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BOLETIM CLÍNICO - número 8 - maio/2000

Boletim Clínico | Psicologia Revista | Artigos

1. Palavras do editor

Estamos iniciando um novo século e um novo milênio. A humanidade atravessa um período de terríveis crises de valores, de ética e de profundo desnorteamento em relação ao objetivos básicos para a humanidade como um todo. Não vou me referir ao aspecto profundamente negativo que eu posso perceber nos humanos do planeta Terra.

Prefiro destacar o que posso chamar de caminho positivo uraniano. Urano é considerado o planeta da criatividade da excentricidade e também da superação do espaço; na Era de Aquário, temos como regentes Urano (o tempo), e Saturno (o espaço). Desde o início do século XX, começamos a perceber a superação do tempo e do espaço mediante inventos como telégrafo, telefone, avião, foguetes e, de uma forma aparentemente mais simples, mediante computadores e pelo uso da Internet.

Pela minha própria deficiência visual, a Internet continua sendo um terreno vedado para mim como usuário, mas o artigo que inicia este Boletim Tudo o que você queria saber sobre as salas de Chat (bate-papo) e não tinha a quem perguntar, de autoria de Ivelise Fortim de Campos, teve o grande mérito de abrir para mim o mágico mundo do relacionamento virtual.

Será que o relacionamento humano no nosso século será cada vez mais mediado pela Internet? Será que os seres humanos infastiados, isolados, e com dificuldades cada vez maiores de um relacionamento "ao vivo" vão apostar suas fichas na virtualidade semi-onírica dos chats?

Estou apenas introduzindo um assunto que imagino vai adquirir cada vez mais importância, ou seja, a substituição do relacionamento entre pessoas pelo relacionamento entre telas de computador. O que vai significar no futuro se a Internet for adquirir uma relevância tão grande que o virtual passe a ser considerado como real? Posso dar um exemplo que todos poderemos entender. O que seria de nós se a realidade virtual do sonho tivesse continuidade na vida da vigília, como seria esse mundo? Haveria, nesse caso, reais condições de diálogo, ou seja, de uma pessoa conseguir, na vigília, a possibilidade de transmitir seus sonhos para outros e, ao mesmo tempo, querer continuar sonhando na vigília?

Todas estas perguntas foram suscitadas pelo artigo de Ivelise Fortim de Campos e espero que ela continue a nos trazer os conhecimentos que possui na área do cyberespeço.

Estamos realizando uma pequena modificação no processo de edição de nosso boletim. A partir deste número, contamos, agora, com a colaboração do licenciado em Letras, Carlos Souza da Silva, para conseguir uma maior clareza no conteúdo dos artigos.

Efraim Rojas Boccalandro
Editor do Boletim Clínico da Clínica Psicológica "Ana Maria Poppovic"