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Cultura e realidade urbana

Vando Valentini
 

O autor, sacerdote, é coordenador do Núcleo Fé e Cultura. Conferência proferida no I Fórum Estadual sobre o Ensino Social Cristão, realizado em 5 e 6 de agosto de 2000

Perda de identidade e desestruturação do homem (sobretudo dos jovens)

1. Falar em cultura urbana significa observar com atenção a realidade na qual todos nós estamos mergulhados.

Conhecemos muito bem algumas características dessa realidade que, de forma direta ou indireta, afetam nosso cotidiano: a mobilidade; o anseio pelo novo que se manifesta na reformulação urbana da moda e dos hábitos; a eficiência das novas técnicas, que imprimem novos modos de relacionamento; a unificação do espaço, pois cada local revela o mundo através da intercomunicação.

Quem dita as novas regras desta sociedade é o mercado consumidor. E este é auto-regulado, e não admite instância externa a si, nem política nem ética, que o controle.

Em sua análise sobre a cultura no mundo moderno, Renato Ortiz aponta o processo de fragmentação do homem que caracteriza a produção do objeto, e diz que a conclusão desse processo na “consciência pós-moderna exprime o desenraizamento das formas e dos homens”(1).

Não queremos nesta reflexão aprofundar os mecanismos do mercado e da produção que levam a essa nova forma de domínio. Preferimos aprofundar as relações entre essa “mentalidade” ou, se quiserem, essa cultura urbana e suas conseqüências para a estruturação da personalidade do jovem e para a luta cultural que deve ser travada para defender-se. De fato, o que constatamos é que neste novo contexto urbano não há mais espaço para a pessoa e relacionamentos verdadeiramente humanos.

2. Quem sofre mais profundamente esta situação de desestruturação são os jovens. Em outros momentos históricos os jovens tornavam-se adultos deparando-se com a vida a partir da hipótese que os pais ofereciam com certeza. Assim enfrentando os problemas da vida, aprendiam com a experiência. Hoje os jovens não têm mais um ponto de referência seguro. Perguntam-se sempre qual seria o seu eu, não sabem, e no fundo não querem saber quem são: vivem na indecisão. Nunca dizem sim e nunca dizem não: param sempre diante de uma porta que, talvez, nunca se abrirá. Nessa insegurança eles não têm vontade, não desejam agir. Preferem permanecer passivos. Vivem envolvidos num misterioso torpor. Por isso não amam o tempo. O único tempo deles é uma série de instantes que não se encadeiam nem são organizados numa história (2).

Esse é um quadro dramático ou pode mesmo parecer excessivamente sombrio, mas descreve a dissolução do eu e a eliminação de qualquer identidade que atingem os jovens de todas as camadas sociais da cidade de hoje.

3. De onde vem tudo isso? Um poder impessoal, de fato, domina. Não tem um rosto definido, e seu principal instrumento de domínio é a mídia. Os meios de comunicação, a escola, a diversão ou a política exercem sobre a cultura urbana um grande poder. Contra este poder, a pessoa, o indivíduo, não tem muita força para lutar.

Em outros momentos históricos, mesmo aqui no Brasil, quando a agressão era física sentíamo-nos imediatamente atingidos e reagíamos. Hoje é esmagada a nossa personalidade: ela é de tal modo intimidada que nos tornamos incapazes de agir. Suportamos “tranqüilamente” isso todos os dias.

4. Para reverter o processo, precisamos compreendê-lo de maneira adequada. Nós sofremos essa situação, mas o nosso coração não a suporta porque não corresponde àquilo que o homem é. Por isso é necessário recuperar uma visão antropológica do que somos para não ficarmos apenas como tantas pedrinhas arrastadas pela enxurrada do senso comum e do poder que o determina.

