Numa das salas das Indústrias Matarazzo, cujo telhado ruiu e o chão está coberto de escombros e musgo, Paulo Pasta incrustou uma janela de cor. Um grande retângulo monocromático, perfeitamente homogêneo, destacando-se das texturas feitas pelo tempo ao redor. Em vez de um afresco, que passaria a trabalhar organicamente, acompanhando a decomposição do lugar, uma clara resistência aos efeitos do transcorrer do tempo, à perda das coisas. Um corpo a corpo com a construção em ruínas, uma pintura que emerge do esforço de fazer a cor se realizar nessas superfícies descascadas e indistintas. Uma afirmação da luz quando parece iminente a instauração da escuridão.