Situando o Ensino de Produção de Leitura e de Textos Dentro do Processo da Globalização

1. Introdução:

 

           Na apresentação de seu livro "Signos Plurais", Philadelpho Menezes afirma que o grande tema deste final de século é o fenômeno da globalização e que para ele "convergem os principais objetos de preocupação do mundo contemporâneo: as novas tecnologias, os novos meios de comunicação de massa e privados, as novas formas de sociabilidade, a ética (...), o choque entre o universalismo e o localismo, o novo conceito de identidade cultural, as implicações da padronização dos costumes frente aos novos veículos para expressão das diferentes vozes culturais, o surto religioso intimamente associado às crises de identidade grupais e às inovações tecnológicas (...)". (Menezes 1997:7)

           Tomando por base o interesse de vários investigadores em discutir os efeitos da globalização sobre a produção cultural, meu ensaio terá como propósito pensar a hipertextualidade e o ensino de Língua Portuguesa a partir do avanço da globalização, tentando vincular as novas maneiras de escritura e de leitura possibilitadas pela tecnologia do hipertexto ao processo da globalização cultural.

           É preciso, no entanto, frisar que, além da discussão sobre alguns significados da globalização, esta não se constituirá somente de uma reavaliação de teorias acerca da globalização, mas pretenderá debater sobre a redefinição dos meios de comunicação, especificamente a comunicação em redes, diante do processo de globalização, observando que em virtude dos novos processos materiais criados pelo homem com o propósito de fixar os signos de sua cultura, junto, emergiram novas maneiras pelas quais se experimentam as dimensões do tempo e do espaço.Estudar a relação dessas duas categorias com o ensino de produção de textos e de leituras na escola se constitui, portanto, num importante aspecto que não pôde deixar de ser contemplado.

 

1.1 Referencial Teórico:

 

           São muitos os estudos e também as abordagens que se empenham em discutir o processo de globalização no contexto do século XX.A reanálise de teorias acerca de uma cultura global se dará através de três textos extraídos do livro Cultura Global de Mike Featherstone.O primeiro é o de Arjun Appadurai, intitulado "Disjunção e diferença na economia cultural global", o segundo "Cosmopolitas e locais na cultura global" de Ulf Hannerz e o terceiro "Mapeamento da condição global: globalização como conceito central" escrito por Roland Robertson.Os ensaios de Philadelpho Menezes "Turismo e Milerarismo" e "Fins de Século: viagens no cosmopolitismo e na globalização" de Beatriz Jaguaribe complementam e enriquecem a discussão sobre espaços para as particularidades e espaços para a universalidade.Embora esses autores respondam de modo variado ao processo de globalização, sugerem com toda a clareza que existe pouca perspectiva de uma cultura global unificada.Desviando-me da idéia de uma possível homogeneização dos produtos culturais a partir de alguns centros irradiadores de poder, fica, assim, justificada minha opção por estes teóricos.

           Relativo à pós-modernidade, capitalismo, dimensões de tempo e espaço optei pelo estudo de David Harvey-A Condição Pós-Moderna.George Landow–Hipertexto:La convergencia de la teoría crítica contemporánea y la tecnologia- e Pierre Lévy-Cibercultura- são os autores que por hora utilizo para traçar relações entre o uso do hipertexto e suas contribuições para o ensino de Língua Portuguesa.


2. Globalização: alguns sentidos

 

"Anteriormente, as coisas que aconteciam no mundo não tinham nenhuma conexão entre si. Porém, a partir de então, todos os eventos estão unidos num feixe comum. (Políbio)"

 

           É preciso, de início, destacar o pensamento de Robertson (1998) e sua importante contribuição para o que ele mesmo chamou de um esforço para mapear a condição global. Indicando cinco principais fases da Globalização na história mundial recente, a partir do século XV, o autor insiste que qualquer tentativa no sentido de se teorizar o campo geral da globalização, deve levar em conta tanto a economia, quanto a cultura, os aspectos estruturais e operacionais gerais do sistema global.Dentro dessa perspectiva, ler a "forma" pela qual como o mundo se tornou "unido" requer aquilo que se chama tratamento interdisciplinar.Citando Giddens e Turner diz:

"meu ponto de vista é que não é tão necessária a tendência de uma nova disciplina para se estudar o mundo como um todo, porém, antes, que a teoria social, em sentido mais amplo- isto é, como uma perspectiva que envolve as ciências naturais- deveria ser retomada e expandida a ponto de se ocupar com o " mundo" e fazer dele uma hermenêutica central, e de tal forma que concentrasse a pesquisa empírica e histórico-comparativa na mesma direção." (p.27)

           Assim, só é possível teorizar contemporaneamente sobre o processo de globalização se, se tiver claro de que forma a ordem mundial se constrói.Ou seja, perceber que a mudança para um "mundo único" se deveu a dois principais conjuntos de problemas: à difusão do capitalismo e ao desenvolvimento de um sistema de mídia universal.

