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Combater a pobreza e as desigualdades para combater
a violência
Entrevista a Márcia Regina da Costa por Rafael Marcoccia
 

Márcia Regina da Costa é professora do Programa de Pós-graduação em Antropologia da PUC/SP, especialista em Antropologia Urbana e no estudo da violência. A seguir, a entrevista que ela concedeu à equipe do núcleo Fé e Cultura, em 31 de maio de 2006.

Núcleo de Fé & Cultura: Quais as causas da violência urbana?

Márcia Regina: Primeiro, a pobreza. A pobreza deve ser combatida por ações sociais, isso é um fato, e é importantíssimo. Ao mesmo tempo, devemos ter cuidado para não tornar essa resposta mecânica, quer dizer, que pobreza gera mecanicamente violência. Por dois motivos: primeiro que não explica a violência que parte da classe média ou da elite; e, segundo, devemos tomar cuidado para não dizer que pobre é violento. Não é automático como muitas vezes pensamos ou damos a entender; a maioria dos pobres não é violento. Com o mundo globalizado, a intensificação dos contatos, a diminuição dos espaços, possibilitou uma integração global também dos bandidos. Aumentou o tráfico de armas, o tráfico de drogas, a comunicação entre esses grupos. Isso veio acompanhado de uma corrupção muito forte, em vários setores. Daí a ligação, que vemos hoje, dos bandidos com policiais, com advogados, com políticos. Por isso não são apenas os pobres. O que acontece é uma perda dos valores. Ou seja, a violência têm várias dimensões que não apenas a pobreza. Acredito que a pobreza ofereça mão de obra, mas não é mecanicamente sua causa.

Núcleo de Fé & Cultura: Como a sociedade pode enfrentar essas causas?

Márcia Regina: A sociedade brasileira tem condições, sim, de enfrentar as causas. Na época da hiperinflação, por exemplo, a sociedade se mobilizou e, de certa maneira, conseguiu lutar contra ela. Desse modo, falta colocar a violência e a questão da segurança pública em termos centrais, a fim de elaborar propostas verdadeiramente democráticas e eficazes. A sociedade tem o papel de discutir um plano eficaz para combater a desigualdade social e econômica. É preciso melhorar a qualidade de vida da população brasileira.

Núcleo de Fé & Cultura: Como a Igreja e os cristãos podem colaborar, juntamente com outras forças sociais, o combate à violência?

Márcia Regina: As igrejas em geral e os cristãos podem desempenhar um papel muito importante. Como eu dizia anteriormente, pode ajudar na elaboração de planos sérios para melhorar a qualidade de vida das pessoas. Veja bem, não só a questão econômica, mas a qualidade como um todo, em todas as suas dimensões. Aí que a Igreja deve atuar, ouvindo a população e colocando a questão na ordem do dia. A Igreja deve acolher as pessoas, as vítimas da violência (e as maiores vítimas são os pobres), dar um apoio psicológico. Ouvi-las, apoiá-las emocional e espiritualmente. Porque ao lado da falta de emprego, as pessoas vêem seus filhos assassinados. A Igreja deve também fazer um papel de base mesmo, de organização das pessoas. Além, é claro, de encampar e/ou formular planos contra a violência. Em suma, eu acho que a questão fundamental é melhorar a qualidade de vida das pessoas, e a Igreja pode ajudar muito aqui.

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