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ACOLHIMENTO DE PROFESSORES

 

Atos Institucionais – Sanções Políticas é o título geral de um documento publicado pela Biblioteca Digital da Câmara dos Deputados, em 2000, sob a organização de Paulo Affonso Martins de Oliveira.

Nas suas 381 páginas, encontra-se a relação de quase cinco mil pessoas atingidas por atos dos governos militares ditatoriais, emitidos no período de 1964 a 1978, sob a forma geral de aposentadoria compulsória, banimento do país, cassação de mandatos e de direitos políticos, demissão e reforma de militares. Tais atos, segundo Temer que prefaciou deste documento, espelham uma época em que o regime implantado, e mantido pela força, era senhor da vida e do destino dos cidadãos.

A primeira lista de punições foi publicada já em abril de 1964, ou seja, um mês após o golpe militar, como um anexo do Ato Institucional n. 1, promulgado pela ditadura. Nesta relação encontrava-se Darcy Ribeiro, um dos fundadores da Universidade de Brasília – UnB. Ressalte-se que este processo de perseguição começou, inicialmente, atingindo opositores da ditadura e, depois, em uma espécie de movimento antropofágico, acabou atingindo, inclusive, partidários do golpe militar.

Considerando o período de 1964 a 1978, e que foram emitidos cerca de 5.790 atos de suspensão de direitos dos cidadãos, as punições assim se distribuíram:



Discriminação (%)
Aposentadoria compulsória................................................ 20
Banimento do país (cerca de 127 pessoas)......................... 02
Cassação de mandatos........................................................ 09
Demissão de cargos............................................................. 35
Reforma e transferência para a reserva de militares...... 16
Suspensão de direitos políticos.................................. 18
TOTAL 100


Por trás de cada nome que compõe esta relação de perseguidos, há uma história de violência, mortes, revolta, famílias desfeitas, vocações interrompidas, talentos desperdiçados, como observa Temer. E, ressalte-se, que nesta relação não estão incluídos aqueles que foram presos, torturados, os que foram mortos e os que desapareceram sem deixar vestígios. Estes crimes ainda estão por serem apurados.

Entre as pessoas punidas e integrantes desta relação, encontram-se professores e pesquisadores que atuavam nas mais diversas áreas do conhecimento e pertencentes ao quadro docente de várias instituições de ensino. A grande maioria destes intelectuais destacava-se no cenário cultural brasileiro – senão internacional – pela reconhecida competência, assim como por seus compromissos na luta contra o governo ditatorial. Afastados por razões políticas – apenas a USP aposentou compulsoriamente mais de 20 docentes – ficaram impedidos de trabalhar nas instituições de ensino de origem e em quaisquer outras instituições governamentais.

A PUC-SP não expulsou ou aposentou compulsoriamente membros da comunidade, nem lançou mão de uma política institucional de demissões políticas. Ao contrário, tornou-se um reconhecido espaço de acolhimento de muitos destes intelectuais perseguidos, expurgados ou que tiveram suas atividades cerceadas. Nos trabalhos da CVPUC se constatou – afora relatos de dificuldades políticas de alguns professores com suas respectivas Direções ou Coordenações – a demissão, em janeiro de 1969 e por motivação política, de Paulo Henrique Sandroni, professor do Departamento de Economia; ele pertencia ao quadro docente da PUC-SP desde 1966. Contudo, essa demissão, conforme depoimento do próprio professor, ocorreu por iniciativa do diretor da Faculdade de Economia, Administração, Contábeis e Atuariais e não por uma decisão da instituição. Tanto é que quando Paul I. Singer assume a Chefia do Departamento de Economia o reintegra à PUC-SP, onde permanece até 2005.

Na sequencia, apresenta-se os professores aposentados compulsoriamente ou demitidos em outras instituições que foram acolhidos pela PUC-SP, assim como uma breve biografia de cada um deles.



