Acesso ao Divino: A Utilização de Recursos Digitais
Para Práticas Religiosas Católicas

Cintia Aoki[*] []
Fatima Regina Machado[**] []

Resumo

O presente artigo descreve e discute recursos digitais utilizados para práticas religiosas católicas como a capela virtual, a vela virtual, a Bíblia virtual e a oração online, que fazem parte da chamada online religion. São referenciados especialmente Ricouer (1992), Lévy (1999, 2007), Santaella (2004), Lemos (2004) e Leão (2005) ao se discutir o comportamento dos ciber-fiéis e os modos de representação virtual e deslocamentos virtuais na contraposição nomadismo vs. mobilidade. Considerando o contraste das opiniões gerais de Desroche (1985) e Crespi (1999) sobre a mediação e a imediaticidade no contato com o divino, conclui-se que embora a prática ciber-religiosa pareça privilegiar a individualidade e a busca pessoal numa ilusão de contato imediato com o divino, os recursos digitais são representações inseridas num sistema simbólico compartilhado, portanto coletivo, que se constituem em mediações entre o indivíduo (o ciber-fiel) e o sagrado.

Palavras chave: religião online, práticas religiosas, cibercultura, internet

Abstract

Access to the divine: The utilization of digital resources for catholic religious practices

This article describes and discusses digital resources used for Catholic religious practices (the virtual chapel, the virtual candle, the virtual Bible and online prayer) that make up part of so-called online religion. Ricouer (1992), Lévy (1999, 2007), Santaella (2004), Lemos (2004) and Leão (2005) are cited when is discussed cyber-faithful behavior, virtual representations and virtual displacements in terms of the opposition nomadism vs. mobility. Desroche´s (1985) and Crespi´s (1999) general opinions on ordinary mediated and immediate contact to the divine are contrasted, and based on them it is concluded that although cyber-religious practices seem to focus on individuality and the personal search in a delusional but immediate contact with the divine, digital resources can be thought of as representations inserted into a shared symbolic system that, therefore, is collective, and that constitutes mediations between the individual (cyber-faithful) and the sacred.

Keywords: online religion, religious practices, cyberculture, internet

Introdução

Com o avanço acelerado do desenvolvimento da tecnologia e das mídias digitais nas últimas duas décadas e a crescente democratização do acesso a esses recursos temos assistido ao surgimento de novas possibilidades de interação social e de realização de práticas dos mais diversos tipos, especialmente por meio da internet. A internet dá corpo ao que se denomina ciberespaço, que, segundo Lévy consistiria numa “infra-estrutura da comunicação digital” (LÉVY 1999:17) que abriga todo o conteúdo que circula pela rede e permite modos diferentes “de usar as infra-estruturas existentes e de explorar seus recursos por meio de uma inventividade distribuída e incessante que é indissociavelmente social e técnica” (LÉVY 1999:193).

A internet é, dentre as mais novas tecnologias de comunicação, a que mais se expande por oferecer facilidade de acesso à informação e à multiplicidade de assuntos que abrange, entre outros fatores. Apesar de a internet ainda alcançar a minoria da população brasileira – 47%, segundo dados do Datafolha divulgados na Revista Carta Capital (SOUSA, PINHEIRO & ATHAYDE 2008) – ela tende a se expandir cada vez mais, influenciando nas expressões e práticas culturais. Dentre essas práticas, encontramos aquelas de cunho religioso que se constituem em releituras ou aproximações das práticas religiosas tradicionais. O crescimento contínuo da utilização desses recursos e de sua influência na vida humana suscita reflexões acerca de seu uso e da relação que seus usuários estabelecem entre si e, em última instância, com o sagrado ou o divino. Neste artigo[1] serão levantados alguns questionamentos e apresentadas algumas reflexões sobre esses aspectos. Para isto, serão descritos e comentados alguns recursos disponíveis destinados a práticas religiosas católicas, especialmente as capelas virtuais que, por sua vez, comumente abrigam ou disponibilizam outros recursos para práticas religiosas, tais como a vela virtual, a Bíblia virtual e a oração online.