           Semelhante posição é a do antropólogo americano Appadurai (1998).Para esse autor, entender a complexidade da atual economia cultural global requer um olhar questionador sobre o modelo estático centro-periferia.A fim de analisar as disjunções entre economia, cultura, política, sugere uma estrutura elementar composta por cinco dimensões.É somente através da análise desses "panoramas" que é possível estabelecer uma base para a compreensão em que condições ocorrem os tais fluxos globais.

           Em termos resumidos, descrevo assim essas "paisagens": a)etnopanorama: compreende o deslocamento de pessoas e/ou grupos de um lugar para outro.Entram aqui os turista, os imigrantes, os refugiados, os que trabalham fora do país de origem. b)Tecnopanorama: compreende o movimento de transferência de tecnologia de um país para outro. c)Finançopanorama refere-se à distribuição do capital global.Estruturados sobre essas disjunções estão as midiopanoramas e as ideopanoramas.d)Midiopanorama se refere tanto à distribuição de capacidades eletrônicas de produzir e disseminar informações, como também às imagens do mundo produzidas por esta mídia. e)Ideopanorama representa a luta pelo poder e pela alocação de recursos no estado público.Também se refere ás imagens do mundo produzidas pela mídia.

           Essa foi, em rápidas pinceladas, a forma desenvolvida por Appadurai (1998) para tratar da tensão entre a homogeneização cultural e a heterogeneização cultural.

           Formulando um modelo não isomórfico, o autor, mostra de que modo essas cinco dimensões influenciam a cultura. Sublinha que essa interconectividade entre os panoramas se faz muito mais pelas suas diferenças, contradições que por uma interação hegemônica.

"A globalização da cultura não é o mesmo que sua homogeneidade, porém a globalização envolve o uso de uma variedade de instrumentos de homogeneização(armamentos, técnicas de propaganda, hegemonia de linguagem, estilos de vestuário, etc), que são absorvidos na economia política e cultural local para serem repatriados somente como diálogos heterogênios de soberania nacional, de livre empresa, de fundamentalismo, etc..."(p.324)

           Complementar às disjunções culturais, aparece o conceito de desterritorialização. Appadurai considera esse fator como uma das forças básicas do mundo moderno.Para tanto, sua argumentação se direcionará no sentido de que essa desterritorialização compreendida como "a liberação dos signos culturais de um lugar fixo no espaço e no tempo", pode ser aplicada nos vários campos por ele analisados.

           Compreende-se, então, de que forma cada panorama interfere nos demais.Em outras palavras, cada panorama tem regras internas de funcionamento e é continuamente atravessado tanto pelos aspectos políticos, tecno-sociais, ambientais quanto pelos sentidos produzidos dentro do processo disjuntivo.A menção dos novos mercados para companhias de filmes, empresários das artes e de agências de viagens que prosperam com a necessidade da população desterritorializada que busca contato com o país de origem é um dos vários exemplos utilizados para embasar sua análise.

"É este terreno fértil da desterritorialização, onde o dinheiro, os bens de consumo e as pessoas se envolvem numa incessante perseguição recíproca pelo mundo inteiro, que os midiopanoramas e os ideopanoramas do mundo moderno encontram a sua contraparte. Conquando as idéias e as imagens produzidas pela mídia, a maioria das vezes, constituem apenas um roteiro parcial para as mercadorias e as experiências que as populações desterritorializadas transferem umas para as outras."(Appadurai, 1998:319)

           A mídia de massa, longe de padronizar qualquer comportamento cultural, faz mais é expandir a diversidade cultural.Nesse sentido, Lull (1997), arrematando a proposta de Appadurai afirmará que:

"A tecnologia de comunicação expande enormemente a própria natureza de um campo cultural ao facilitar a interação social que não está pres ao espaço físico. Isto é, a cultura pode ser ativamente reterritorializada em novos espaços físicos pela habilidade da tecnologia de comunicação de facilitar a interação social que transcende a distância física."(p.93)

           Às reflexões empreendidas por Appadurai, Hannerz (1998) expõe uma análise sobre o cosmopolitismo.Não tendo como objetivo chegar a uma definição do que verdadeiramente seja um cosmopolita, o autor explora apenas alguns aspectos em torno desse tema.

           De modo bastante geral, Hannerz (1998), pressupõe que a cultura global é um organismo de diversidade e que nenhum sistema de significados e expressões corre o risco de se uniformizar.O intenso entrelaçamento das culturas locais diversificadas cria a cultura mundial.Entretanto, as pessoas podem se referir de diversas formas a esta diversidade entrelaçada. Rejeita abertamente a suposição de que pessoas que não se deslocam muito(os localistas), não "fazem" cultura e complementa, defendendo que os significados nem estão atrelados a seus territórios muito menos aos indivíduos vinculados a esse. Os fenômenos coletivos estão vinculados, sim, a interações e a relações sociais e só indiretamente vinculados a áreas particulares no espaço físico.Através de duas categorias: localistas e cosmopolitas, Hannerz (1998) procura mostrar de que modo os grupos, os indivíduos se envolvem com a pluralidade das culturas e propõe uma resposta à polaridade entre localismo e cosmopolitismo.Do mesmo modo que a viagem, em si, não assegura ao indivíduo que esse expandirá o seu próprio particularismo, "estar em casa" não significa exílio e incapacidade desse mesmo indivíduo em expandir seus significados em relação ao mundo mais vasto.Assim, só se é cosmopolita, verdadeiramente, quando as estruturas de significados são alteradas além do superficial.Nesse sentido, Hannerz (1998) faz uma crítica a um tipo de envolvimento comum na vida contemporânea que é o de apenas transitar superficialmente entre os grupos.

