III Semana de Estudos Asiáticos

“República da Coréia”

 

1. Introdução

Na última década, a retomada e ampliação do relacionamento com a Ásia adquiriu novo vigor pela maior presença tanto da Coréia do Sul e dos países do Sudeste Asiático, quanto da China que, em decorrência de seu desenvolvimento acelerado, não mais é só um ator político, mas um forte mercado consumidor além de fornecedor.

Iniciativas abrangentes como a Parceria Especial para o Século XXI com a Coréia do Sul, a Parceria Estratégica com a China e a Aliança para o Século XXI com o Japão refletem a percepção de lado a lado das ricas potencialidades desse relacionamento.

Tem-se a impressão de que há um verdadeiro e grande interesse, por parte do Brasil, na ampliação dos laços políticos e/ou parcerias comerciais com a Ásia, mas ainda não se delinearam as formas de se atingir esse objetivo. Em outros termos, o relacionamento é muito mais reativo a fatores conjunturais ou a iniciativas asiáticas do que propriamente derivado de um ativismo. E mais do que isso, além do caráter reativo, o relacionamento caracteriza-se igualmente por um elevado distanciamento tanto dos empresários quanto da comunidade acadêmica.

No caso específico da Coréia do Sul, ainda que o Brasil tenha restabelecido relações diplomáticas em 1959 e estabelecido sua embaixada em Seul em 1965, o relacionamento, de uma forma genérica, manteve-se em níveis muito baixos. Em 1989, foi firmado em Brasília um memorandum visando o estabelecimento de uma Comissão Mista para discutir e fomentar uma maior cooperação entre os dois países nos anos 90.

Em função dos respectivos interesses, o Ministro das Relações Exteriores, Francisco Rezek, visita Seul em agosto de 1991, a primeira visita brasileira em nível ministerial, e assina o Acordo Quadro de Cooperação Científica e Tecnológica. Ainda em 1991, o Brasil apoiou e exerceu papel de liderança no processo de ingresso da Coréia do Sul (também da Coréia do Norte) na ONU.

Embora esse acordo não tenha prosperado, o relacionamento comercial adquiriu relevância, dentro do contexto de reestruturação do sistema internacional pós-Guerra Fria. A crescente participação coreana no comércio brasileiro parece ter sido reforçada pelo fato dos conglomerados coreanos mostrarem-se mais agressivos na conquista de mercados seja na América Latina, seja no Brasil, procurando suplantar o papel tradicional desempenhado pelo Japão. Sua ação parece estar orientada pelo objetivo de constituição de redes de distribuição e de comercialização, criando possibilidades de investimentos diretos como base para uma integração produtiva em setores de manufaturados.

Em decorrência desse crescente relacionamento econômico e político, o presidente sul-coreano Kim Young Sam, em setembro de 1996, visitou o Brasil a frente de uma comitiva de 40 empresários. Nessa ocasião constituiu-se a Comissão Brasil-Coréia para o Século XXI , formada por personalidades da sociedade civil dos dois países e com a missão de ampliar o relacionamento bilateral.

A Comissão que se reuniu quatro vezes entre 1996 e 1999, alternadamente na Coréia e no Brasil, “deixou um legado de mútuas descobertas, através dos contatos com departamentos e instituições do país alternadamente visitado. Conseguiu-se um acúmulo de conhecimentos sobre as realizações de cada um dos lados, nos terrenos da tecnologia da informação, telecomunicações, eletro-eletrônica, biotecnologia aplicada à agricultura e à saúde”.

Em janeiro de 2001, Fernando Henrique Cardoso visitou Seul e no encontro com Kim Dae-jung proclamaram o lançamento de uma “parceira especial entre o Brasil e Coréia do Sul para o século XXI”.

Após a visita de Kim Young Sam, em 1996, manteve-se o forte crescimento comercial, acrescido pela intensificação dos investimentos coreanos. Essa tendência em investimentos, no entanto, é revertida ou suspensa após a crise financeira asiática, em conjunto com uma forte retração nas importações coreanas.

 

2. Proposta da III Semana de Estudos Asiáticos

Com o objetivo de propiciar maior conhecimento sobre a República da Coréia e/ou a Península Coreana, bem como sobre as possibilidades de ampliação do relacionamento Brasil-Coréia, o Grupo de Estudos sobre a Ásia-Pacífico pretende organizar um Seminário sobre a república da Coréia.

Os temas previstos para serem desenvolvidos são os seguintes:

 

I         Política Externa da Coréia do Sul

          A Constituição do Estado Sul-coreano e seus projetos de inserção           internacional

          A perspectiva de reunificação e a questão da Coréia do Norte

 

II        Relações Brasil-Coréia do Sul

          Relações Políticas

          Relações Comerciais

 

III       Economia Coreana

          Desenvolvimento Econômico da Coréia

          Ciência e Tecnologia