Recursos digitais para práticas religiosas católicas

ANDRADE (2007) classifica os websites religiosos em três tipos, com base em suas funções específicas: (a) páginas informativas, que contêm informações sobre igrejas, associações, instituições e eventos religiosos; (b) páginas comerciais, que vendem ou oferecem gratuitamente produtos religiosos; (c) páginas de ajuda espiritual, que oferecem recursos digitais para práticas religiosas derivadas de recursos ou objetos religiosos convencionais: a Bíblia, as novenas, as velas e as orações virtuais, entre outras. A prática religiosa pode ser entendida como manifestações de fé por meio dos quais seu praticante acredita estar se conectando ou tendo acesso, de alguma forma, ao divino. Os recursos para práticas religiosas disponíveis na internet se valem das características da linguagem hipermidiática que possibilita a convergência de vários meios de comunicação ao permitir o uso de textos, imagens, sons e vídeos para ampliar o espectro tradicionalmente oferecido pelas práticas religiosas católicas, por exemplo, especialmente aquelas do chamado Catolicismo popular. Além disso, a internet oferece a possibilidade de interação dos usuários com a mensagem veiculada, ou, em termos mais precisos: as mensagens podem ser construídas ou se completar com a colaboração do usuário.

Tomando a Igreja Católica Apostólica Romana como exemplo para a discussão sobre a utilização dos recursos da internet para fins religiosos, verifica-se que o Vaticano incentiva seu uso como forma de divulgação da doutrina e da instituição; deste modo, os sites católicos oficiais são predominantemente de caráter informativo. Apesar de o Vaticano, até o momento, não reconhecer propriamente o uso da internet como meio de exercício de práticas religiosas que pudesse substituir as práticas presenciais, fiéis e instituições religiosas católicas têm criado de forma independente sites com recursos interativos que permitem a realização de algumas práticas. Tais recursos oferecem comodidade ao fiel (usuário) – especialmente aquele habitante dos grandes centros urbanos –, pois possibilitam a expressão da fé e a realização de práticas religiosas a partir de qualquer lugar onde haja um computador conectado à rede. Assim apropriando-se do ambiente virtual naturalmente profano, os fiéis transformam-no em sagrado. E, na medida em que o espaço sagrado é estendido do físico ao virtual, amplia-se também o tempo disponível para dedicar-se ao divino.

Como exemplos de recursos digitais utilizados atualmente para práticas religiosas católicas serão descritos, a seguir, as capelas virtuais e outros recursos que podem ser nelas abrigados, quais sejam, a vela virtual, a Bíblia virtual e a oração online.

1. Capela Virtual

As práticas religiosas católicas tradicionais podem ser exercidas em diversos lugares considerados sagrados, como o oratório e a capela ou igreja. Segundo Oliveira (1985), o oratório geralmente corresponde a um espaço reservado e pessoal dedicado ao culto de representações do sagrado. Já a capela (ou a igreja) seria um espaço público voltado de modo mais específico para uma comunidade local. Originalmente, as capelas eram lugares sagrados construídos fora dos centros populacionais. Com o passar do tempo, seu significado foi estendido para todos os lugares menores e mais simples destinados ao culto (AZZI 1978).

A capela virtual consiste numa representação da capela tradicional no ciberespaço. Segundo Azzi (1978: 41), originalmente as capelas tradicionais eram de responsabilidade de leigos, entretanto a Igreja estabelecia uma série de regras às quais os responsáveis pela capela teriam que se submeter. Desta forma, a Igreja exercia certo controle sobre as capelas, dando um caráter eclesiástico a uma iniciativa tipicamente leiga. Apesar de utilizar símbolos e propiciar ritos circunscritos a um referencial católico, as capelas virtuais, por sua vez, não mantêm vínculo formal com o Vaticano tal como as capelas tradicionais. São, antes, recursos utilizados por instituições religiosas ou pessoas leigas de modo independente para propagar ou propiciar a prática da fé católica (especialmente a de tipo popular).

Se a capela tradicional originariamente era direcionada para uma comunidade local, a capela virtual se volta para uma comunidade formada por fiéis internautas que podem frequentá-la/acessá-la de onde quer que estejam, desde que munidos de um computador conectado à internet. Portanto, trata-se de uma comunidade que já não é constituída de pessoas que pertencem a uma mesma cultura regional, mas que fazem parte da chamada cibercultura. Apesar de as pessoas que formam essa comunidade partilharem das mesmas referências religiosas, não se estabelece o mesmo sentido de compromisso nem o mesmo vínculo interpessoal observado nas comunidades cujos membros se encontram presencialmente para realizar cultos ou orar juntos.

