aprimoramento - topo banner - clínica psicológica - puc-sp

BOLETIM CLÍNICO - número 9 - outubro/2000

Boletim Clínico | Psicologia Revista | Artigos

9. O Serviço de Fonoaudiologia da Clínica como e quando encaminhar - Ódisséia Stevaux(1)

Assumimos o setor de Fonoaudiologia da Clínica Psicológica, em 1979, com o objetivo de atender aos pacientes que, em avaliação ou terapia psicológica, apresentassem alterações ao nível da Comunicação Oral, Escrita, Voz e Audição.

Uma vez que, o objetivo da Clínica se traduz na inserção do indivíduo, de forma saudável, dentro de um contexto social, o Serviço de Fonoaudiologia ao promover o desenvolvimento adequado da Comunicação, está colaborando de forma incisiva para a concretização deste objetivo.

Auxiliando-nos neste trabalho, atendendo aos pacientes por nós avaliados, temos estagiárias do 4º ano de Fonoaudiologia ou recém formadas, em número que varia de duas a quatro por ano.

Com o decorrer dos anos, em vista da crescente procura por nossos serviços, o que é confirmado pelas estatísticas, e tentando evitar o acúmulo de pacientes em lista de espera para terapia, elaboramos um cadastro de fonoaudiólogas, para as quais encaminhamos os pacientes após nossa avaliação, quando da indisponibilidade de vagas, dificuldades de locomoção do paciente ou incompatibilidade de horários. Esses encaminhamentos são feitos às profissionais que atendam em bairros mais próximos a residência do paciente.

E de que maneira podemos realizar o encaminhamento de um paciente para avaliação fonoaudiológica? O que seria importante observar, já durante o processo de triagem, se há a necessidade deste procedimento, quando isto não surge na própria queixa do paciente?

Muitas são as situações que apontam para esse encaminhamento e seria difícil abordar todas. Portanto, tentaremos explanar de forma geral e didática, as situações mais comuns e freqüentes no nosso cotidiano na Clínica.

No entanto, gostaríamos de ressaltar a importância de “sempre que houver dúvidas a respeito da necessidade ou não de um encaminhamento, a atitude mais sensata é efetuá-lo, para que o profissional adequado retifique, ratifique ou mesmo complemente esse encaminhamento”.

Os problemas fonoaudiológicos atingem diversas faixas etárias e com certeza, quanto mais precocemente trabalhados, melhor prognóstico terão.

Abordemos então, algumas áreas relacionadas à Comunicação Oral.

Em relação à voz, o encaminhamento ao Setor de Fonoaudiologia se faz necessário, quando surgem queixas tais como: rouquidão, crises de afonia (perda total da voz), tensão excessiva na produção vocal, dor ao falar, sem que ocorra, de forma concomitante, sintomas como: faringite, laringite, gripes, etc.

Ao recebermos este tipo de encaminhamento, solicitaremos uma avaliação foniátrica, que nos dará condições de determinar a conduta adequada a cada caso.

Em relação à fala, consideramos todas as alterações relativas ao Sistema Fonêmico do paciente, ou seja, a todos os sons articulados que podem estar sendo omitidos (ex: bola – “bóa”); substituídos (ex: casa – “tasa”, chuva – “suva”, etc) ou distorcidos.

Além disso, podem ocorrer, de forma concomitante ou não, alterações a nível do Sistema Sensório Motor Oral (alterações na musculatura de língua, lábios, musculatura perioral, arcada dentária), que suscitariam um acompanhamento fonoaudiológico.

De outra forma, podemos ter pacientes que apresentem dificuldades em utilizar a linguagem oral como meio de comunicar-se, havendo aqui a necessidade de um trabalho de estimulação.

Desnecessário dizer que, pacientes que requerem atendimento multidisciplinar (por ex: P. C., Down, D. M.) estão incluídos nos casos indicados para o encaminhamento à avaliação e terapia fonoaudiológica.

Podemos pensar também no aspecto – audição. Nesta área podemos encontrar tanto pacientes com perdas auditivas já diagnosticadas, necessitando orientação, adaptação de prótese auditiva e/ou atendimento, como aqueles que, muitas vezes chegam com queixas de crises de otalgia ou otites freqüentes e podem estar com um déficit auditivo, considerado como um fator importante nas dificuldades escolares.

Naqueles casos, o Serviço de Fonoaudiologia, providenciará o encaminhamento do paciente para empresas e profissionais especializados na protetização e atendimento. Já no segundo caso, o encaminhamento dar-se-á, primeiramente ao médico otorrinolaringologista, que indicará a realização de exames audiológicos, se necessário, a fim de esclarecer o diagnóstico, definindo a conduta terapêutica adequada (que muitas vezes é apenas médica e não fonoaudiológica).

Finalmente nos voltamos à Comunicação Escrita onde, é nossa postura dentro do setor, considerar os casos indicados à terapia, aqueles que apresentem principalmente, disortografias de natureza auditiva (ex: I v I - I f I; I d I - I t I; I b I - I p I) e nos demais (dificuldades de alfabetização, disortografias visuais), encaminharmos para o Setor de Psicopedagogia.

Como dissemos, tentamos de forma geral e didática, apontar e esclarecer as situações mais freqüentes que seriam indicadas à uma avaliação e/ou terapia fonoaudiológica.

Acreditamos que, nesses 21 anos à frente do Setor de Fonoaudiologia da Clínica, nosso trabalho tem sido norteado pela seriedade, responsabilidade e dinamismo, objetivando responder, de forma efetiva, às expectativas da população que nos procura em busca da solução de seus problemas, que podem ir da simples falta de uma orientação segura até a necessidade da ajuda de uma equipe de profissionais.

Sentimos que a cada dia, cresce a consciência da importância do inter-relacionamento profissional e percebemos crescer também, um movimento no sentido de divulgar melhor todos os Serviços da Clínica.

É gratificante poder participar deste movimento que amplia a visão da importância social e científica da Clínica Psicológica e traz grandes benefícios à grande razão de nossa existência: o paciente.

Nota:
(1) Fonoaudióloga formada pela PUC-SP em 1978, responsável pelo Setor de Fonoaudiologia da Clínica Psicológica"Ana Maria Poppovic".