de novos signos, novas idéias, novos conceitos, ou seja, outro
conteúdo.
E
o global, onde ficou? Creio que onde deve estar, disponível para quem quiser
utilizar, mas sem a obrigatoriedade para tal, servindo de guia, em alguns casos
para outras criações mais autênticas de produções locais.
Mas
o que é global?
Global
é aquilo que atinge todas as culturas, penetrando no modo de vida das pessoas,
mesclando-se com o senso comum local, e que passa a ser adotado como valores
próprios, sendo respeitado por todos e reconhecidos em qualquer lugar do mundo
onde o indivíduo se encontre.
Aqui
pode-se fazer um parênteses para falarmos um pouco da linguagem...tudo que é
comunicável passa pela linguagem, onde o homem e natureza criam seus signos,
criando seus sistemas próprios de linguagem. Tais sistemas de linguagem são
sistemas de comunicação que são propagados através de repertórios sígnicos, que
geram convenções que são utilizados pelo homem. O homem estabelece códigos de
respeito para a convivência humana, o que se traduz por Educação.
O
homem tem a capacidade de pensar sobre o seu próprio sistema, ação que não
acontece com a natureza, pensando sobre o mundo, criando novos signos,
estabelecendo novas linguagens, que geram códigos que são aceitos por um grupo
de indivíduos que passam a respeitá-los e os chama de Educação. Num certo
sentido, trata-se da própria semiose do signo, se tomarmos como signo a
linguagem, interpretante o homem e objeto a Educação.
Neste
ciclo sem fim da metalinguística, onde o homem reflete sobre o signo que ele
cria, ininterrupto, constante, mutante, gerar uma aprendizagem global é um
desafio interessante, pois o que se está dizendo é que códigos estão sendo
gerados constantemente e estes devem ser aceitos por todos, globalmente; o que
me parece um pouco ousado.
Quando
se fala em Educação, em aprendizagem, não estamos falando das matérias básicas
escolares, nem dos cursos de graduação, mas daquilo a mais que o indivíduo
deveria Ter ressaltado na sua existência: suas competências e habilidades, sua
capacidade de discernimento, seu poder de resolução de problemas, sua
capacidade produtiva, seu poder de decisão coerente com o objeto a ser
decidido. Estas tarefas requerem um ajuste muito difícil de ser atingido pela
maioria da população: a mudança de hábito, fruto de um interpretante dinâmico
consciente, atuante, que passou por todas as fases da semiose da Educação e que
ao fim, consegue interagir como meio que o provocou, modificando o objeto,
reescrevendo o signo.
Falar
dessa mudança é falar da Educação intra-útero, ou seja, das oportunidades do
indivíduo desde sua vida intra-uterina, de como será este processo educativo,
quais oportunidades a natureza colocará diante dele que o alavancarão para um
processo mais elaborado e elitista: modificar seu meio, interagir ativamente,
não só contemplativa ou participativamente.
A
globalização tem várias definições que não vem ao caso aqui, mas sim o seu
sentido intrínseco da invasão de valores de um lugar para outro, contagiando a
cultura local, e por consequência, a Educação. Se o destino final desta
globalização é que um país mais forte culturalmente e síncrono com seus hábitos
enraizados, não necessariamente mais rico, o resultado pode ser uma
retro-invasão, ou seja, a contaminação da cultura externa pela interna, numa
retrodifusão não prevista, porém com o mesmo fim: espalhar conceitos,
princípios, valores, conteúdos, produções de muitos para muitos.
A
interatividade – capacidade do indivíduo interagir com o meio, ou seja,
modificá-lo, é algo que deve ser valorizado, pois quando se fala de EAD,
fala-se de massificação de aprendizagem, de difusão de conhecimentos, de
Educação fácil, acessível, barata, “massificada”, onde indivíduos diferentes de
pontos distintos do planeta, têm oportunidades iguais: a aprendizagem, a
Educação, as oportunidades.
A
Educação a distância, via Internet, ou ensino baseado pela Web como é mais
comumente conhecida, apresenta-se como a mídia que pretende viabilizar este
processo e ser a infovia que comunicará o mundo através de seus provedores de
conteúdos, provedores de acesso, e todas as infinitas possibilidades que o
mundo WWW trás.
O
mundo web é um emaranhado labiríntico de nonsenses perdidos no meio de produtos
de excelente qualidade. Contrariando o paradigma da comunicação de um para
muitos, estilo rede Globo, a Internet é o ambiente ideal onde cada um publica o
que quer e todos têm o direito de ler o que interessar, igualmente. Controlar
este meio de comunicação, estabelecendo filtros, controlando a produção livre e
independente, é voltar na história e no tempo, onde a censura fazia parte da
rotina e a produção intelectual tinha o crivo de alguém que não entendia,
necessariamente, do assunto.