"o cosmopolitismo, num sentido mais estrito, inclui uma posição em relação à própria diversidade, em relação à coexistência de culturas na experiência individual. O cosmopolitismo mais autêntico é, acima de tudo, uma orientação, uma vontade de se envolver com o Outro. É uma posição intelectual e estética de abertura para experiências culturais divergentes, uma busca de contrastes em lugar da uniformidade."(p.253)

Acrescenta:

"Todavia, ao mesmo tempo, o cosmopolitismo pode ser uma questão de competência, e competência ao mesmo tempo de uma forma generalizada e de uma forma mais especializada. Existe o aspecto de um estado de destreza, de habilidade pessoal para abrir caminho para outras culturas, através da escuta, da observação, da intuição e da reflexão. E existe também a destreza cultural, no sentido estrito do termo, uma habilidade inata de manipular, de forma mais ou menos habilidosa, um sistema particular de significados e de formas significativas."(p.253)

           A fim de esclarecer melhor a relação entre cosmopolitismo e globalização como sendo partes do mesmo processo de integração global, é justo, então, trazer para o debate as reflexões de Jaguaribe (1997) e Menezes (1997).

           Assim como Hannerz, Jaguaribe não pretende formular um conceito preciso do que é ser cosmopolita.Antes, procura verificar os sentidos de cosmopolitismo para a elite jovem brasileira e hispano-americana do século XIX e para alguns modernistas desse mesmo período, comparando-os com os novos viajantes do século XX.

           Evidencia que para essa escol, o sentimento de cosmopolitismo era traduzido pela possibilidade de se viajar ao mundo europeu e experimentar o "despertar de um sentimento de estranhamento no seio da própria cultura."(Jaguaribe, 1997:p.68) Ou seja, ser cosmopolita e ser culto constituía dois estágios complementares.Além de ter "comando dos clássicos, possuir conhecimentos das artes e das principais línguas européias e demonstrar competência em política e história entrevista sob o prisma do universalismo ocidentalizante"(p.67 e 68), os jovens de países periféricos que desejassem entrar no mundo da modernidade deveriam adquirir o conhecimento técnico-científico dos países abastados.A aquisição de cultura, portanto, significava ultrapassar as fronteiras do conhecimento nacional e engajar-se numa arena cosmopolita.Diversa foi a experiência para os modernista brasileiros para os quais participar do âmbito cultural europeu, vanguardisticamente, significou a revalização e renegociação com os próprios legados multiculturais de suas origens.(Jaguaribe, 1997)

           Final dos anos 90, o perfil alterou-se.Massas de turistas empreendem-se em viagens para os mais diferentes países.As expectativas, os sonhos que caracterizavam os viajantes do século XIX são outros nesse contexto.

           Menos otimista que Hannerz, a autora, em vista dos crescentes deslocamentos de populações, não crê num aumento do número de cosmopolitas.Ao contrário, do seu ponto de vista, a possibilidade de se estar conectado com o resto do mundo independentemente da localização geográfica não implicou na criação de mentalidades cosmopolitas.

           Discutindo as novas modalidades de consumo, promovidas pelos meios de comunicação e o papel da indústria do turismo, Jaguaribe sublinha que estas funcionam também como uma medida a que as sociedades modernas recorrem a fim de "domesticar" o "estranhamento" e transitar nessa esfera da metamorfose que caracteriza o mundo moderno.

           Assim, a duplicação e o artificialismo dos parques de diversão, dos museus de cera, dos parques aquáticos, garantem diversão ao turista que poderá usufruir do estranhamento sem perder os referentes que garantem o bem estar da familiaridade.

"O viajante contemporâneo convive com o hiper-real, o kitsch, a banalização do consumo e a carência do estranhamento no sentido da visitação do "sublime" e do "único". Por outro lado, especialmente nas grandes cidades, a homogeneidade aparente da modernização é constantemente contrariada pela justaposição de incongruência em paisagens complexas que fundem estilos de vida e valores em constante ebulição."(p.80)

           À autora, parece então, que ser cosmopolita não se restringe à difusão de produtos e modos de consumo cultural através dos meios de comunicação de massa,

"o cosmopolitismo cultural contemporâneo se traduzia como uma abertura crítica à diversidade do mundo frente às teorias e aos mecanismos de estandartização e homogeneização cultural, e face ao entrincheiramento etnocêntrico de grupos e nações."(p.80)

           Em Menezes (1997) a reflexão sobre o cosmopolitismo se inicia por meio de uma singular figura da literatura baudelairiana: o flanêur.