O Papa João Paulo II retoma essa questão antropológica no início de sua Encíclica Fides et Ratio, repropondo o antigo lema grego “conhece-te a ti mesmo”. Ele afirma que essas palavras descrevem a “regra mínima de todo o homem que queira distinguir-se, no meio da criação inteira, pela sua qualificação de 'homem', ou seja, enquanto 'conhecedor de si mesmo'. O homem enfrenta nas diferentes culturas as mesmas questões fundamentais: ‘Quem sou eu? De onde venho e para onde vou? Por que existe o mal? O que é que existirá depois desta vida?’ (...) São questões que têm a sua fonte comum naquela exigência de sentido que, desde sempre, urge no coração do homem: da resposta a tais perguntas depende efetivamente a orientação que se imprime à existência”(3). Quer dizer que aquilo que descreve o homem é essa fome e sede de razões para tudo, essa fome e sede de um significado total.

5. Se o homem, especialmente quando jovem, não recupera a autoconsciência dessas perguntas últimas (esse desejo de verdade, de felicidade, de sentido para tudo), tenderá a aceitar a indicação que lhe vem pela mídia e que, como vimos, segue a atuação do mercado. Assim, procurando esconder essas exigências originárias, o mercado multiplica e sofistica suas mercadorias tentando reduzir o desejo a uma necessidade que se pode suprir.

Não esqueçamos porém que, em última instância, o mercado é impotente diante do desejo, tenta censurá-lo, mas não consegue fazer isso por inteiro. Pois, por sua natureza, o desejo é exatamente a expressão, no nível existencial, das exigências originárias do homem, e aponta sempre para uma possibilidade infinita de resposta. Faz parte da natureza humana a esperança de encontrar uma resposta adequada a esse desejo.

6. Uma última passagem se faz necessária: o homem não sabe responder sozinho a essa pergunta, a resposta vai além da sua compreensão. Isto é dramático: tudo no homem grita por uma resposta, mas ela é mistério para o homem. Esse paradoxo é o que acende toda busca do homem. O que o coloca em movimento é a procura de uma resposta. Ela existe, mas supera o homem, é o mistério insondável, origem e sentido de todas as coisas: o que convencionamos chamar “Deus”.

A cumplicidade da cultura urbana

Duas músicas nos ajudarão a compreender mais profundamente a cumplicidade da cultura urbana na dinâmica desse processo contraditório de dissolução do eu humano.

7. Roupa Nova (de Milton Nascimento e Fernando Brant) diz que “homem que é homem/ não perde a esperança, não”, isto é, o que caracteriza o homem é essa esperança de encontrar uma resposta adequada a si. A música continua dizendo: mas “o trem nunca vai parar/ neste fim de mundo”, ou seja, a música nega a possibilidade de encontrar uma resposta. Mesmo assim, “homem que é homem/ não perde a esperança, não”. Na música, a negação de uma resposta parece uma coisa acrescentada, pois tudo no homem grita por esperança. Vale a pena, todo dia, esperar. Cantamos essa música fazendo prevalecer essa esperança. Mas de onde vem a negação? Por que precisa afirmar uma esperança contra todas as evidências da razão? Em que se baseia essa esperança, ou a negação dela? Numa opção da liberdade: o homem decide se existe ou não a possibilidade de encontrar uma resposta. Tudo leva o autor a colocar-se diante do mistério, como resposta, pedindo que se manifeste. Mas ele prefere ficar sozinho, afirmando que essa resposta misteriosa é impossível. Essa é a grande contradição: uma esperança sem razões, que poderíamos chamar “utópica”, no sentido literal de “sem ter um lugar onde se realizar”. O fato trágico, de qualquer forma, é que essa esperança poderia também chegar a ser “cínica”.

ROUPA NOVA
de Milton Nascimento e Fernando Brant

Todos os dias, toda manhã

Sorriso aberto e roupa nova

Passarim preto de terno branco

Pinduca vai esperar o trem.

Todos os dias, toda manhã

ele sozinho na plataforma

ouve o apito, sente a fumaça

e vê chegar o amigo trem,

que acontece que nunca parou

nesta cidade de fim de mundo,

e quem viaja pra capital

não tem olhar para o braço que acenou

e o gesto humano fica no ar,

o abandono fica maior

e lá na curva desaparece a sua fé.

Homem que é homem não perde a esperança

não, ele vai parar.

Quem é teimoso não sonha outro sonho não

Qualquer dia ele pára.

Assim Pinduca toda manhã

Sorriso aberto e roupa nova

Passarim preto de terno branco

Vem renovar a sua fé.