A
Internet pode ser um excelente difusor de conteúdos e aprendizagem, desde que
se respeite a cultura local.
Abordando
o tema cultura...quando falo em cultura, refiro-me ao conjunto de atributos e
elementos externos que fazem com que uma cultura distingue-se da outra, num
processo de identidade e autonomia que enfatiza as diferenças entre as
culturas; daí concluímos que uma cultura só existe se se distingue de outra
cultura. O contato com estas culturas externas sempre vai ocorrer pelos meios
de comunicação, e neste caso, pela Internet como o meio escolhido para a
difusão em massa dos conteúdos de aprendizagem criados em pontos distintos do
planeta e disponibilizados pela Internet para o mundo.
O
indivíduo fixa o conteúdo aprendido, ou
seja, registra , cria sua memória. Outro elemento que deve ser lembrado é a
reprodução dos elementos de aprendizagem já registrados, ocorrendo uma
socialização das informações e do
conhecimento. Isto tudo pode levar a uma modificação dos hábitos da própria
sociedade, ou seja, uma adequação aos elementos aprendidos e internalização
destes conhecimentos, que passam a fazer parte do cotidiano do indivíduo e,
então , respeitado como valor comum de Educação, aprendizagem, referência.
No
mundo globalizado, as fronteiras já não devem existir, pois as informações, o
conhecimento estão onde o indivíduo estiver conectado. O tempo é cada vez mais
instantâneo e os espaços inexistem, praticamente. Isto equivaleria a você estar
na sua casa, fazendo um curso EAD em Harvard, via streaming, pelo seu
computador na mesma hora, on line, on time, que o indivíduo que está presente nesta
sala de aula presencial e física.
A
Internet é um grande sistema de comunicação bidirecional e, por isso,
interpessoal, facilitando e convidando seus visitantes a integrarem um mundo
onde acredita-se que há outro do outro lado da tela falando com você. De todos
os meios de comunicação, a Internet é o que apresenta, aparentemente, mais
condições de compor este quadro global que exige alguns elementos: rapidez,
penetração global, capilaridade, facilidade de uso, preço acessível, bidirecionalidade, facilidade em criar
conteúdos, interpessoalidade.
Ora,
poder-se-ia pensar na TV pela descrição acima, mas a TV interativa e por
satélite ainda tem que conquistar um grande espaço, baixar custos e apresentar
soluções mais concretas. Hoje, 92% dos lares brasileiros têm TV, superando de
longe o computador.
Ter
acesso rápido à informação é um bem altamente valioso. O que fazer com tanta
informação é uma decisão pessoal individual. Saber onde se encontra cada
elemento que se busca e a melhor forma de utilizá-lo é um requisito básico nos
dias de hoje e nos mundo globalizado, dada a quantidade enorme de informações
que bombardeiam cada indivíduo hoje em dia. Na verdade, informação não é um bem
tangível que se pode guardar em uma gaveta, mas sim o que se necessita, na hora
certa e a melhor performance para encontrá-lo.
Partindo
deste princípio, a cultura de Educação continuada, via EAD passa a ser uma
técnica de sobrevivência, onde as missões diária incluem reciclar-se, estar em
dia com as novidades, economizar tempo e dinheiro, obter programas rápidos,
etc.
Comunicação e globalização
No texto Comunicação e a era
pós-moderna,1995 Monica Rector e Eduardo Nava, fala-se sobre o trabalho de
interpretação ser também um processo de autodescoberta e compreensão. Cada interpretação
de um símbolo é simultaneamente uma interpretação e uma transformação da imagem
que cada um possui de si mesmo, retomando a semiose do signo. Isto significa
utilizar a mente associativa complexa entre mundos internos e externos, sendo
esta uma das formas como o homem aprende, por associações.
Tudo está aberto à diversos usos e
interpretações; tais como símbolos têm significados diferentes para pessoas
diferentes, assim como coisas diferentes para a mesma pessoa. Diferentes
aspectos de uma imagem ou texto podem,
significar coisas diferentes para a mesma pessoa ou para pessoas diferentes. Um
mesmo texto pode ser interpretado de vários modos pela mesma pessoa em momentos
diversos ou em outras circunstâncias. O significado é compartimentalizado e relativizado.
Globalização refere-se à extensão dos
desenvolvimentos na comunicação, na cultura e, consequentemente na Educação.
Não há uma vila global, ou seja, uma super sociedade mítica que tudo engloba e
que, baseada na tecnologia, repõem as culturas e sistemas sociais locais que não são desejados e estão ultrapassados.
Apesar das tecnologias, não nos transformamos ou nos transformaremos num só povo. As mudanças político-econômicas não são introduzidas de maneira uniforme nos contextos culturais, sempre interagem segundo diversas condições locais, respeitando as diferenças e homogeneidade das culturas globais e locais..