Em que pese existirem diferenças entre o tipo de relacionamento que se estabelece entre os participantes do mesmo ciberespaço, neste caso, o religioso, este não deixa de ser também um espaço pretensamente sagrado, nos termos definidos por Rosendhal (2002): um ambiente que consegue enlevar o fiel, dando-lhe a sensação de estar em um lugar diferente dos espaços nos quais ele se encontra no seu cotidiano. Da mesma forma que nas capelas reais, as capelas virtuais manifestam ou materializam o sagrado por meio de símbolos, fazendo um convite ao mesmo tempo implícito e explícito à oração. Assim, as capelas virtuais podem ser chamadas de ciberespaço sagrado. Como exemplos desse tipo de espaço, podemos citar a Capela Virtual Paulinas (www.paulinas.org.br/capelavirtual) e a Capela Virtual (www.capelavirtual.com).

As capelas virtuais podem ser percebidas como espaço de fluxos info-comunicacionais que a internet permite construir por meio de representações do espaço físico. Segundo Quéau (1996), ao contrário do espaço físico - que permite a vivência de experiências -, de modo geral as imagens digitais constituiriam, elas mesmas, uma experiência, uma vez que o espaço virtual existe e/ou vai se construindo na medida em que é explorado pelo usuário. Desta forma, pode-se afirmar que o espaço virtual sagrado – como uma capela virtual – estaria relacionado aos chamados espaços sagrados móveis definidos como aqueles que não pertencem a um território propriamente dito, mas que vão se construindo na medida em que eventos vão ocorrendo – como nas peregrinações, por exemplo – em contraposição a espaços fixos como os das igrejas e outros ambientes católicos tradicionais (ROSENDHAL 2002).

No entanto, vale ressalvar que, apesar da pretensa mobilidade da capela virtual, há que se lembrar que, como alerta LÉVY (2007:19), a localização de qualquer site no ciberespaço se dá por meio de acesso a um endereço fixo, o que torna relativa essa questão da mobilidade. O movimento que se permite nesse espaço é o salto virtual que o usuário faz de uma página a outra e não mais um caminhar por espaços físicos.

Ainda uma característica que merece ser mencionada se refere à dimensão coletiva e à dimensão individual da capela enquanto recurso virtual para a prática religiosa. Tradicionalmente, uma capela enquanto espaço sagrado constitui-se, primordialmente, em um espaço coletivo. A capela virtual, por seu turno, diferentemente da capela tradicional, pode assumir um caráter particular de uso individual apesar de seu aspecto simbólico, ou seja, de compartilhamento de representações/significados culturalmente construídos. Pode-se afirmar que a capela virtual seria a virtualização do espaço público concreto com a tendência para a multiplicação das formas de mediação, um espaço antropológico alternativo (SILVA, s/d). Portanto, ainda que possibilite especialmente práticas religiosas individuais, pode-se dizer que a capela virtual, assim como a tradicional, não deixa de ser um espaço público na medida em que todos que queiram e disponham de recursos podem a ela ter acesso. Sendo acessível a todos, a capela virtual pode funcionar como referência comum partilhada por todos os fiéis-internautas, ainda que seja acessada individualmente. Existe, assim, uma articulação entre o espaço físico onde se encontra o internauta e a capela virtual. Segundo Lévy:

Articular os dois espaços não consiste em eliminar as formas territoriais para substituí-las por um estilo de funcionamento ciberespacial. Visa antes compensar, no que for possível, a lentidão, a inércia, a rigidez indelével do território por sua exposição em tempo real no ciberespaço. (LÉVY1999:195)

No caso específico da capela virtual, poder-se-ia encará-la como um complemento do espaço físico onde o usuário se encontra e que propicia a expressão de sua fé neste mundo real tão conturbado em que vivemos.

Como mencionado anteriormente, sites de capelas virtuais oferecem, geralmente, recursos para a expressão da fé ou realização de rituais. Em seguida, serão apresentados alguns desses recursos em suas especificidades, lembrando que eles não necessitam estar, via de regra, inseridos em uma capela virtual para serem oferecidos aos internautas.

2. Bíblia Virtual

De acordo com a “Enciclopédia Católica Popular” (www.ecclesia.pt/catolicopedia), no contexto da prática religiosa a Bíblia é lida basicamente em duas situações: em um ambiente litúrgico - como durante a missa, por exemplo -, ou individualmente, como um modo de entrar em contato com a Palavra de Deus. É comum que a leitura da Bíblia impressa não seja feita de forma estritamente linear. Geralmente, o leitor escolhe trechos específicos (capítulos e versículos) de modo proposital ou aleatório, não sendo necessário ler a coleção de livros ou mesmo trechos na ordem linear em que são apresentados.

