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SP Tower

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Não é com surpresa que, no final de 1999, ocorreu um grande debate em torno de intervenções urbanas, a partir de um vasto projeto de reurbanização, baseado na edificação de um megacomplexo arquitetônico, a ser instalado no Pari. Talvez único setor da cidade propício _ por causa da sua extensão, infraestrutura viária, proximidade ao centro e disponibilidade à baixos custos engendrados por um longo período de desinvestimento _ para abrigar algo desse porte. Esse megaprojeto implica uma alteração muito grande na escala das intervenções e nos limites previstos pelo zoneamento e pelas diretrizes das operações localizadas. Além do evidente desinteresse na manutenção de edifícios antigos, ele propõe a construção de um novo modelo de centro financeiro. A proposta, feita por um fundo de investimentos internacional em parceria com um grupo local, parece selar uma nova escala das operações imobiliário/financeiras que ditam a organização espacial da cidade. Trata-se de uma radical transformação da morfologia urbana, legitimada através da flexibilização das regras de uso e ocupação propostas pela Operação Urbana, mas com um diferencial: o capital internacional é que, subordinando as regulamentações e os investimentos públicos, passa a determinar a configuração do território urbano.

O megaempreendimento, na verdade, indica uma tendência que deve pautar os futuros investimentos determinantes na restruturação urbana de São Paulo, grandes projetos de desenvolvimento imobiliário e urbano promovidos pelo capital internacional, indicando a potencial inserção de São Paulo no sistema das cidades globais. Projetos que tendem a concentrar em grandes complexos arquitetônicos todos os programas do tecido urbano, criar áreas de concentração de produção, serviços e habitação diretamente ligadas à configurações semelhantes em outras metrópoles mundiais, relativamente independentes do restante da cidade, e instalar equipamentos culturais corporativos integrados ao circuito de artes e espetáculos internacional, suprimindo definitivamente os espaços públicos tradicionais.

Trata-se de um processo em grande escala, que só pode ser compreendido no âmbito das dinâmicas da integração global. A restruturação espacial deixa de se fazer em âmbito intra-urbano. Uma configuração de territórios que não correspondem mais ao antigo traçado e ao zoneamento administrativo da cidade. Uma geometria urbana, com espacializações complexas e intensivas, que não é mais apreensível pela experiência. A SP Tower prenuncia uma nova etapa da restruturação urbana da cidade: o impacto da constituição de um território de escala global no espaço da metrópole.

As novas escalas introduzidas por estes empreendimentos conflitam radicalmente com as antigas diretrizes de planejamento e zoneamento, escapando também por completo das disposições mais recentes que visavam reorientar investimentos para áreas centrais. Estes novos grandes projetos exigem uma completa mudança da legislação que regulava a ocupação do espaço urbano, além de subordinar inteiramente os investimentos públicos às suas necessidades. Eles revelam as limitações das políticas urbanas de requalificação pontual, até agora vigentes, em lidar com as novas dinâmicas econômicas e espaciais resultantes da integração global do país e demandam novas estratégias urbanísticas, arquitetônicas e estéticas, contrapostas à apropriação corporativa, à exclusão social e à homogenização dos espaços urbanos e da arte.