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O Tutor no Educom.Tv

O papel desempenhado pelo tutor na Educação a Distância é fundamental e complexo. É ele quem garante um fluxo de comunicação profícuo, interativo e dialógico. Da atuação do tutor depende, muitas vezes, o sucesso de um curso de EaD. Entre as funções que desempenha, cabe a ele orientar o aluno, motivá-lo, esclarecer as dúvidas e induzir ao estudo autônomo.

A escolha dos tutores para o projeto Educom.Tv foi norteada pelos princípios da Educomunicação. Recrutados entre alunos de pós-graduação, mestrandos ou doutorandos, vinham de diferentes áreas do conhecimento: Pedagogia, Cinema, Filosofia, Física, Biologia, Letras, Sociologia, Antropologia, Geografia, Artes e Jornalismo. A heterogeneidade da formação dessas pessoas foi fator determinante para a construção de um saber conjunto, partilhado pelo grupo, que contribuiu para a união e o estabelecimento de laços de confiança entre os membros da equipe.

A prática educomunicativa e dialógica vivenciada em todas as instâncias foi fundamental para que o tutor executasse bem suas funções. Na elaboração do conteúdo dos núcleos temáticos, havia a participação de grupo de tutores que, juntamente com os orientadores, participavam da construção do texto teórico e sugeriam exercícios práticos. Em momento posterior, o tópico desenvolvido era discutido com os demais, em reuniões plenárias semanais.

Na instância de construção do material pedagógico e familiarização com o tópico, o esquema estabelecido levava os tutores a reunirem-se três horas por semana com um dos orientadores e outras três horas com a totalidade dos envolvidos no projeto, incluída a equipe operacional.

Para discutir a relação tutor-aluno ou dirimir dúvidas de cunho pedagógico, alguns mecanismos foram utilizados como reuniões semanais com os coordenadores, discussões coletivas na reunião plenária e a criação de um e-group na Internet com a qual era possível trocar informações entre todos os envolvidos no projeto. Outro modo de interação ente tutores que contribuiu muito para o entrosamento e o encaminhamento das atividades do projeto tinha lugar quando os tutores se encontravam em turnos do plantão pedagógico, de quatro horas, duas vezes por semana na FDE, que proporcionava o espaço físico, a conexão rápida e os computadores para a atuação a distância.

A formação de um ecossistema comunicativo atuante, sólido e solidário, baseado em um fluxo positivo de confiança e que proporcionou um intercâmbio eficiente de informações foi vital para o sucesso do projeto.

O grupo de cursistas do Educom.Tv era extremamente heterogêneo, alguns podiam ter algum conhecimento de informática e morar em São Paulo, outros podiam ser professores rurais, a 400 quilômetros da capital, tendo de viajar até uma cidade maior para poder conectar-se à Internet. Dentro dessa diversidade é que o tutor devia mover-se e estabelecer laços de pertença para que fosse possível interagir com as crenças e o conhecimento desses docentes que cursavam o Educom.TV.

Cada tutor tinha sob sua responsabilidade uma sala virtual (eram 35) com cerca de 60 a 70 cursistas. Ele tinha tripla função: a primeira, que abrangia uma dimensão pessoal, era responsável por estabelecer uma relação de cordialidade e confiança. Dentro do espírito da educomunicação, os tutores deveriam propiciar um clima afetuoso, amenizando a ansiedade diante da máquina e do espaço virtual, já que para muitos professores esse era o primeiro contato com a Internet e com o ensino assíncrono. A relação dialógica e de respeito ao saber do aluno evidenciava-se por ocasião da avaliação dos exercícios feitos pelos cursistas: não havia resposta certa ou errada, mas apenas incompleta, o que gerava um pedido de consulta a algum item do tópico em questão ou à reformulação de um conceito emitido. Essa prática acarretava a refacção do exercício, e era comum que cada cursista refizesse a questão três ou quatro vezes.

A segunda função do tutor acontecia no âmbito tecnológico: ele deveria orientar seus educandos a utilizar as ferramentas disponibilizadas pelo curso. Assim, desde a utilização do correio eletrônico pessoal, fundamental para conhecimento da senha de acesso ao site, até o uso de mecanismos presentes no ambiente virtual de aprendizagem, como o “Fale como tutor”, ou o “Fórum”, por exemplo, eram responsabilidade dos tutores que deveriam facilitar e incentivar o diálogo, a interatividade, a troca de conhecimento entre tutor-cursistas e entre os professores. No Educom.Tv, houve salas virtuais em que número de intervenções no Fórum superou a casa de 1300 e abrangeram densas discussões a respeito do tema enfocado por algum dos tópicos ou traziam dúvidas e inquietações referentes ao cotidiano da prática escolar.

A terceira função era orientar o cursista no conteúdo pedagógico, avaliar e comentar as respostas aos exercícios propostos ao final de cada tópico, respeitando os ritmos individuais de aprendizado. O tutor devia estimular o cursista a rever sua prática pedagógica e propor um novo olhar sobre a educação, os meios de comunicação e as novas tecnologias, sem desqualificar as crenças que carregasse.

Em comum, todas essas funções convergiam para a valorização e a ressignificação do papel do professor que deveria, ele também, sentir-se parte integrante de uma teia colaborativa de seres humanos envolvidos em questões pedagógicas e educacionais. Integrar esse ecossistema comunicativo deveria proporcionar uma relação dialógica entre pares suficientemente forte para levá-los a questionar conceitos e práticas até então utilizados e abrir caminho para a reflexão sobre a importância da linguagem audiovisual e conseqüente incorporação à sala de aula.

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