A Bíblia Virtual consiste num recurso digital que apresenta o texto sagrado na forma de hipertexto com sistemas de busca de citações, temas ou termos, e consiste em manifestações visuais e mecânicas do modo de leitura descrito acima, que já existia antes do advento do computador e da internet. A vantagem do formato hipertextual da Bíblia reside no fato de que a leitura é facilitada, uma vez que basta digitar o número de um capítulo e/ou versículo, ou clicar em um link para acessá-lo de forma rápida e prática. O link, como um , é o elemento do hipertexto que permite ao usuário, no caso da Bíblia, dar um salto entre trechos e livros, substituindo o ato de folhear páginas, o que facilita uma leitura não-linear. Além disso, o leitor tem a possibilidade de ajustar o tamanho das letras do texto apresentado virtualmente, evitando o problema das “letras miúdas” trazidas em geral pelas edições impressas do texto sagrado, o que se constitui numa dificuldade para alguns leitores.

A “Bíblia Virtual” disponibilizada na Capela Virtual do site do Padre Reginaldo Manzotti (www.padrereginaldomanzotti.org.br/), por exemplo, possui um sistema de busca que conta com um agente inteligente. Os agentes inteligentes, segundo LEMOS (2004), são sistemas que buscam determinadas informações na Internet. No caso da Bíblia virtual mencionada, o usuário pode escolher (clicar em) um livro específico dentre todos que são mostrados em uma lista. Logo abaixo há um campo que permite que o usuário digite o número de um capítulo e, abaixo deste, outro campo para informar o versículo. Esse recurso facilita a consulta da Bíblia, evita os acasos, as imprevisibilidades que podem ocorrer na busca direta de uma informação. A desvantagem é que as situações imprevistas nas leituras do tipo “busca direta” por vezes podem ser vantajosas na medida em que há a possibilidade de se encontrar alguma outra informação ao acaso relacionada com o assunto de interesse do indivíduo e, assim, incrementar sua pesquisa ou consulta. Vale lembrar, porém, que dependendo do refinamento da busca realizada, o internauta pode ser exposto a maiores ou menores chances de acesso a um maior número de informação para além de um versículo específico, por exemplo.

Já no website www.capelavirtual.com, a Bíblia online se encontra em outro formato, mais simplificado. Cada link corresponde a um livro, sendo todos os títulos mostrados em uma página. Ao clicar em um determinado link, o usuário é levado a uma outra página que mostra o primeiro capítulo e todos os versículos pertencentes a ele. Nessa página há, também, links para todos os outros capítulos do livro. Cada página corresponde, então, a um capítulo. Neste caso, a “Bíblia Virtual” não possui nenhum mecanismo de busca, mas, mesmo assim, há certa facilidade para leitura de um determinado trecho já que todas as opções de livros e capítulos são mostradas como links.

Na Capela Virtual Paulinas (www.paulinas.org.br/capelavirtual), o conteúdo bíblico é disponibilizado em partes através de dois recursos: “Salmo do Dia” e “Evangelho do Dia”. No primeiro, todos os cento e cinquenta salmos são exibidos em uma lista. Quando o usuário escolhe um salmo específico, este é mostrado sobre o desenho de uma folha de papiro. Já o Evangelho do Dia não implica a escolha de um trecho bíblico, pois os trechos são pré-determinados de acordo com a liturgia católica. No momento em que o usuário clica nesse link, é mostrada uma parte do Evangelho seguida de um comentário a respeito desse mesmo trecho e uma oração para finalizar relacionada ao tema. A cada dia é exibido um evangelho diferente.

Apesar de a Bíblia Virtual facilitar a leitura não-linear do texto sagrado e garantir certa individualidade na escolha do que será lido – à exceção do “Evangelho do Dia” – há que se considerar, como lembra Leão (2005), que a leitura linear também se faz presente, visto que, ao ler um trecho constituído por frases, este ato continua sendo linear.

3. Vela Virtual

No Cristianismo a vela é usada em celebrações religiosas, nos altares das capelas, pelos fiéis que seguem as procissões e em diversas práticas religiosas de cunho mais individual. Simbolicamente, a vela representa Cristo - que é considerado a luz de um mundo espiritual.

