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Novo Urbanismo

Cassio Vasconcellos- Arte/Cidade 1997


Como transformações em cidades como São Paulo responderam à dinâmica internacional? A megacidade indica a configuração de novas formas espaciais, resultantes do impacto da globalização. Uma forma caracterizada pelas conexões funcionais estabelecidas em vastas extensões de territórios, mas com muita descontinuidade em padrões de uso do solo. As hierarquias sociais e funcionais das megacidades são indistintas e misturadas em termos de espaço, organizadas em setores reduzidos e improvisadas de forma irregular, com focos inesperados de usos indesejáveis. É neste contexto, mais amplo, muitas vezes caótico, que se planejam grandes projetos de reurbanização e investimentos imobiliários internacionais. As megacidades são constelações marcadamente descontínuas de fragmentos espaciais, peças funcionais e segmentos sociais.

Megaurbanidades em que são acentuadas as desconexões com as situações e populações locais. Será o urbanismo capaz de inventar e implementar na escala requerida pelo desenvolvimento demográfico e espacial das cidades? A urbanização pervasiva modificou a condição urbana para além de todo reconhecimento. Um novo urbanismo é requerido aqui, capaz de criar campos que acomodem processos sem forma definida. Capaz de expandir noções, negar fronteiras, descobrindo inomináveis híbridos. Manipular infra-estrutura para permanentes intensificações e diversificações, irrigando territórios com potencial. Gerar uma massa crítica de renovação urbana.

Intervir aqui implica operar com essas tensões, propor novas relações entre elementos distantes, novas escalas metropolitanas. Interferências que reflitam a perda da escala humana, própria da cidade tradicional, provocada pelas dimensões da nova situação. A supressão de um padrão de medida, produzindo estruturas descontínuas e relações sem hierarquia. A megaescala possibilita programáticas hibridizações, proximidades, fricções e sobreposições.

Só esta escala pode sustentar uma grande proliferação de eventos numa só área, permitir o inesperado. Uma visão em que a cidade se coloque mais como um padrão de eventos do que uma composição de objetos. Como intervir no caos?

 


Referências:
 M. Castells. A Sociedade em Rede. São Paulo, Paz e Terra, 1995.
 Rem Koolhaas. SMLXL. Roterdã, 010 Publishers, 1997.