A fotografia, a princípio dedicada a revelar o mundo, pode também aflorar paisagens sem utilizar-se de luz. As fotografias de Cao Guimarães, feitas com câmeras desprovidas de recursos e sensibilidade, são imagens opacas.

As cenas mortiças, densas, quase táteis, de paredes descascadas e carcomidas pelo tempo interagem com os muros de concreto e o chão coberto de entulho e musgo do Moinho. Estranha sobreposição de texturas em que as gigantescas imagens parecem constituir desdobramentos do tempo e do espaço vivenciados ali.