8. Bom dia (de Swami Jr. e Paulo Freire, cantada por Zizi Possi). É necessário dizer todo dia: “Bom dia!”. Não sei por que, mas o dia tem de ser bom! De onde o homem tira as energias para enfrentar o dia? De sua auto-afirmação que, portanto, deve negar as evidências do próprio limite. Reconhecer o seu limite parece cercear suas possibilidades. Para sustentar-se o homem precisa de uma forte auto-estima afirmada a qualquer custo.

BOM DIA
de Swami Jr. e Paulo Freire

Um dia quero mudar tudo

No outro eu morro de rir,

Um dia tô cheia de vida

No outro não sei onde ir,

Um dia escapo por pouco

No outro não sei se eu vou me livrar,

Um dia esqueço de tudo

no outro não posso deixar de me lembrar,

um dia você me maltrata

no outro me faz muito bem,

um dia eu digo a verdade

no outro não engano ninguém,

um dia parece que tudo

tem tudo pra ser o que eu sempre sonhei,

no outro dá tudo errado

e acabo perdendo o que já ganhei

logo de manhã, bom dia...

um dia eu sou diferente

no outro sou bem comportada,

um dia eu durmo até tarde

no outro eu acordo cansada,

um dia te beijo gostoso

no outro nem vem que eu quero respirar,

um dia quero mudar tudo no mundo

no outro eu vou devagar,

um dia penso no futuro

no outro eu deixo pra lá,

um dia eu acho a saída

no outro eu fico no ar,

um dia na vida da gente,

um dia sem nada de mais,

só sei que eu acordo e gosto da vida

os dias não são nunca iguais!

As raízes desse processo

Queremos buscar as raízes desse processo na educação e no racionalismo pragmatista que dominam a cultura urbana.

9. Nas escolas dos Estados Unidos (mas poderíamos dizer que isso está acontecendo também nas brasileiras, com a defasagem de sempre, por meio da Lei de Diretrizes e Bases da Educação) faz cada vez mais sucesso a frase: “Vocês são as melhores crianças do mundo, as mais inteligentes. Não há nada que vocês não possam fazer”. Esta frase é proposta no começo do ano como lema para as crianças da segunda série. Poderíamos dizer: “O típico individualismo do 'self made man' dos Estados Unidos”. Mas não é assim, porque essa postura está fortemente presente também entre nós. A aparente sabedoria positiva dessa frase esconde o fato de que decidimos ignorar as evidências de nossos limites e contradições para buscar uma impossível felicidade alcançada de maneira autônoma. A mesma lógica da música de Zizi Possi: “Logo de manhã, bom dia/ (...) Eu acordo e gosto da vida/ os dias não são nunca iguais!”. Uma positividade que não tem suas raízes num cotidiano cheio de contradições e, portanto, não tem possibilidade de sentido. Uma positividade sem um fundamento.

10. O idealizador da pedagogia que reina nos Estados Unidos, John Dewey, descreve a idéia chave e o dinamismo conseqüente que está na base dessa concepção de educação da seguinte forma: “Abandonar a busca da realidade e do valor absoluto e imutável pode parecer um sacrifício, mas essa renúncia é a condição para empenhar-se numa vocação mais vital. A procura de valores que possam ser assegurados e compartilhados por todos, porque ligados à vida social, é uma procura na qual a filosofia encontrará não rivais, mas auxiliares nos homens de boa vontade”(4). Trata-se de abandonar a busca de coisas que não podem ser alcançadas com certeza, porque escapam do domínio do homem, como a verdade, o absoluto, o sentido, para dedicar-se com mais eficácia individual e social a buscar os valores consensuais. O homem se sente à vontade somente diante daquilo que ele mesmo faz e por isso pode controlar. Hannah Arendt observa a propósito disso: “A convicção de só poder conhecer o que nós mesmos fizemos levou à absoluta falta de significado inevitavelmente ligada à intuição de poder decidir fazer qualquer coisa”(5). Assim, se renunciarmos ao fato de que tudo tenha um significado, então o nada e o vazio são só o que resta. Nascemos e morremos: entre essas duas datas, que só têm importância para nós, o que existe? Nada, somente um pouco de agitação, a fuga diante do grande vento negro do fluxo da matéria, que, onipresente, nos engole. Vivemos lado a lado com outros homens e não podemos fazer nada para evitar que sofram(6), pois todos somos dominados pelo nada e sentimo-nos vazios.

