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Mapeamento

 

 

 

 

Referências:

F. Jameson, Postmodernism, NY, 1991.
D. Harvey, The Condition of Postmodernity, Blackwell, Cambridge, 1990.

Imagens:

P.Fender, Processed imagery of the north sea, 1988.
P.Fender, Ocean earth site simulator for tivat bay, 1991.
S.Boeri, Sections of italian landscape, 1996.

 

As novas grandes escalas demandariam, então, um mapeamento cognitivo que, através de seu próprio fracasso representacional, evidencie os limites da cartografia, dos dispositivos tradicionais de localização. Uma abordagem genealógica que mostre como o mapeamento deixou de ser acessível através dos próprios mapas. Elas requerem um jogo entre a presença e a ausência, a fim de transmitir algo do senso de que essas novas e enormes realidades globais são inacessíveis a qualquer sujeito individual. Realidades fundamentais irrepresentáveis, que não podem surgir diante da percepção. Como, então, tornar conceitualmente acessíveis estas realidades?

É preciso buscar um tipo de figuração adequada para esses processos. Transferir o mapa visual da cidade para o globo, agregando escalas que escapam às suas dimensões. Deslocar a figura geográfica, transcendendo de vez os limites do mapeamento. Assim, dado que a impossibilidade de mapear espacialmente é debilitadora para a experiência urbana, Jameson aponta para a necessidade de uma estética do mapeamento.

Mas essa estetização da espacialidade seria a única maneira de enfrentar a crise de representação gerada pelas novas escalas do espaço e do tempo? As periódicas transformações nos parâmetros da experiência e da percepção do espaço e do tempo, comprimidos pelo desenvolvimento da técnica e dos meios de transporte e comunicações, engendram reavaliações nos modos de representar o mundo. As críticas ao mapa como instrumento totalizante, dedicado à homogenização das diferenças, surgem quando se torna evidente a falta de meios para representar as mudanças de dimensões do espaço-tempo.

O revival da estética do lugar seria típico do impacto da reestruturação flexível contemporânea sobre a espacialidade metropolitana. A tendência é desvincular o espaço urbano, tornado autônomo, das funções, incorporando estratégias estéticas independentes de qualquer determinação. Impõe-se então uma retórica da imagem, das formas de apreensão diretamente vinculadas à experiência e à observação individuais, mas mediadas por um aparato publicitário que tende a tudo converter em cenografia e simulacro. Haveria alguma alternativa a esta política da espacialidade estetizada?