           Traçando uma diferenciação entre esse personagem, o artista ainda não moderno e o dândi, Menezes chega até a figura do turista contemporâneo para desenvolver a tese de que se o flanêur é o antepassado do que se chama cosmopolita, o turista do século XX não é o flanêur da sociedade urbana da metade do século XIX.

           A sustentação dessa hipótese encontra-se na definição do flanêur.Enquanto esse é um atento observador de tudo, o turista é incapaz de olhar a vida humana.O que lhe interessa, verdadeiramente, é observar monumentos e paisagens.Menezes explica que a configuração do cosmopolitismo, hoje, é bastante diferente comparada à do século passado, sobretudo por causa do desenvolvimento das técnicas do transporte e comunicação.

           Assim, o turista contemporâneo ou como sugere Hannerz o tipo "homo plus" surge

"graças também a uma fusão dos mundos do divertimento e da cultura que se inicia no começo do século através das artes industriais(mobiliário, vestimenta e moda, máquinas domésticas) e da indústria das artes e da comunicação( indústria radiofônica, indústria cinematográfica, indústria fonográfica"(p.86)

           Esclarecido o contexto em que essa figura começa a ser difundida, o autor

tipologiza, de modo geral, o turismo em dois tipos: o turismo cultural e o local.

           Em síntese, o turismo cultural é o feito pelo brasileiro em viagem ao exterior em busca de "cultura".Em contrapartida, o turismo natural é o que os turistas estrangeiros procuram aqui "a natureza que lhes parece perdida".

           Dessa distinção, o que importa reter é que o turista não incorpora o mundo visitado ao seu universo privado.Os turistas não são participantes e não se deixam tocar pelo ambiente ou pelo mundo em que passeiam.

           Assim Menezes (1997) o qualifica como sendo um utopista ausente-presente "que não incorpora atividades socialmente ativas que rompem com as amarras da ordem existente." (p.93)

           O cosmopolita, ao contrário, se nutre justamente das diferenças, por perceber que delas depende a existência da diversidade.Como observação conclusiva, afirma que, inegavelmente, a mentalidade padrão do homem contemporâneo é a mentalidade turística. Tão pouco diferindo do turista endinheirado que compra chaveirinho, também os indivíduos impossibilitados de viajar por causa da má situação financeira, quando nas excursões que fazem pela própria cidade, rabiscam, picham os lugares por onde passam numa tentativa de marcar e fazer-se marcar.


3. Tempo e Espaço na Pós-Modernidade:

 

"A primeira coisa que vem ao espírito, e que é indiscutível, é que assistimos ao fim de certos tempos gramaticais. Onde se meteu o futuro anterior? Que foi que houve com o perfeito simples? Só muito raramente utilizamos o imperfeito do subjuntivo. Que significa essa simplificação?" (Jean-Claude Carrière)

 

           Harvey (1986) vincula as categorias do tempo e do espaço aos processos político-econômicos e culturais com o fito de explorar a ligação entre o pós-modernismo e a transição do fordismo para modalidades mais flexíveis de acumulação do capital.Para firmar "pé" nesse ponto de vista contestará a idéia de um sentido único e objetivo de tempo e espaço, insistindo na necessidade de se reconhecer a diversidade de concepções e percepções humanas a respeito dessas duas categorias.Para ele, a saída está em admitir a multiplicidade das qualidades objetivas que o tempo e o espaço podem exprimir e o papel das práticas humanas em sua construção.Tempo e espaço existem, porque existe matéria, como conseqüência, as qualidades objetivas do tempo-espaço físico não podem ser compreendidas sem que se levem em conta as qualidades dos processos materiais.Para se compreender como os diversos grupos experenciam o tempo e o espaço e os conceitos originários desses processos é preciso se levar em conta os processos materiais como "índices culturais".As concepções do tempo e do espaço são criadas necessariamente através de práticas e processos materiais que servem à reprodução da vida social.

           A máxima "tempo é dinheiro" reflete o modo pelo qual o capitalismo já há muito havia intuído sobre a necessidade de se dominar o tempo e o espaço para garantir um lucro cada vez maior.Medir o tempo e transformá-lo em riqueza e poder foi uma importante descoberta.Os mercadores medievais quando disciplinavam seu trabalho para conseguir bons lucros, as nações que em busca de novos mercados desenvolveram um eficiente sistema de navegação, marcado pelo domínio racional da cartografia ou, ainda, o incentivo à criação do mercado mundial para a redução de barreiras espaciais, etc são todas formas diferentes de experiência de aniquilação do espaço através do tempo.Objetivar o espaço, determinar as fronteiras e o direito de passagem e de transporte significava percebê-lo como algo conquistável e contível para fins de ocupação e ação humanos.Assim, a invenção do cronômetro, a ciência da projeção mapográfica renascentista prepararam o contexto para a formulação do projeto iluminista: controlar o futuro e ver o passado como proposições simétricas.Pode-se afirmar, então, que a história do capitalismo é a história da compressão do tempo e do espaço.Quanto mais se conhece, se personaliza o espaço, maior é a possibilidade de acumulação de riqueza.