Professores aposentados acolhidos pela PUC-SP


Bento Prado Almeida Ferraz Júnior


- Instituição de origem: Universidade de São Paulo – USP

- Punição: Aposentadoria

- Data: 30/abr/1969

- Ano de ingresso na PUC-SP: 1976 no Departamento de Filosofia da Faculdade deComunicação

e Filosofia.


Bento Prado é considerado um dos importantes filósofos da comunidade acadêmica brasileira. Formou-se em filosofia pela Universidade de São Paulo – USP, em 1959. Após a sua aposentadoria compulsória, em 1969, pela USP, transferiu-se para Paris, tornando-se pesquisador do Centre National de Recherches Scientifiques. Permaneceu na França até 1975.

Ao voltar para o Brasil, foi convidado pela PUC-SP, em 1976, para constituir o Programa de Pós-Graduação de Filosofia (Doc. 1 – Entrevista Bento Prado), passando a integrar o quadro de docentes deste Departamento, onde lecionou até final de 1977, quando se transferiu para a Universidade Federal de São Carlos.

Faleceu em 2007, aos 69 anos.




Bolivar Lamounier


- Instituição de origem: Servidor Público

- Punição: Aposentadoria

- Data: 28/abr/1969

- Ano de ingresso na PUC-SP: 1973 na Faculdade de Ciências Sociais.


Bolivar Lamounier bacharelou-se em 1964, em Sociologia e Política pela Universidade Federal de Minas Gerais. Concluiu a sua formação acadêmica em Ciência Política na Universidade da Califórnia, em Los Angeles: em 1964 terminou o mestrado e, em 1974, o doutorado.

Entre 1968 e 1969, trabalhou no IUPERJ – Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro, coordenando o programa de pós-graduação e ocupando a diretoria executiva. Em 1969, teve seus direitos políticos cassados pelo governo militar. Como não exercia atividades políticas, acredita-se que sua cassação decorreu do fato do IUPERJ ter sido uma instituição independente e empenhada na liberdade acadêmica. Mudando-se para São Paulo, no período 1970 e 1980, integrou o grupo do CEBRAP e, em 1973, passou a integrar o quadro de docentes da Faculdade de Ciências Sociais da PUC-SP. Em 1981, tornou-se o diretor-presidente do IDESP – Instituto de Estudos Econômicos, Sociais, Políticos de São Paulo.

Em 1985, participou da Comissão de Estudos Constitucionais que preparou o anteprojeto da Constituição promulgada em 1988. No período 1992-1993 integrou o Conselho de Orientação Política e Social da Fiesp e, de 1993 à 1999, presidiu o Centro de Estudos de Opinião Pública da UNICAMP. Em 1997 foi eleito para a Academia Paulista de Letras.

Lamounier produziu vários estudos de ciência política que foram publicados no Brasil e no exterior. Atualmente, é consultor em empresa especializada no acompanhamento e análise do quadro político e socioeconômico do país.




Casemiro dos Reis Filho


- Instituição de origem: Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de São José do Rio Preto/SP

- Punição: Demissão

- Data: 08/jun/1964

- Ano de ingresso na PUC-SP: 1967 no curso de Pedagogia da Faculdade de Filosofia, Ciências e

Letras São Bento


Morando na zona rural de Poloni/SP, concluiu o curso primário aos 14 anos de idade. Entre 1947 e 1949 administrou um bar da família em Mirassol e, em 1950, com 23 anos, concluiu, em São José do Rio Preto, o Curso Técnico em Contabilidade e o Curso Normal, que formava professores primários, conforme descreve Saviani em artigo da Revista Educação & Sociedade, n. 77.

Em 1951, mudando-se para São Paulo, Casemiro ingressa nos cursos de Pedagogia e de Economia – este último logo abandonou – ambos da USP e, para sobreviver, passa a exercer, via concurso público, o cargo de professor secundário de Sociologia na rede de ensino público estadual.