Nas práticas do Catolicismo mais popular as velas são frequentemente acesas em frente a imagens de santos para acompanhar uma oração pessoal de agradecimento, para pedir alguma graça, para, metaforicamente, iluminar os nossos caminhos, etc. A vela poderia ser, então, considerada como um objeto vertical nos termos propostos por BACHELARD (1989), ou seja, um objeto cuja verticalidade pode provocar uma sensação de alívio, uma vez que se remeteria a algo superior à realidade cotidiana e horizontal na qual vivemos. Deste modo, a vela se tornaria um objeto capaz de ajudar o fiel a se conectar com o divino.

No website www.capelavirtual.com, a vela virtual – que imita a imagem de uma vela convencional – deve ser acesa por meio de um formulário que o usuário preenche com seu nome, e-mail e uma oração ou intenção que ficará exposta ao lado da vela. Todos os gestos necessários para acender a vela no mundo real, como pegar o fósforo, riscá-lo e direcionar o fogo para o pavio foram substituídos no ciberespaço pelo ato de preencher um formulário. A vela permanecerá acesa por sete dias e a oração ficará exposta por esse período de tempo.

O website do Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida (www.santuarionacional.com/v2/index.php) disponibiliza um formulário semelhante, mas o que chama a atenção, neste caso, é o botão a ser clicado para enviá-lo. Nele está escrita a palavra acender e há a representação de um fósforo aceso com uma chama animada. No momento em que esse botão é acionado, a imagem do fósforo movimenta-se em direção ao pavio da vela que se encontra acima do botão, acendendo virtualmente a vela. Outro elemento que se destaca é o recurso para buscar uma vela virtual específica. Ele fornece três opções de busca: digitar o código de leitura, o nome ou a intenção da vela virtual. Esse recurso de busca permite que o usuário encontre a sua própria vela virtual ou a de outros com facilidade, dando maior visibilidade ainda a algo que, tradicionalmente, se fazia anonimamente em um espaço sagrado público.

Na oração individual tradicional, a vela pode ser acesa tanto em um espaço privado – como em um altar na própria casa do fiel – quanto em um espaço público – como a capela, a igreja entre outros. Nas duas situações, o fiel não costuma expor a sua oração, feita mental ou verbalmente, para os outros. A vela acesa em uma igreja não traz informações de quem acendeu, nem costuma trazer a intenção ou oração que foi feita durante esse ato. Assim, a vela virtual pode extrapolar o limite da individualidade/intimidade da oração, transportando-a para a esfera do espaço sagrado público, ainda que não necessariamente de modo coletivo.

Apesar da materialidade da imagem da vela que se mostra na tela do computador, a vela virtual se realiza enquanto objeto de prática religiosa na sua imaterialidade e tal imaterialidade é suficiente para que os usuários acreditem na sua utilidade de fazer a conexão com o divino do mesmo modo como usam a vela tradicional com sua materialidade. O fiel-internauta interage com a aparência do objeto e esse fato demonstra que a importância maior que dá sentido à experiência residiria no significado simbólico contido no objeto e não propriamente em sua materialidade. Aparentemente, o usuário deposita a sua fé, esperança ou gratidão em uma vela virtual do mesmo modo como tais afetos são manifestos ao acender uma vela real. A representação do objeto torna-se o próprio objeto no ambiente virtual. Ao tratar das imagens virtuais de um modo geral, HILDEBRAND (2004:121) afirma estas poderiam ser definidas como “hiper-realistas”: antes de os objetos do mundo físico existirem, eles eram apenas imagens mentais ou ideias; a partir do momento em que se tornam objetos concretos, eles se tornam uma exteriorização da imagem mental materializada em algum suporte. No ciberespaço, as imagens virtuais podem ser consideradas como imagens mentais exteriorizadas, sem materialidade. A imagem mental cria o objeto concreto, mas no ciberespaço, ele se torna um híbrido de imagem mental e objeto concreto que constitui uma espécie de imagem intermediária entre o mental e o material. Como LÉVY (2007) salienta, a imagem virtual não pertence à materialidade, mas, ao mesmo tempo, provoca reações concretas quando é atualizada. Ao modo do tratamento que Ricouer (1992) dá às metáforas, as representações usadas em determinados recursos digitais para permitir as práticas religiosas, como as velas virtuais, por exemplo, propiciam uma mudança de percepção que leva o usuário a considerá-la no ambiente virtual como a vela real, do mundo concreto. A vela virtual não pretende iluminar, mas representar a iluminação e, deste modo, mantém a função religiosa de auxiliar o indivíduo a se conectar com o divino.