           Contudo, a persistente pressão da circulação e da acumulação do capital sobre as dimensões do espaço e do tempo no mundo ocidental, mais intensamente a partir do período pós-renascentista, colaborou para que os vínculos construídos pelos iluministas entre progresso, racionalidade e liberdade entrassem em colapso.Assim, a primeira crise econômica de 1847-1848 desencadeou a primeira crise de representação dessas duas categorias, colocando em cheque a certeza do espaço e do lugar absolutos.Harvey (1986) examinará outras fases de compressão, como a de 1910-1914 e a pós-fordista, a partir da metade dos anos 1960.

           Em todas essas fases, tanto a arte quanto a literatura buscaram responder à ação da compressão do tempo e do espaço e às conseqüências dessa aceleração.Citando o estudo de Kern (1983), "The culture of time and space" sobre o modernismo como uma resposta à crise na experiência do espaço e do tempo entre 1880 e 1918, Harvey exemplifica com Flaubert, Manet, De Chirico, James Joyce, Picasso, Braque o modo como cada um explorou essas duas dimensões.Decompor espaços, alterar seu enquadramento, explorar as fragmentações da luz e da cor foram algumas das formas culturais encontradas por esses escritores e artistas modernos para falar da simultaneidade, da temporalidade insegura, do internacionalismo.

           Embora a colagem tenha tido os modernistas como pioneiros, no pós-modernismo, essa técnica volta a ser usada em larga escala, revelando-se como um meio para se lidar com a volatilidade e a efemeridade conseqüentes do suposto desaparecimento de tempo e do espaço.

           Fundamentalmente, o que Harvey (1986) propõe é que dadas as condições de compressão do tempo e do espaço, a teoria estética seria uma solução capaz de dar conta da compartimentação do pensamento ocidental.As práticas estéticas e culturais por envolverem a construção de representações e artefatos espaciais a partir do fluxo da experiência humana são sempre as intermediárias entre o Ser e o Vir-a-Ser.Desde a separação entre conhecimento científico e julgamento moral ocorrida no século XVIII, essas práticas têm assumido um papel distintivo na história, uma vez que em período de confusão e incerteza, a virada para a estética (de qualquer espécie) fica mais pronunciada.Sendo típico das crises de superacumulação catalisar a busca de soluções temporais e espaciais que criam, por sua vez, um sentido avassalador de compressão do tempo-espaço, Harvey (19986) afirma categoricamente que às crises de superacumulação seguem-se sempre fortes movimentos estéticos.

           Analisando o contexto atual, Menezes vê na exploração do sistema hipertextual um meio capaz de fazer o sujeito segmentado, proibido de perder tempo, imergir nos diferentes contextos, respondendo esteticamente a mais uma compressão do tempo-espaço.


4. "Sociedade dos fios"

 

"Olhei as pequenas cidades, vi dois tratores lá longe fazendo contornos, desenhos na terra, abrindo caminhos.
Olhei para o céu e vi fios, pensei na "sociedade dos fios". Na terra o trator traçando, trançando fios.
No alto, redes elétricas esticando espaços longínquos
No ônibus, o motorista segue linhas; retas e curvas.
Aqui, eu traço linhas (tortas um pouco)... Mas o homem não veio "costurando" o mundo durante todo esse tempo?" (Dall’ Bello)

 

           Comecei citando a tese de Robertson (1998) sobre a necessidade de um pensamento interdisciplinar para que o fenômeno da globalização fosse adequadamente semiotizado. Não tendo como propósito me deter em outros aspectos de seu artigo, destaco as cinco fases da globalização ocorridas a partir do século XV, conforme sugestão do autor.A primeira, chamada de embrionária, se inicia no século XV e vai até o século XVIII.Em termos bastante gerais, pode-se dizer que o surgimento e a construção da idéia de estado centralizado é o que marcam esse período.A segunda fase estende-se da metade do século XVIII até 1870.Aqui a industrialização toma corpo.A terceira fase se prolongou até a metade da década de 1920 e destaca-se, sem dúvida, pelo surgimento dos meios de comunicação de massa e o aparecimento da idéia de consumidor de massa.A quarta fase que se estendeu desde o começo da década de 20 até a primeira metade da década de 1960 é fortemente marcada pelas guerras e disputa por novos espaços.A quinta e última fase que teve início em 1960 e se prolonga até os dias atuais tem na consolidação do sistema global da mídia: tv, sistema de telefonia, computador a sua principal característica.