Em 1955, já formado, retorna a São José do Rio Preto/SP, onde ainda morava sua família, removendo-se para a escola onde havia se formado professor primário. Ano seguinte, também assume a cadeira de Educação na escola de ensino médio da vizinha cidade de Monte Aprazível.

Nesta época, “começou um movimento para se criar uma Faculdade” em São José do Rio Preto e Casemiro, um de seus protagonistas, assume, após a sua criação, a cadeira de História e Filosofia da Educação do curso de Pedagogia. Nesta instituição, ele, Maurício Tragtenberg que também lecionava lá, e outros professores, lograram implantar um ensino não só de excelente qualidade, mas também crítico; fato que rendeu à instituição o apelido de “USP caipira” e a atração da ira de uma parte da comunidade que achava que a Faculdade “virava” a cabeça de seus filhos. A reação veio em 1964 com o golpe militar, ocasião em que professores e estudantes foram delatados, presos – Casemiro permaneceu na prisão por cerca de 2 meses – demitidos ou aposentados sumariamente e desmantelado este projeto educacional.

Retornando desempregado a São Paulo, torna-se vendedor da Enciclopédia Barsa até que, em 1965, volta a lecionar em escola do ensino médio.

Em 1967, em razão de seu trabalho na Faculdade de São José do Rio Preto, é convidado pela PUC-SP a integrar não só seu quadro docente, na Faculdade de Educação, como também a participar da elaboração dos projetos da “Reforma Universitária” e do Estatuto desta Universidade. Tornou-se um dos principais protagonistas na elaboração deste projeto educacional inovador da PUC-SP e na implantação, posteriormente, do Ciclo Básico, do qual foi seu idealizador e coordenador; igualmente, foi o primeiro coordenador do Conselho de Ensino e Pesquisa - CEPE. Foi Vice-Reitor Acadêmico e, depois, Vice-Reitor Administrativo, respectivamente, nas duas gestões de Nadir G. Kfouri, entre 1976 e 1984. Em 1976, também passa a integrar o quadro docente da UNICAMP, na Faculdade de Educação.

Em 1981 vê-se forçado a se aposentar devido a debilitação de sua saúde física, vindo a falecer em fevereiro de 2001, aos 73 anos.




Florestan Fernandes


- Instituição de origem: Universidade de São Paulo – USP

- Punição: Aposentadoria

- Data: 28/abr/1969

- Ano de ingresso na PUC-SP: 1977 no Departamento de Política da Faculdade de Ciências Sociais.


Nascido em uma família pobre, começou a trabalhar aos 6 anos, vendendo artigos dentários, fazendo propaganda de “fortificantes”, de remédio para sífilis; por isso, não chegou a terminar o ensino fundamental. Aos 18 anos, volta a estudar em um curso de Madureza – que propiciava escolaridade básica para adultos.

Em 1941, ingressa no curso de Ciências Sociais da USP e, em 1947, conclui o Mestrado na Escola de Sociologia e Política, já na condição de professor assistente de Fernando de Azevedo e, depois, de Roger Bastide. Neste período, também começa a escrever para jornais diários e, na oposição à ditadura do Estado Novo, em 1943, ingressa na IV Internacional, organização de esquerda de inspiração trotskista. Em função desta militância ligada a movimentos sociais e a organizações políticas de esquerda foi preso duas vezes (Doc. 2 – Entrevista Florestan). Em 1953, já era livre docente da USP.

Florestan Fernandes é considerado o criador da Sociologia crítica no Brasil; sua produção acadêmica tinha por objetivo não só a contribuição para a compreensão da sociedade brasileira – estudando desde as comunidades indígena, negra, até a questão da dependência da América Latina e a natureza do capitalismo brasileiro – como também a busca de um sentido prático para esta produção.

Em 1969, foi aposentado compulsoriamente de suas funções de docente da USP. A convite da PUC-SP passou a integrar o quadro de docentes do Departamento de Política, em 1975, e a fazer parte do Programa de Pós-Graduação de Ciências Sociais.