4. Orações online

Como já foi mencionado, a oração – do latim orare (ato de pronunciar uma fórmula ritual, um discurso e um pedido) – realizada na Internet se encontra espacialmente junto às velas virtuais e no ciberespaço tornam-se públicas ao serem registradas por escrito e expostas na rede. A oração individual – a conversa com Deus, tradicionalmente relacionada à cultura da oralidade – ganha um novo formato: a oração pessoal digitada e disponibilizada online.

Na história da Comunicação, constata-se que além do armazenamento de dados, a escrita permitiu a comunicação entre pessoas à distância (LÉVY 1999). Considerando-se que o Deus da religião católica é onipresente, a oração sempre se manteve dentro da oralidade porque seria a forma de comunicar mais direta. O fiel que ora acredita poder ser ouvido por Deus, que está sempre presente. Tradicionalmente não haveria necessidade de orar por escrito, uma vez que a escrita remete a um ato de comunicar algo para alguém que não se encontra no mesmo espaço físico no mesmo momento. No entanto, atualmente os fiéis estão utilizando o recurso digital para fazer e expor suas orações, ampliando, assim, seu espectro de alcance pelo menos em planos terrenos.

Tanto a Capelavirtual.com quanto a Capela Virtual do Padre Reginaldo Manzotti expõem todas as orações enviadas juntamente com as velas virtuais acendidas. Já o website Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida oferece um diferencial: do mesmo modo como este website fornece o recurso de busca para acesso a velas virtuais acesas e orações postadas, é o único também que oferece a opção de não mostrar a oração ou intenção da vela virtual no formulário para acendê-la. Essa opção mantém a privacidade do fiel-internauta, ao mesmo tempo em que o sistema de busca facilita a exposição de uma determinada vela virtual.

Pode-se afirmar que a oração online é um recurso digital que modifica o modo de exercer uma prática religiosa: a oração passa a ser escrita e pode ser divulgada, acompanhada de uma vela virtual que é acesa de modo peculiar ao universo digital. Entretanto, há recursos digitais que não provocam mudanças na forma pessoal de contato com o divino. O recurso “Oração pessoal” que se encontra na Capela Virtual Paulinas é um exemplo. Há a imagem de Cristo de olhos fechados em posição de oração e o texto: Pare um instante. Reze! Dedique este momento para seu encontro pessoal com Deus. E, nesse momento, uma música sacra começa a tocar, convidando o fiel à oração nos moldes tradicionais. O fiel é incentivado a fazer uma oração com as suas próprias palavras. A música, a imagem e o texto formam aquilo que LÉVY (1999) chamou de unimídia, e tentam criar um ambiente e um clima imersivo propício, que leve o usuário a se conectar com Deus.

De acordo com SANTAELLA (2004:182), a imersão proporcionada pela Internet no momento em que um internauta navega, independentemente do(s) conteúdo(s) por ele acessados é, via de regra, caracterizado por um ritmo acelerado de ações do internauta que procura ou encontra diversas informações levando-o a se movimentar de forma multiativa, pois se exige que ele realize diversas operações ao mesmo tempo (observar, absorver, entender, reconhecer, buscar, escolher, elaborar e agir). Esse comportamento suscitado no internauta dificultaria um comportamento contemplativo. Ainda que isso seja verdade, a Internet também pode oferecer acesso a recursos como o da oração pessoal na Capela Virtual Paulinas, que propicia um momento de desaceleração e reflexão que possa levar a um contato com o divino. Nota-se aí que o modo como se ora permanece o mesmo, já que se incentiva que o fiel tenha um contato com Deus da mesma forma praticada antes do advento da Internet. O recurso digital apenas auxiliaria o usuário a ter o mesmo contato tradicional que se costuma ter com o divino, diferentemente do recurso da vela virtual, por exemplo, que modifica a forma de oração e os procedimentos para acender a vela. Há uma hibridização do tradicional com o digital na medida em que a prática tradicional é exercida pela mediação do recurso digital religioso.

