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Justaposições

A dinâmica descontínua da espacialização metropolitana engendra novos processos de consolidação territorial. O espaço resultante se apresenta como uma coleção amorfa de pedaços justapostos, sem ligação uns com os outros. Aqui a articulação de uma vizinhança à seguinte não é definida e pode se fazer de uma infinidade de maneiras. Ela se realiza antes por acumulação, independentemente de toda métrica. Este espaço é uma colcha de retalhos, heterogêneo, em variação contínua.

O desenho urbano que se delineia parece operar por dobradura. Cada situação possibilita uma dobra, a rearticulação com o contíguo, permitindo alcançar logo vastas dimensões, passar do lugar ao espaço. Elas fazem preencher o hiato entre o muito pequeno e o imenso, dar conta de grandes escalas. Situações locais que tomam um campo ampliado através de seus prolongamentos e propagações.

Trata-se do modelo da topologia: retratar a vizinhança e suas proximidades sem precisar recorrer à medida das distâncias. Ela usa os intervalos, as direções, os vínculos, os prolongamentos, todos elementos sem medida. Não os lugares em si, mas as relações, de proximidade e afastamento. Essas relações se prolongam, de perto em perto, para a extensão distante. Situações diversas num espaço extenso, como os círculos concêntricos justapostos que se formam quando atiramos várias pedras na água. Como os sinais sonoros ou luminosos que se propagam de um ponto para o entorno aberto. Difundindo-se por meio de ondas.

As conexões entre os lugares não se fazem mais segundo um continuum espacial. As relações entre os diferentes pontos no espaço descontínuo e ilimitado das metrópoles se fazem por articulações entre o próximo e o distante, interfaces entre o que não é contíguo, ignorando as medidas de distância próprias do espaço contínuo. Uma disposição territorial engendrada por distintas e irredutíveis localizações. Um outro tipo de operação de passagem, de ligação entre os sítios.

Não os lugares como tais, definidos e delimitados, mas relações de proximidade e afastamento. Diversas situações num espaço extenso, uma rede formada por prolongamentos e propagações. Em vez da rígida implantação da cidade tradicional, o espaço metropolitano é uma coleção soft de partes justapostas sem ligação entre si. Um campo que pode ser traçado independentemente de toda métrica, de toda grandeza, constituído por intervalos e movimentos, não por marcos fixados no espaço. O território é antes de tudo a distância crítica entre duas situações: as relações de força, de atração e repulsão, que se estabelecem entre elas.

 


Referências:

M. Serres. Atlas. Paris, Julliard, 1994