Igualmente, figurou no cenário político do país exercendo dois mandatos de Deputado Federal pelo Partido dos Trabalhadores - PT, de 1987 a 1990 e no período 1991 a 1994, nos quais foi grande defensor da escola pública. Também teve grande participação na elaboração do projeto da Lei de Diretrizes e Bases – LDB do sistema de ensino no país. Em 1986, se reelege novamente para participar da elaboração da Constituinte, promulgada em 1988. E, ainda em 1986, depois da Anistia, reassume a docência na USP.

Faleceu em agosto de 1995 aos 75 anos.




José Arthur Giannotti


- Instituição de origem: Universidade de São Paulo – USP

- Punição: Aposentadoria

- Data: 30/abr/1969

- Ano de ingresso na PUC-SP: 1977 no Departamento de Filosofia da Faculdade de Comunicação

e Filosofia


Giannotti é filósofo, formado pela USP. Em 1953 finaliza o seu doutorado e, em 1954, passa a integrar o quadro de docentes desta universidade, sucedendo Cruz Costa e Lívio Teixeira no Departamento de Filosofia.

Em abril de 1969 foi aposentado compulsoriamente de suas funções e, neste mesmo ano, juntamente a um grupo de professores que, em sua maioria, foram também aposentados pelo regime militar, fundaram o CEBRAP – Centro Brasileiro de Análise e Planejamento. Este importante núcleo da intelligentsia brasileira destacou-se por suas atividades marcadamente de resistência política à ditadura e por sua produção de conhecimento crítico, independente.

Em 1974 foi acolhido pela PUC-SP, passando a integrar o Programa de Pós-Graduação de Filosofia. Com a Anistia, em 1979, Giannotti reassume as suas funções na USP e passa a integrar, também, o corpo docente da UNICAMP.

Atualmente é professor emérito do Departamento de Filosofia da USP e membro do CEBRAP.




Maria Nilde Mascellani


- Instituição de origem: Secretaria de Educação/SP

- Punição: Aposentadoria

- Data: 04/nov/1970

- Ano de ingresso na PUC-SP: 1971 no Departamento de Psicologia Social da Faculdade de

Psicologia.


Maria Nilde, formada em Pedagogia pela USP, foi aposentada compulsoriamente, em 1970, por suspeita de conduta e elaboração de “pedagogia subversiva” nos Ginásios Estaduais Vocacionais do Estado de São Paulo, atualmente correspondentes ao ensino da 5a à 8a séries (Doc. 3 – Maria Nilde). Ela foi idealizadora destas instituições que realizavam uma inovação pedagógica por meio de unidades experimentais: pretendia-se desenvolver a capacidade crítica, o pensamento independente, baseados no estudo da realidade social circundante. Havia unidades nas cidades do interior do Estado, como Americana, S. Caetano do Sul, Rio Claro, Batatais e Barretos, além da cidade de São Paulo, que atendiam cerca de 5 mil alunos. Tal experiência, que se iniciou em 1961 e perdurou até 1969, terminou com a invasão policial em quase todos os ginásios e a prisão de professores, alunos e até pais de alunos.

Impedida de exercer a docência, Maria Nilde e outros professores também aposentados pela ditadura, fundam uma entidade, Equipe RENOV, de assessoria, projetos e planejamento educacional e de ações comunitárias, com forte atuação na defesa dos direitos humanos e de perseguidos políticos pelo regime.

Ingressa na PUC-SP em 1971, na então Faculdade de Psicologia do Sedes Sapientiae, pelas mãos de Madre Cristina, atuando na área de Planejamento Educacional e de Educação Popular.

Em 1974, é presa pelo DOPS em razão de um trabalho realizado para o Conselho Mundial das Igrejas; ocasião em que sua incomunicabilidade só foi interrompida, após 34 dias, com a intervenção de D. Paulo.

