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Hospital Santa Lucinda faz cirurgia inédita no Brasil

Agricultor com anomalia congênita rara é submetido à retirada de tumores nos rins no CCMB

(*Reportagem publicada no Jornal da PUC, na 2ª quinzena de abril de 2003)

No início deste ano (2003), um agricultor de Ibiúna (interior de São Paulo) procurou o Hospital Santa Lucinda, em Sorocaba, com problemas nos rins. Foi examinado e constatou-se que o paciente tinha um tumor que comprometia o funcionamento dos seus órgãos. Optou-se então pela realização de uma cirurgia. Até este ponto, não há nenhuma novidade no procedimento, já que o Hospital Santa Lucinda, da PUC-SP, realiza transplante de rins há dez anos.
A cirurgia, porém, teria um complicador. O agricultor possuía uma anomalia congênita rara: seus rins são unidos pelos pólos inferiores, resultando num formato de ferradura. O tumor desenvolveu-se justamente no local desta união, atingindo totalmente o lado direito e parcialmente o lado esquerdo. Mesmo assim, os médicos optaram por realizar a operação no local.
“O problema estava diagnosticado e tínhamos de resolvê-lo. O Hospital Santa Lucinda possui uma estrutura que permite a realização de uma intervenção de alta complexidade, como essa”, afirma Aramando Radesca Cavaller, chefe da equipe que fez a cirurgia e médico do Conjunto Hospitalar de Sorocaba (que inclui o Santa Lucinda) e da Beneficência Portuguesa de São Paulo.

INEDITISMO – A experiência resultou em uma cirurgia até então inédita no Brasil e tem levado Cavaller a participar de palestras em outras faculdades de medicina, como as da Unifesp, Unicamp e USP. “Certamente ela rende um artigo em publicação internacional. Foi uma situação rara, mas aconteceu comigo pode aparecer para outros médicos. Partilhar essa experiência ajuda porque ela se torna referência para outros casos”.
A intenção da equipe médica era apenas retirar o tumor. “Não foi possível, porém, separar dentro do paciente a parte boa e a danificada dos rins. Optamos então pelo autotransplante”, conta Cavaller. Os órgãos foram retirados e colocados em uma bacia com gelo. Em seguida, foi feita a retirada das áreas atingidas pelo tumor e o reimplante no paciente. O procedimento todo durou 12 horas.

RECUPERAÇÃO – Cavaller afirma que a equipe conseguiu reabilitar dois terços do rim esquerdo do paciente. Segundo ele, o agricultor teve uma recuperação boa e deverá seguir um acompanhamento rigoroso durante os próximos cinco anos.

“Cirurgias de alta complexidade como esta são importantes também para que possamos desenvolver ainda mais nossa estrutura hospitalar, tanto na UTI quanto na aparelhagem, nos exames laboratoriais e até no que se refere à alimentação dos pacientes”, afirma Cibele Isaac Saad Rodrigues, diretora-geral do Centro de Ciências Médicas e Biológicas da PUC-SP.

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