11. Nessa mesma perspectiva observa Norberto Bobbio, escrevendo recentemente num jornal italiano: “Quando sinto ter chegado ao fim da vida sem ter encontrado uma resposta às perguntas últimas, minha inteligência fica humilhada, e eu aceito essa humilhação, aceito-a e não procuro fugir dessa humilhação por meio da fé, por meio de caminhos que não consigo percorrer. Continuo a ser homem, com a minha razão limitada e humilhada: sei que não sei. Isso eu chamo de minha religiosidade”(7). Essa “humilhação da inteligência” é a característica da religiosidade dominante na cultura urbana de hoje. Trata-se de uma religiosidade em que é supervalorizado o sentimento, enquanto a razão do homem sofre a tentação de sentir-se vencida, de não poder estabelecer nenhum nexo, de não poder hospedar nenhuma pergunta, de considerar estranha essa exigência de significado e de verdade que está presente no eu do homem. Essa desconfiança ou “difidência” em relação à razão também é apontada pelo Papa João Paulo II no n. 45 da Fides et Ratio como conseqüência de um espírito excessivamente racionalista.

12. A religiosidade urbana é uma religiosidade em que a razão é humilhada. Esse é o clima que os meios de comunicação nos fazem respirar: um clima de “renúncia”, renúncia ao desejo, renúncia à exigência de verdade, à exigência de felicidade. Queremos lembrar uma imagem do famoso cineasta italiano Pier Paolo Pasolini, que assim descrevia, na Itália da década de 1960, esse clima cultural de renúncia: “Eles ensinam a você: primeiramente a renúncia, renúncia absoluta, habitual, a renúncia cotidiana da falta de vitalidade que neles é um dado real, físico. Eles têm de reduzir ao mínimo o esforço para viver. O que em termos sociais significa justamente renúncia, que é também ânsia de integração e mentalidade simplista. A segunda coisa que ensinam é uma certa tendência obrigatória à infelicidade”(8). Pois a infelicidade nasce do fato de dizer: é impossível.

13. Nessa manipulação da religiosidade dominada pela renúncia à exigência de verdade e de felicidade, a piedade (isto é, a referência a Deus) fica genérica, o ímpeto religioso vira desejo de bem-estar e o amor vira filantropia. É o que descreve Finkielkraut: “Com a piedade se exclui o amor, uma vez que a lei do amor é a reciprocidade e não é possível haver reciprocidade na piedade. A piedade é um amor decaído, aviltado, um filete de água divina que se perde na areia. O que hoje aparece por trás da unificação de todos os relacionamentos humanos dentro do sentimento único de humanidade não é tanto a preocupação pelos outros, mas uma invencível falta de confiança na liberdade deles. (...) No tempo da ideologia se acreditava saber tudo; no tempo da beneficência não se quer saber nada. Essa mudança é tudo, menos uma revolução. Do primado da razão ao primado do sentimento, perpetuam-se a mesma intolerância e o mesmo ressentimento diante da fragilidade e da imprevisibilidade daqueles que os gregos chamavam 'interesses humanos’”(9).

14. É assim que o homem perde a sua possibilidade de relação com o mistério, o mistério não é mais o desafio à razão, pois descreve o limite dela, e por isso deve ser censurado. Portanto, a busca do significado deve ser evitada.

Como retomar o caminho da nossa humanidade? Como o homem pode descobrir de novo quem ele é? Como pode re-despertar as perguntas últimas que o constituem? É na ação, na experiência, que o homem descobre os fatores que constituem sua humanidade. É no embate com a realidade, com as coisas boas ou ruins, as coisas bonitas e as duras e dramáticas que o homem descobre de novo uma possibilidade de beleza. Descobre que todo dia é feito, que a vida lhe é doada, todo dia de novo. Descobre que a realidade é sinal de uma presença boa que o faz, que é misteriosa, porque vai além de sua possibilidade de compreensão, mas que se manifesta desde já cheia de possibilidade e de beleza, cativante porque grávida de promessa.