           Observando esse caminho histórico bastante resumido, a meu ver, cada um deles fala da vontade de o homem querer expandir e expandir-se como signo.Todas as fases: a marítima, a industrialização, o aparecimento dos meios de comunicação tradicionais e, agora, o reagrupamento desses meios são todas metonímias que explicam as diferentes formas pelas quais o homem busca se relacionar com o mundo que o envolve.Esse querer estar com o outro, interagir via signos, ainda que de modo violento, como nas relações de escravidão desencadeada pelas grandes navegações e mais tarde na forma de "salário pago" ao proletariado não anula essa "vontade cosmopolita enviesada", talvez, já presente no espírito dos "conquistadores".Aos poucos, o sentimento de "desterritorialização", no sentido de perder a relação natural com a cultura e o território geográfico e social, foi sendo experimentado.Os vários deslocamentos ao longo da história refletem esse movimento de desenraizamento e formação de novas constelações sígnicas materiais e imateriais.Se as viagens, através dos mais diversos artefatos inventados, permitiram o homem ser "jogado" para outros territórios e para outros planetas, o desenvolvimento dos mais diferentes meios de comunicação consolidaram essa vontade de "tocar" o outro sem precisar "estar" com ele.Nesse sentido, o processo de globalização pode ser compreendido como uma extensão dos desenvolvimentos na comunicação e na cultura.Assim, a quinta fase, de acordo com a proposta de Robertson, que se distingue das demais etapas por causa do espantoso desenvolvimento das tecnologias da comunicação e que Adam Schaff (1995) chamará de a segunda revolução industrial, "coroa" os diversos "modos de se globalizar".            

           Nesse ponto, é útil retornar ao pensamento de Harvey (1986), no sentido de se comprovar a intrincada relação entre os processos materiais criados pelo homem e os contextos culturais, políticos e econômicos a que cada um desses processos está vinculado.Se se tivesse, então, que escolher um artefato que melhor exprime através de sua aparência exterior o contexto pós-moderno descrito por Harvey, certamente a opção seria pelo sistema de telefonia e mais especificamente pela rede de computadores que tem seu princípio fundante nesse sistema aberto de comunicação, como sendo o signo capaz de revelar o modo como a sociedade atual se estrutura e fixa os conjuntos de conhecimento construídos.Como produto cultural, o surgimento da rede de computadores, associa-se também às "guerras mercantis", entretanto seu uso não se restringirá ao de uma ferramenta integradora de economias mundiais.Ainda que desde a Segunda Guerra Mundial tenha sido resultado de uma tecnologia destinada a equipar exércitos, essa tecnologia, a partir da década de 90, começa a ser empregada com finalidade civil.Tais avanços permitiram a transformação do computador num aparelho doméstico, convertendo-se em mais outro meio de comunicação entre as pessoas.

           O modelo digital capaz de integrar imagens, som e escrita possibilitou que num só suporte fossem aglutinadas todas as demais mídias.O computador sozinho sem o monitor de tv e o telefone ligado a um modem dificilmente escaparia da função de uma nova máquina de escrever.É através da constituição desse ambiente informático que, ao usuário, foi sendo oportunizado mexer, produzir, armazenar qualquer tipo de informação.Imerso no espaço criado pelas redes digitais, o computador, só existe como um sistema aberto, porque os usuários interconectados a esse ciberespaço se dispõem a dialogar e a partilhar o intenso fluxo de informações que vem e vão de diferentes regiões do planeta.Silva (2000) vê o computador como o ponto culminante do processo de gestação desta sociedade de mídias tradicionais.O computador tanto pode ser lido como um artefato centralizador no sentido que tudo tende a passar por seus aplicativos, como do ponto de vista teórico, é extremamente descentralizador por causa do hipertexto, cuja estrutura tridimensional e complexa na forma de hipertexto está aberta a múltiplas conexões.Conforme Levy (1999), os programas contidos ou inseridos no computador trabalham com dados potenciais a serem atualizados de muitas formas.Na tela, encontramos uma versão "movível" que se manifesta. A par de toda essa mobilidade no tratamento da informação, os usuários também experimentam um revigoramento das sensibilidades físico-sensórias.Várias obras de produção artística, por exemplo, estimulam essa interação entre corpo e ciberespaço.

           Chartier (1998) observando as transformações ocorridas com a escrita e com o livro impresso, afirma que com o computador vivemos uma transformação radical na técnica de reprodução do texto e nas estruturas e formas do suporte que comunicam aos leitores. Desse modo, se o texto no suporte impresso estático apresenta uma única manifestação já realizada, na rede, o texto com suporte digital assumirá outras características.Na definição de Landow (1995) o texto será uma versão eletrônica de um texto impresso.Os dispositivos do sistema hipertextual materializarão uma nova forma de escrita.Imitando as "quebras" de barreiras geográficas, dadas pelo contexto da globalização, também o hipertexto permite ao usuário que está lendo e/ou escrevendo em hipertexto aproxime blocos de textos uns com outros e com diversos complementos gráficos como ilustrações, esquemas, mapas, para construir a textualidade hipertextual.O hipertexto possibilita a liberdade para o estabelecimento de múltiplos elos que exige necessariamente a participação do usuário.