Reflexões sobre as práticas ciber-religiosas

As práticas religiosas realizadas via Internet fazem parte da chamada online religion, que pode ser definida como um modo de manifestação religiosa que se dá através de recursos digitais interativos (HELLAND apud SILVA 2005). Temos observado a inserção cada vez maior das religiões e de suas respectivas práticas no chamado ciberespaço, o que amplia cada vez mais as opções dos modos de manifestar a fé. Esse espaço, caracterizado como sagrado, é formado por símbolos e se constitui em mais uma mediação entre o fiel e o divino no qual ele – o fiel – deposita sua fé. Se antes as instituições religiosas eram as responsáveis por estabelecer a relação entre o fiel e o divino agindo como se fossem mediadoras dessa relação, com o advento das mídias – do latim médium, ou seja, um canal que une dois pontos (KLEIN 2004) – estas começam a desempenhar papel fundamental na função de mediadora prescindindo, por vezes, do consentimento e da autoridade de uma instituição religiosa estabelecida e tradicional. Isto vai na contramão do pensamento de DESROCHE (1985), para quem a experiência do sagrado só é possível graças à mediação de uma organização religiosa que, com seus cultos e práticas, torna o sagrado mais próximo dos fiéis. ANDRADE (2007), concordando com Desroche, considera que os espaços sagrados têm como características próprias à produção e distribuição de bens simbólicos por parte de autoridades religiosas. Esse pensamento combina com o Catolicismo institucional, que atrela a salvação do fiel à presença frequente nos cultos, numa relação com o sagrado mediada por um sacerdote e compartilhada com a comunidade. No entanto, essa subordinação à presença ou a intermediação de um sacerdote podem ser questionadas em defesa da experiência religiosa pessoal e autêntica que cada fiel deveria ter. Assim, de acordo com CRESPI (1999), a autoridade religiosa não poderia mediar a verdadeira experiência de fé, uma vez que esta deve ser uma experiência pessoal de contato direto com o divino, sem negar a introspecção, a auto-reflexão e a espontaneidade tão necessárias para o crescimento interior de cada indivíduo.

No entanto, vale lembrar que, ainda que haja privilégio da individualidade e da busca pessoal nos recursos para práticas religiosas disponibilizados na Internet, numa ilusão de contato direto com o divino possibilitado pelo ambiente virtual – o ciberespaço –, esses recursos também constituem mediações entre o indivíduo e o sagrado. Qual seria, então, a vantagem da utilização de tais recursos?

As práticas religiosas ciberespaciais seriam fruto e, ao mesmo tempo, atenderiam às necessidades do indivíduo pós-moderno que vive especialmente no caos urbano. Já no início da década se 1990, PIKAZA (1993) apontou como um dos obstáculos para a conexão do ser humano com o divino a falta de tempo para orar: diante de tantas tarefas que precisam ser cumpridas e da agitação no dia-a-dia, muitos deixavam de ter um momento com Deus. Atualmente, a Internet oferece diversas ferramentas que permitem ao usuário cumprir tarefas – inclusive profissionais – sem sair de casa ou independentemente do local físico onde se encontra o computador conectado à rede. Por isso, a necessidade de se deslocar de um lugar para outro é menor, aludindo ao que André Lemos define como um imobilismo da casa que, paradoxalmente, implica em um nomadismo, definido como o constante deslocamento não-físico, mas virtual (LEMOS 2004). Essa situação corresponde a um dos binômios apontados por Leão (2005), o da mobilidade/imobilidade, ou seja, a mobilidade que o internauta tem de navegar e realizar ações no ciberespaço, mas que só é possível se ele estiver imóvel diante da tela do computador. Se a Internet disponibiliza recursos digitais que ajudam o internauta na conexão com o divino e que se ampliam no tempo e no espaço, pode-se dizer que se ampliam as possibilidades de ter um tempo de oração. No caso da prática religiosa, a Internet traz o local sagrado até o fiel-internauta: a montanha vai até Maomé – permitindo-nos um empréstimo de expressão simbólica mulçumana para a situação das práticas católicas em questão. Driblam-se, assim, as limitações de tempo e de espaço a que estamos objetivamente sujeitos e das quais temos sido virtualmente libertos.

Considerando que, para expressar sua religiosidade na Internet, o fiel não precisa obrigatoriamente ter vínculo com alguma comunidade ou instituição religiosa específica ou deslocar-se no espaço físico para encontrar seus irmãos de fé para realizar seus rituais, apesar de as práticas religiosas possibilitadas na Internet se darem no ciberespaço que, por excelência é virtualmente coletivo, pode-se afirmar que os recursos digitais religiosos permitem primordialmente a expressão da fé de modo individual, sem perder de vista sua inserção num sistema simbólico compartilhado. Sendo assim, as práticas religiosas mediadas pelo ambiente virtual representariam uma transformação – ou um início de transformação – das práticas religiosas tradicionais.