“Trata-se da intuição, que em todos os tempos o espírito humano mais agudo teve, desta misteriosa presença pela qual a consistência de seu instante, de seu eu é possível. (...) Quando olho para mim mesmo e percebo que não estou sendo feito por mim, então eu, eu com a vibração consciente e repleta de afeição que urge nessa palavra, só posso dirigir-me à Coisa que me faz, à fonte da qual provenho neste instante, usando a palavra 'Tu'. 'Tu-que-me-fazes' é aquilo que a tradição religiosa chama Deus, (...) é aquilo pelo qual eu sou. (...) A consciência de si mesmo até o fundo percebe, no fundo, no fundo, um Outro. Isto é a oração: a consciência de si até o fundo que se depara com um outro”(10).

15. Antes de concluir queria fazer duas observações.

Primeiramente, queria dizer que tudo isso que de uma maneira um pouco dramática acabei de descrever não afeta somente os jovens. Afeta a todos nós, porque essa cultura é o ar que respiramos na cidade em que vivemos. Também eu sou afetado por isso. Assim, a minha maneira de estar diante de Cristo é mutilada, Cristo vira uma presença genérica e Deus volta a ficar distante e inacessível. A oração vira uma coisa formal, sem grito de humanidade, e a experiência do encontro com Cristo é espiritualizada e fica evanescente. E, por fim, a Igreja, a comunidade cristã é reduzida a organização religiosa e os padres são seus funcionários.

Como segunda observação, queria aproveitar a ocasião para apresentar a experiência do Núcleo Fé e Cultura, da PUC de São Paulo. Trata-se de um espaço de encontro, de relacionamentos e de pesquisa para construir uma possibilidade de colaboração e de unidade para o homem que vive na universidade e nos meios de produção cultural. Estamos criando, assim, um centro de irradiação, aberto à colaboração de todos, para que na cidade possamos ter espaços de humanidade rica e cheia de esperança para o futuro do homem.

16. Em nossa análise já apontamos o ponto-chave para retomar o caminho da reconstrução do humano e assim reacender no homem o desejo: desejo de verdade, de beleza, de justiça, de significado. Esta é a forma para recuperar uma verdadeira experiência religiosa.

Nesse caminho, também a experiência cristã retoma suas verdadeiras feições: a oração é pedido a uma presença real, pedido a Cristo no seu corpo vivo que é a Igreja.


Notas

1 Ortiz, Renato. Mundialização e Cultura. São Paulo, Brasiliense, 1994, p. 101. A citação integral ajuda a compreender em que sentido R. Ortiz fala de desenraizamento provocado pelo mercado: “Retirados do contexto original uma cornija egípcia ou um panteão ao ar livre podem coabitar ao lado de arcos clássicos ou góticos... Pirâmides, catedrais góticas, palhoças, colunas helênicas, formas abobadais, teto japonês são elementos de um conjunto lógico atemporal. A consciência pós-moderna exprime o desenraizamento das formas e dos homens... O movimento de desterritorialização não se consubstancia apenas na realização de produtos compostos, ele está na base da formação de uma cultura internacional, popular cujo fulcro é o mercado consumidor”.

2 Cf. Citati, Pietro. “Gli eterni adolescenti”. In: La Reppublica, 2 de agosto de 1999, p. 1.

3 Fides et Ratio, 1.

4 Citado em Giussani, Luigi. O senso religioso. Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 2000, p. 92.

5 Cf. Arendt, Hannah. Entre o passado e o futuro. São Paulo, Perspectiva, 2000 [5ª ed.], pp. 231-232.

6 Cf. Daniel-Rops, Henri. La spada di fuoco. Milão, 1941, pp. 191-193.

7 Bobbio, Norberto. “Perché non riesco a credere”. In: La Repubblica, 30 de abril de 2000, p. 1.

8 Pasolini, Pier Paolo. Lettere luterane. Turim, 1982, p. 63.

9 Finkielkraut, Alain. L'umanitá perduta. Florença, 1997, pp. 320-321.

10 Giussani, Luigi. O senso religioso. Op. cit., pp. 150-151.

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