           Desse modo, o argumento de que as sociedades precisam ser também sistemas abertos para se comunicarem e que, portanto, uma cultura só sobreviverá se demonstrar habilidades para assimilar e transformar o que recolhe do contato com o "externo", é igualmente válido no sistema hipertextual, cujos princípios que regulam a sua existência envolvem heterogeneidade, exterioridade, mobilidade e metamorfose.O hipertexto pode ser lido como uma resposta às crenças de que um único discurso homogeneizador possa dominar a todos.Os experimentos descritos por Landow (1995) em seu livro "Hipertexto: La convergencia de la teoría crítica contemporánea y la tecnologia" para o ensino de literatura em universidades americanas revela de que modo uma cultura local pode responder e se posicionar diante do global.

           Esse "aporte técnico" enquanto um sistema complexo também poderia ser lido como uma solução de permanência do mundo da oralidade no mundo digital.Na trajetória da história das culturas orais, preservar o conhecimento adquirido significava preservar o grupo.A "sobrevivência" ou a vontade de "durar" no tempo obrigava os grupos a criarem técnicas que favorecessem a memorização e, portanto, a sua permanência como sistemas vivos.Em certa medida, o surgimento da escrita e o seu uso como interface para que o computador se tornasse mais um meio de comunicação, permitindo que os homens se aproximassem mais, não deixa de ser uma extensão da vontade de interagir com o outro.A mudança da página do livro como suporte para o formato digital, ou seja, a transformação do alfabeto de letras em alfabeto numérico foi para conferir maior dinamismo à comunicação.Na perspectiva de Filho (2000), o texto que antes servia para registrar a fala, agora, na sociedade pós-industrial torna-se uma escrita para falar, ou seja, além de registrar a história da vida humana, permite que a escrita seja fala.Dessa maneira, a tese de vários estudiosos sobre a oralidade repousa na hipótese de que se essa não se ligar a outros suportes, códigos, meios, se perderá.Esse "pacto" estabelecido entre meio oral e escrito permitiu a preservação de ambos, culminando no surgimento das redes que re-ligaram o homem ao mundo.

           Assim, o homem aprendeu a projetar as extensões sensoriais no universo da tecnologia externa através de diferentes interfaces.Se há uma cultura da interatividade emergente, isso se deveu muito mais a uma lenta substituição da lógica da produção atada a alguns centros irradiadores de informação para uma lógica da distribuição, caracterizada pelo surgimento de diversos produtos tecnológicos que permitiram ao usuário modificar o conteúdo.A interatividade, portanto, não surgiu a partir da tecnologia digital, numa relação de ruptura, de total quebra com os meios e processos anteriores, mas é uma história de aprendizagem e incorporação em muito facilitada pelo crescimento da indústria da diversão.


5. "Língua Portuguesa e processos globais"

 

 

Gramática

O
plural
de

somos
nós.
(Alessandro Sales – Risco dos Instantes)

           À vista do exposto, quais aproximações podem ser estabelecidas entre a hipertextualidade como potencializadora do ensino de Língua Portuguesa com o processo de desterritorialização descrito por Appadurai e os cinco tipos de deslocamentos humanos analisados por Robertson? E ainda, quais desdobramentos os conceitos de cosmopolitismo e de turistificação debatidos por Hannerz, Jaguaribe e Menezes poderiam assumir no contexto educacional do ensino de Língua Materna?

           Appadurai mostrou que os ambientes culturais onde vivemos estão em contínua mudança alimentados pela crescente imigração, urbanização e desenvolvimento tecnológico.Robertson, por sua vez, iluminou mais a questão da globalização e seus desdobramentos, fornecendo os contextos históricos onde estão fincados os panoramas analisados por Appadurai.Diante desse novo cenário pós-moderno, globalizado, situar a prática de produção de leitura e de texto significa observar que esta não se constitui mais só da produção de leitura e da produção de textos escritos, da análise lingüística, mas de outros meios oferecidos pela tecnologia e multimídia.A hipertextualidade, por exemplo, se coloca, inevitavelmente, como condição de produção e de leitura.Possibilitada pelas redes digitais, a manipulação, intervenção dos/nos textos garante aos usuários uma interatividade muito maior e um processo de produção e atribuição de sentidos "desterritorializáveis". Junto com os deslocamentos físicos, experimentamos um outro tipo de deslocamento propiciado pelo desenvolvimento tecnológico.

           Contudo, falar desses "deslocamentos" de sentidos produzidos ou esses processos de seletividade e de polissemia é também falar do indivíduo cosmopolita.Recuperando o conceito de cosmopolitismo anteriormente apresentado por Hannerz: só se é cosmopolita quando as estruturas de significado são alteradas além do superficial, ou então, como admite Jaguaribe, a pura e simples absorção de produtos provenientes de outros lugares não define o sujeito como um cosmopolita, levando Menezes à conclusão de que grande parte do envolvimento dos sujeitos com o mundo mais amplo é apenas do tipo "assimilação" dos itens, denuncia uma crise na concepção de linguagem como um espaço de produção de sentidos.Mais especificamente, a crise no conceito de fronteiras geopolíticas, desencadeada pela globalização, em que não-lugares e lugares vêm sendo resemantizados, recoloca a discussão da necessidade em se conceber linguagem como espaço, através do qual o indivíduo se marca e marca o seu "território" sempre em constante negociação com os outros territórios.Com a globalização, certamente, nem sempre as trocas desses espaços acontecem de maneira igual, entretanto sem interpelação, sem interlocução, sem a "invasão" recíproca de um e de outro, não há produção de diferenças, não há, portanto, geração de informação que é justamente o que alimenta e garante a permanência dos sistemas comunicacionais.O problema residiria naquilo que Menezes, apropriadamente, chamou de um processo de "turistificação" das relações.Um sujeito que não é capaz de relacionar-se com as diferenças, de "ver-se" e "ver" os lugares como sistemas simbólicos é um ‘turista".Do mesmo modo, um sujeito que não distingue o seu campo e o do outro e, dentro desse sistema, não é capaz de filtrar o que lhe é significativo, é um sujeito alienado.A esse respeito, Menezes definirá o sujeito alienado como aquele que ao misturar-se, desmanchando-se no outro.