Faleceu em dezembro de 1999, aos 68 anos.




Maurício Tragtenberg


- Instituição de origem: Faculdade de Filosofia de São José do Rio Preto/SP

- Punição: Aposentadoria

- Data: 09/out/1964

- Ano de ingresso na PUC-SP: 1976 no Departamento de Política da Faculdade de Ciências Sociais


Tragtenberg era filho de imigrantes judeus ucranianos, pequenos agricultores, que se instalaram no interior do Rio Grande do Sul. Desde pequeno lia muito, mas a sua escolaridade formal não ultrapassou a 3a série do ensino fundamental. A convivência com colonos russos anarquistas durante a sua infância e adolescência deixou-lhe essa marca em toda a sua produção intelectual, e vida.

Ao mudar-se para São Paulo mantém contato com vários círculos culturais, partidos políticos, bibliotecas que, associado ao seu intenso autodidatismo, lhe garantiram a possibilidade de apresentar uma monografia à congregação da USP e, com isso, autorização legal para prestar vestibular, cursar a universidade e obter a titulação necessária para se integrar à docência.

Lecionou no ensino secundário e em várias universidades, de São José do Rio Preto – onde foi aposentado compulsoriamente pela ditadura – FGV-SP, USP, UNICAMP e, em quase todas elas, enfrentou problemas. Ingressou na PUC-SP, em 1976, onde permaneceu até a sua morte (Doc. 4 – Entrevista Tragtenberg).

Enquanto sociólogo seu grande interesse era a crítica à burocracia e ao poder burocrático, inclusive nas universidades, e a autogestão.

Faleceu em novembro de 1998, aos 69 anos.

 




Octavio Ianni


- Instituição de origem: Universidade de São Paulo – USP

- Punição: Aposentadoria

- Data: 30/abr/1969

- Ano de ingresso na PUC-SP: 1977 no Departamento de Sociologia da Faculdade de Ciências

Sociais


Filho de imigrantes italianos, desde a juventude participava do movimento secundarista contra a ditadura do Estado Novo, pela anistia e redemocratização do país. Em 1948 ingressa no curso de Ciências Sociais da USP e, em 1956, passa a integrar o quadro de docentes desta universidade até 1969, quando é aposentado pelo regime militar. Impedido de exercer a docência foi, também, um dos fundadores do CEBRAP.

Em 1977 é acolhido pela PUC-SP onde passa a integrar o Programa de Pós-Graduação de Ciências Sociais (Doc. 5 – Sobre Anistia).

Em 1986 se transfere para a UNICAMP e aí permanece até próximo de sua morte.

Contribuiu ativamente para a construção da moderna sociologia no Brasil, enquanto uma “forma de autoconsciência científica da realidade”, especializando-se na análise do imperialismo e do populismo.

Faleceu em abril de 2004, aos 78 anos.




Paul Israel Singer


- Instituição de origem: Universidade de São Paulo – USP

- Punição: Aposentadoria

- Data: 30/abr/1969

- Ano de ingresso na PUC-SP: 1977 no Departamento de Economia da Faculdade de Economia,

Administração, Contabilidade e Atuariais.



Singer nasceu em uma família de pequenos comerciantes judeus em Viena, Áustria. Em 1940, em razão da perseguição nazista, a família emigra para o Brasil, fixando-se na cidade de São Paulo.

Em 1951, em um Colégio Técnico, Singer se forma em Eletrotécnica, exercendo esta profissão até 1956. Neste período, filiado ao Sindicato dos Metalúrgicos do Estado de São Paulo, militou no movimento sindical.

Em 1959 bacharelou-se em Economia na USP. Neste mesmo ano, participou da fundação da POLOP – Política Operária, organização política de esquerda constituída, em sua maioria, por membros da ala esquerda do Partido Socialista Brasileiro – PSB.

