www.pucsp.br/~marcusbastos . convergência de mídias I . programa

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Concentrando sua análise numa arqueologia mista, em que tanto a história da mídia quanto sua relação com as teorias da linguagem são centrais, Santaella demonstra como essa passagem da cultura de massas à cultura das redes é conduzido por um movimento cada vez mais complexo de convergência. Para a autora, esse processo faz parte de uma longa série de justaposições, em que "há sempre um processo cumulativo de complexificação". Nesse processo, seis formações culturais predominam: cultura oral, cultura escrita, cultura impressa, cultura de massas, cultura das mídias e cultura digital
(p. 13).

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relação entre o conceito de 'formação cultural' e 'formação discursiva' (para vários estudiosos da linguagem, o conceito de formação discursiva serve como mecanismo para inserir o contexto econômico e cultural na análise do processo de produção de sentido — como, por exemplo, quando Michel Pecheux defende ser preciso entender as “condições de produção do discurso” ao fazer a análise de um texto, ou quando Michel Foucault propõe descrever, entre um certo número de enunciados em que se puder definir uma regularidade (uma ordem, correlações, posições e funcionamentos, transformações), uma formação discursiva. (cf. para uma explicação menos simplificada, 'Arqueologia do Saber', pp. 43-44)

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num entendimento mais colado aos processos de mediação propriamente ditos, seria possível propor uma divisão de formações culturais levemente modificada, menos sofisticado quando o objetivo é descrever o tecido amplo de relações entre tecnologia e cultura, mais exato quando o objetivo é entender essas relações num âmbito mais circunscrito aos efeitos de linguagem dela resultantes. Assim, seria possível pensar em:

. cultura oral

. cultura escrita —> os processos de mediação se descolam do corpo, por meio de próteses artesanais, como é o caso do papel e da caneta)

. cultura mecânica —> os processos de mediação se automatizam, por meio de processos industriais, como é o caso da imprensa e da fotografia; vale destacar, nesse sentido, que tanto a linguagem gráfica como a linguagem fotográfica funcionam a partir da combinação de pontos, seja a retícula ou o grão, e que ambas inscrevem-se no âmbito da multiplicação que, no entanto, acontece por meio da sofisticação dos transportes e não pela invenção de meios de transmissão intrínsecos ao processo de mediação)

. cultura elétrico-eletrônica —> os processos de mediação se diversificam e tornam-se bens de consumo, como é o caso do telefone, do rádio e da TV; todos funcionam pela codificação de sinais elétricos, que são convertidos por aparelhos de recepção doméstica e, por isso, inscrevem-se no âmbito da portabilidade, que suprime a necessidade do transporte físico, na medida em que a transmissão acontece por uma infra-estrutura que conecta os diversos aparelhos domésticos, constituindo uma rede embrionária)

. cultura digital —> os processos de mediação se liquefazem, em sintonia com a volatidade do código binário; não há separação técnica entre palavra, imagem e som, pois todas as linguagens são digitalizadas; além disso, torna-se possível a síntese numérica de signos; as linguagens inscrevem-se no âmbito da programabilidade; o processo de nomadismo existente na cultura elétrico-eletrônica torna-se mais trivial, tendo em vista a maior portabilidade de mobilidade dos aparelhos, por meio de rede agora mais sofisticadas

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