O Teatro da Universidade Católica de São Paulo, o TUCA, inaugurado em agosto de 1965, transformou-se num dos principais espaços de resistência cultural e política da universidade e também da cidade de São Paulo no decorrer da ditadura. Sua origem e identidade se confundem com a própria história do Grupo TUCA formado na universidade a partir das propostas de resistência cultural do movimento estudantil naqueles anos.
Desde sua inauguração até os anos 1980, a trajetória do TUCA guarda relação estreita com a conjuntura nacional e as práticas de resistências e de repressão ocorridas no período. A farta documentação hoje disponíveis no acervo de DEOPS-SP sobre o TUCA mostra como ele foi um espaço mantido sobre estreita vigilância pelos órgãos de repressão. Depoimentos dos estudantes e outros profissionais da classe teatral que nele atuaram dão conta de prisões de integrantes do grupo TUCA, da atuação da censura, das inúmeras ameaças telefônicas recebidas, das prisões do grupo no DOI-CODI e abertura de Inquérito Policial Militar sobre o grupo TUCA em 1974. Da mesma forma estes e outros documentos, assim como a memória de inúmeros militantes, testemunham sua vitalidade como espaço de rebeldia, experimentação cultural e resistência política. Hoje reconstruído, após os incêndios de 1984, na sua concepção arquitetônica e em seu ambiente cultural, o espaço do teatro preserva não só as marcas daquela violência institucional, mas também a memória de inúmeros momentos da resistência à ditadura civil-militar. Lugar de criação cultural de vanguarda, de protagonismo do movimento estudantil e de militância de diversos movimentos de resistência, o TUCA tornou-se marco simbólico e lugar da geografia política da história da cidade naquele período.