           A meu ver, o "olhar de turista" não é um conceito restrito aos estudos do comportamento dos turistas em diferentes períodos históricos.Urry (1996) argumenta que levar em consideração como os grupos sociais constroem seu olhar turístico é uma boa maneira de se perceber o que está acontecendo na "sociedade normal".Particularmente, no ensino de Linguagem o "olhar do turista" manifesta-se não só na suposição equivocada de que a linguagem é algo que "reside fora" dos indivíduos mas, sobretudo, na inabilidade de o sujeito "reciclar" o que lhe chega, "aniquilando"o próprio repertório.Toda vez que o professor transforma a prática de leitura e produção de textos em um conjunto de macetes para o estudante ganhar nota denota uma visão distorcida do processo.Saber ler e escrever é agir sobre o mundo, é reconhecer-se como um eu concreto que em situações específicas usa a linguagem para defender-se dele (Faraco e Tezza,1992).Significa observar que hoje com as possibilidades oferecidas pelo texto eletrônico, sempre móvel e aberto à reescrituras múltiplas, a postura de professores e alunos também deve convergir para essas qualidades. Lidar com a tecnologia do hipertexto exigirá um pensamento capaz de trabalhar com as metáforas, as ironias, os paradoxos, as justaposições, as associações, enfim com aquilo que é próprio da/na linguagem.Na percepção de Edgar Moran e de Michel Serrès exigirá um pensamento que saiba contextualizar os saberes e integrá-los nos seus conjuntos, um pensamento simbiótico. Dessa forma, vejo que o "processo de turistificação" avizinha-se muito de uma opção pedagógica que compreende a linguagem como "representação" apartada da "ação", em outras palavras, quando os signos são esvaziados da sua capacidade de comunicar.


6. Referências Bibliográficas:

 

APPADURAI, Arjun. Disjunção e diferença na economia cultural global. In: FEATHERSTONE, Mike. Cultura Global: Nacionalismo, Globalização e Modernidade. 2.ed.Petrópolis,RJ:Vozes, 1998.

FARACO, Carlos Alberto;TEZZA, Cristóvão. Prática de Texto:Língua Portuguesa para nossos estudantes. 7.ed.Petrópolis,RJ:Vozes, 1992.

HANNERZ, Ulf. Cosmopolitas e locais na cultura global. In: FEATHERSTONE,Mike. Cultura Global: Nacionalismo, Globalização e Modernidade. 2.ed. Petrópolis,RJ:Vozes, 1998.

PACHI FILHO, Fernando Felício. Internet e Oralidade: uma aproximação. São Paulo, SP:PUC/Comunicação e Semiótica,2000.(Dissertação de Mestrado)

HARVEY, David. Condição Pós-Moderna. 8.ed.São Paulo:Loyola,1992.

LANDOW, George. Hipertexto: La convergencia de la teoría crítica contemporánea y la tecnologia. Barcelona:Paidós, 1995.

LÉVY, Pierre. Cibercultura. 2.ed.São Paulo:Editora 34,2000.

LULL, James. Significados em ação. In: RECTOR, Mônica;NEIVA,Eduardo. Comunicação na Era Pós-Moderna. Petrópolis,RJ:Vozes,1997.

MENEZES, Philadelpho(org). Signos Plurais. São Paulo:Experimento,1997.

MORIN, Edgar. A Cabeça Bem-Feita. Rio de Janeiro:Bertrand Brasil,2000.

PESSIS-PASTERNAK, Guita. Do Caos à Inteligência Artificial. 2.ed.São Paulo:Unesp,1993.

ROBERTSON, Roland. Mapeamento da condição global:globalização como conceito central. In: FEATHERSTONE, Mike. Cultura Global: Nacionalismo, Globalização e Modernidade. 2.ed. Petrópolis,RJ:Vozes, 1998.

SILVA, Marco. Sala de Aula Interativa.Rio de Janeiro:Quartec,2000.

URRY, John. O olhar do Turista. São Paulo:Studio Nobel,1996.

Vídeo:

SERRÉS, Michel.São Paulo: Programa Roda Viva. TV Cultura:Fundação Padre Anchieta.