Em 1960, passou a integrar o quadro docente da USP, na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade. No período 1966-67, em Princeton/EUA, especializa-se em Demografia, resultando, daí, a sua tese de livre-docência. Retorna ao Brasil e, em 1969, é aposentado compulsoriamente pela ditadura.

Também impedido de exercer a docência, participou da fundação do CEBRAP, em 1969, e lá permaneceu até 1988. Neste período, em 1979, é convidado pela PUC-SP a integrar o seu quadro docente no Departamento de Economia. Durante os 4 anos em que aí permaneceu, foi muito atuante seja na vida acadêmica, seja no cotidiano da universidade (Doc. 5 - Sobre Anistia).

Com a vitória da prefeita Luiza Erundina na cidade de São Paulo, Singer foi convidado a compor o seu governo, em 1989, ocupando a Secretaria Municipal de Planejamento. Exerceu esta função até o final de seu mandato, em 1992.

Especializando-se em Economia Solidária e, inclusive, ajudando a constituição de Incubadoras Tecnológicas de Cooperativas Populares, é convidado, em 2003, a coordenar a Secretaria Nacional de Economia Solidária – SENAES do Ministério do Trabalho e Emprego.

 




Paulo Réglus Neves Freire

- Instituição de origem: Universidade do Recife/PE

- Sanção: Aposentadoria

- Data: 09/out/1964

- Ano de ingresso na PUC-SP: 1987 no Programa de Pós-Graduação em Educação



D. Paulo E. Arns e Paulo Freire (Reprodução)

Pernambucano, só consegue ingressar aos 22 anos na Faculdade de Direito de Recife, em razão de uma vida muito modesta. Foi professor do ensino médio e diretor do Setor de Educação do SESI de Recife e só, então, inicia a docência no ensino superior na Escola de Serviço Social.

Entre as décadas de 50 e 60, Paulo Freire dedicou-se a várias experiências de alfabetização de adultos de baixa renda, moradores nas áreas urbana e rural e, por essa razão, foi convidado a coordenar o Programa Nacional de Alfabetização do governo Goulart.

Foi no bojo destas experiências que concebe a educação como prática da liberdade e enquanto meios de conscientização e construção de uma sociedade democrática, do ponto de vista do oprimido. Para ele, “a educação é um momento do processo de humanização, um ato político, de conhecimento e de criação”.

No governo Goulart o objetivo era alfabetizar cerca de 5 milhões de adultos, contudo o golpe militar, em 1964, extinguiu o programa e o prendeu por duas vezes. Em setembro deste mesmo ano segue para o exílio: primeiro na Bolívia, em seguida Chile, EUA e, depois, Genebra (Suíça), onde, como consultor do Conselho Mundial das Igrejas, participou de projetos de educação em vários continentes.

Em junho de 1980 retorna ao Brasil, após 16 anos de exílio. Fixando residência em São Paulo, passa a lecionar na UNICAMP e, em seguida, na PUC-SP em seu Programa de Pós-Graduação em Educação (Doc. 6 – Entrevista P. Freire).

Em janeiro de 1989 assume o cargo de Secretário da Educação no governo Luiza Erundina da cidade de São Paulo, e aí permanece até maio de 1991, quando retorna à docência na PUC-SP.

Faleceu em maio de 1997, aos 75 anos.

 




Pedro Calil Padis


- Instituição de origem: Universidade de São Paulo - USP

- Sanção: Aposentadoria

- Data: 30/abr/1969

- Ano de ingresso na PUC-SP: 1977 no Departamento de Economia da Faculdade de Economia,

Administração, Contabilidade e Atuariais



Pedro Calil formou-se, em 1961, em Economia pela USP. À época, enquanto líder estudantil e militante da JUC, contribuiu para a renovação que a Igreja atravessava.

Uma vez formado, dedicou-se à docência na PUC de Campinas, depois na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araraquara, hoje UNESP e, simultaneamente, na PUC-SP.