Isto nos leva a crer, mais uma vez, que
a Educação global é um paradoxo e, talvez, uma confusão dialética de
significados de palavras e expressões, talvez o correto seja “Informação Global”, ou seja , um mundo de
produções do mundo inteiro disponibilizadas das mais diversas formas, por
diversas mídia, acessíveis no momento e hora desejados.
Outro aspecto interessante é que as
intenções das pessoas entram diretamente em ação quando se defrontam com algum
material cultural, despertando seu censo crítico e seus conhecimentos
adormecidos; ativando filtros preexistentes que vão dizer que isto ou
aquilo não se adequa ao seu meio e,
portanto, é desprezado. O mesmo acontece com a Educação Global, quem disse qual
é melhor? Melhor é aquele que atende às suas necessidades gerais de conteúdo,
experiência embutida, facilidade com a língua, fácil assimilação, exemplos
pertinentes, etc. caímos de novo a modificação local que modifica a produção
original, portanto criando outro conteúdo.
Podemos pensar em como o
desenvolvimento que nos mostra algumas maneiras com que os territórios
culturais diferem e se expandem num mundo onde pessoas e imagens se locomovem
numa velocidade assustadora. Tradições culturais nunca foram estáticas, mas
sempre reinventadas pelas gerações seguintes ( Giddens, 1990), assim, o que é
global hoje, talvez não o seja para a próxima geração; excetuando-se os
clássicos que nunca deixarão de existir e que sobrevivem à guerras bombas,
tecnologias porque fazem .o pano de
fundo com que o home norteia seus conhecimentos teóricos, afim de modificar e
interferir na produção atual.
Culturas mundiais estão sendo continuamente recontextualizadas em novas províncias do significado. Relações sociais como música e arquitetura assumiram uma melodia global.
A questão é como as pessoas interpretam seus mundos em contínua mutação, fazendo com que tenham algum sentido e desenvolver seus interesses pessoais, sociais, culturais e educacionais.
Globalização refere-se à extensão dos
desenvolvimentos na comunicação e na cultura. Não há uma vila global – super
sociedade mítica que tudo engloba e baseada na tecnologia repõem as culturas e
sistemas sociais locais que não são
desejados e estão ultrapassados.
Apesar das tecnologias, não nos
transformamos ou nos transformaremos
num só povo. Há algumas esferas de influências que introduzem e reforçam
certos valores de padronização e prática. As mudanças político-econômicas não
são introduzidas de maneira uniforme nos contextos culturais, sempre interagem
segundo diversas condições locais.
A
Educação a Distância reforça alguns aspectos desta globalização quando facilita
o acesso do indivíduo, num clique de mouse, a um mundo totalmente desconhecido
anteriormente, porém o faz mais local,
acentuando suas diferenças e suas particularidades, preparando-o muito mas para
atuar em comunidades de aprendizagem que tem interesse em comum que
propriamente introspectando o conhecimento que lhe foi imposto por um sistema
mais avançado ou mais poderoso ou mais articulador.
A EAD, especialmente via Internet, tem um
importante e definitivo papel na Educação Global, mas no que diz respeito às
oportunidades inúmeras oferecidas ao indivíduo tanto de receber informação e
conectar-se, como oferecer seus conhecimentos e expertise em prol de algo mais
grandioso.
Os
grandes dirigentes da EAD no mundo, ou seja, os grandes representantes das
principais instituições buscam, desesperadamente, parcerias internacionais, à
despeito da língua utilizada e do processo de comunicação metodizado. Isto
denota uma tendência mundial de quebra de barreiras e da não fronteiras, onde
os países de primeiro mundo querem “comprar” conhecimento e, mais interessante
ainda, educação dos países em desenvolvimento. Muito curioso, pois trata-se de
um processo que influencia diretamente a formação de seu contingente de força
de trabalho especializado ou mesmo das novas gerações que surgem e vão
beneficiar-se desta globalização benigna, silenciosa, saudável; deixando para
trás confusões como Buenos Aires capital do Brasil.
Talvez
possamos, com este movimento que se inicia, descobrir muito mais afinidades com os povos nórdicos, or
exemplo, que com os nossos vizinhos de fronteiras. A EAD e os resultados
promovidos por estes intercâmbios nos contarão.
O
mundo caminha para esta busca incessante de troca, de solidariedade, de
capilarização dos conhecimentos perdidos e a Internet, pela EAD, é uma mídia
fabulosa, se bem utilizada, não para a Educação Global como única de um para
muitos, mas para uma Globo melhor educado beneficiando-se de produtos de
educação de qualquer lugar do mundo e cumprindo a árdua função social de
cidadania, ou seja, diminuindo o número de analfabetos clássicos do mundo e
levando mais saúde e educação latu sensu
para a humanidade.
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