O alcance da transformação proporcionada pelos recursos digitais destinados às práticas religiosas dependerá do acesso que as pessoas têm à Internet, tanto do ponto de vista da disponibilidade de equipamento quanto de conhecimentos para utilizar a ferramenta digital. Considerando a inclusão digital de um modo abrangente, LÉVY (2007) alerta para o fato de que a exterioridade técnica – que ele define como exteriorizações de determinadas capacidades ou ações humanas – exige que o ser humano adquira novas capacidades para aprender a lidar com as tecnologias disponíveis. Sendo assim, no caso específico das práticas religiosas realizadas na rede, além da fé, é imprescindível que os fiéis tenham conhecimentos básicos de informática para lidar com o computador e para navegar na Internet. Pensando em termos de Brasil, como ainda há um longo caminho a percorrer no sentido da inclusão digital de modo amplo, ainda não há como medir de modo confiável a inserção ou adesão às práticas religiosas digitais e fazer projeções para o futuro. No entanto, uma pesquisa de levantamento de dados feita por FÁVERI (2001) com 30 internautas por meio de um formulário eletrônico (www.cfh.ufsc.br/~a9811723/religion.html) entre 18 de novembro e 08 de dezembro de 2000, revelou que a maioria dos participantes (83%) diz que seria possível sim a realização de práticas religiosas pela Internet. Sobre a participação nessas práticas, 57% disseram que participariam, 36,7% disseram talvez e apenas 6,7% se recusariam a exercer alguma prática religiosa via Internet. Em relação à eficácia desse tipo de prática, 63,3% acreditam que os objetivos poderiam ser alcançados enquanto que 10% mostram-se descrentes. Por fim, 76% dos participantes acreditam que a Internet facilitaria o acesso às práticas religiosas. Apenas 13,3% dos participantes dessa pesquisa tinham idade superior aos 45 anos havendo maior concentração nas idades entre 22 e 37 anos, segundo dados informados na pesquisa. Quanto ao gênero, mais de 83% dos participantes são do sexo masculino. Esses dados mostram que há uma tendência à aceitação das práticas religiosas via Internet, corroborando a visão de Pierre Lévy, que prefere realçar as coisas qualitativamente novas que o movimento da cibercultura faz emergir, bem como as oportunidades que ele oferece ao desenvolvimento humano (LÉVY 1999:211).

Considerações finais

Este trabalho pretendeu chamar a atenção para as possibilidades de realização de práticas religiosas no ciberespaço que atualiza não apenas os modos de relações interpessoais, como também as relações com o transcendente. Mais do que um instrumento de simples divulgação de doutrinas, a Internet tem sido utilizada como ambiente interativo que permite a expressão de fé e como recurso para o contato com o divino. Este tema tem causado certo espanto na medida em que o universo ciberespacial não parece combinar com as tradições religiosas. No entanto, parece inevitável que o ser humano incorpore o desenvolvimento tecnológico às suas práticas cotidianas, mesmo as de características mais inefáveis como sua relação com o divino. Longe de constituir-se numa relação imediata entre ser humano e transcendente, a utilização dos recursos digitais no mínimo confirma a crença de que é necessário haver uma mediação – ainda que tecnológica – para o contato com Deus, ainda que Deus seja considerado onisciente, onipresente e onipotente, como no Catolicismo.

Esperamos contar com a continuidade das pesquisas sobre as consequências que as práticas que chamamos ciber-religiosas geram ou podem gerar na sociedade e na religião e também estudos empíricos que verifiquem as características das experiências religiosas vivenciadas pelos ciber-fiéis.

Bibliografia

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Padre Reginaldo Manzotti www.padrereginaldomanzotti.org.br/

Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida www.santuarionacional.com/v2/index.php

Notas

[*] Bacharel em Comunicação e Multimeios pela PUCSP.

[**] PhD, Laboratório de Psicologia Social da Religião - Instituto de Psicologia – USP.

[1] Este artigo é baseado no trabalho de conclusão de curso intitulado “Acesso ao Divino: Um estudo da Internet como meio de realização para práticas religiosas católicas”, realizado em 2008 por Cintia Aoki para sua graduação no curso Comunicação e Multimeios da Faculdade de Comunicação e Filosofia da PUCSP.