Em 1969, foi aposentado compulsoriamente, pelo regime militar, da Faculdade de Araraquara. Por essa razão, tornou-se pesquisador do CEBRAP, onde elaborou a sua tese de doutorado.

Em 1970, após o seu doutoramento vai para a França, onde foi pesquisador e professor nas universidades de Reims, Nanterre e Sorbonne-Paris 1. Nesta última, foi diretor do IEDES – Instituto de Estudos do Desenvolvimento Econômico e Social, onde organizou e editou uma coletânea sobre o desenvolvimento.

De volta ao Brasil, em 1977, ainda aposentado, voltou à docência na PUC-SP (Doc. 5 - Sobre Anistia), integrando o quadro docente do Departamento de Economia, e a Coordenação de seu Programa de Pós-Graduação de Economia Política (Doc. 7 – Pedro Kalil). Também exercia docência na FGV-SP. Permaneceu em ambas as instituições até a sua morte.

Faleceu em abril de 1980 aos 41 anos.

Pedro Calil foi homenageado com seu nome sendo dado à rua e a uma Escola de Ensino Fundamental e Médio da cidade de São Paulo.



Yvone Dias Avelino


- Instituição de origem: Universidade de São Paulo - USP

- Sanção: Aposentadoria

- Data: 17/jun/1971


Yvone Dias Avelino graduou-se em História pela USP, tendo feito seu curso, o primeiro da separação entre História e Geografia, entre os anos de 1956 a 1959, obtendo os títulos de bacharel e licenciada em História. Nesse período, os cursos da Faculdade Ciências e Letras eram dispersos em vários bairros da cidade. O de História funcionava na Rua Maria Antonia, atual sede de um Centro Cultural.

Frequentando o terceiro ano da faculdade, prestou concurso de ingresso ao magistério oficial do Estado; foi aprovada e iniciou sua carreira, no ano de 1959, como docente na cidade de Parapuã, na Alta Paulista.

No ano seguinte, muda-se para Bariri e, posteriormente, ao se formar, escolhe cadeira em São Paulo, no bairro de Vila Madalena onde lecionou no Colégio Carlos Maximiliano Pereira dos Santos até sua cassação. Nesse período, em 1963, ingressou no magistério Superior, na Faculdade Sedes Sapientiae e prestou concurso na Universidade de São Paulo, onde lecionou na Cadeira de História da América entre 1965 e 1971.

Com a reforma universitária dos anos 70, fez parte do grupo pioneiro que criou o Departamento de História da universidade brasileira, a primeira unidade administrativa e autônoma do curso de História a formar um colegiado de professores. Fez uma especialização em História do Brasil com Sergio Buarque de Hollanda e, em seguida, no ano de 1970, defendeu seu mestrado, tendo por orientador Astrogildo Rodrigues de Mello, catedrático da Cadeira de História da América.

Em 1971, integrou a comissão paritária coordenada por Emília Viotti e, por essa razão, ambas foram cassadas no mesmo dia e aposentadas compulsoriamente. Nesse mesmo ano foi acolhida no Departamento de História da PUC-SP. Também em 1971, iniciou seu doutorado, sob orientação do Professor Eurípedes Simões de Paula, na USP, tendo defendido sua tese em 1973.
Mesmo sendo anistiada em 1979, optou por não regressar à USP e continuar na PUC-SP, onde atua até os dias de hoje.

Trabalha como pesquisadora e consolidou sua carreira em História da América. Na atualidade realiza uma leitura crítica sobre cidade e literatura, temas em que atua nos cursos de pós-graduação, em congressos, simpósios e encontros, relacionando-se com universidades e centros de estudos europeus e latino-americanos, discutindo e publicando a temática Imigração, sempre inserida nos olhares da História Cultural. É fundadora do Núcleo de Estudos de História Social da Cidade, que coordena desde 1991, e editora da Revista Cordis, ambos da PUC-SP.