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Deus habita esta cidade
D.Odilo P. Scherer
 

D.Odilo P. Scherer é arcebispo de São Paulo

O lema escolhido para o centenário da arquidiocese de São Paulo é significativo: “Deus habita esta cidade” (Sl 47,9), A expressão aparece na tradução do texto para a Liturgia das Horas e faz parte de um salmo de júbilo e louvor a Deus pela vitória sobre os inimigos de Jerusalém; o salmista está consciente que a vitória, de fato, é devida à ação de Deus, que protege e socorre o povo em suas angústias. Deus enche com sua presença a cidade e a santifica.  A mesma temática aparece também nos salmos 46 e 48.

A referência à cidade aparece com freqüência na Bíblia; além do seu significado comum, como aglomerado de casas e lugar de convivência, a cidade também é imagem da “casa de Deus” e da reunião do povo ao redor de Deus, como a família em torno do pai; Jerusalém é vista como a habitação de Deus com seu povo, a sede da justiça, da fraternidade e da paz. No Novo Testamento, a cidade terrena é imagem da “cidade celeste”, para a qual todos estão peregrinando (cf. Hb. 13,14). Babilônia, a cidade corrompida e pecadora, é contraposta à nova Jerusalém, a cidade redimida e fiel, morada de Deus com seu povo (cf Ap. 18 e 21).

O lema do centenário da arquidiocese de São Paulo pode ter vários significados. Ele fala da certeza de que Deus está presente nesta cidade, apesar dos seus problemas e do aspecto assustador da grande e complexa metrópole. A cidade grande não pode ser entendida como um “espaço ateu”, onde Deus estaria ausente ou não precisaria ser levado em conta. Ele está sempre com seu povo, onde quer este viva, e chama a todos a viverem no seu reino de graça e salvação, de vida, justiça e paz. Sua providência jamais abandona a humanidade.

De maneira realista, porém, constatamos que há muitas situações na cidade que falam mais da ausência que da presença de Deus; onde vemos a miséria imperando por causa do egoísmo e das injustiças contra os irmãos, onde acontece o aviltamento da dignidade humana, a violência, a falta de solidariedade, o degrado moral na convivência social, o reino de Deus não está sendo acolhido. As conseqüências dessa “ausência de Deus” não são boas e esta cidade ainda esmaga muitos dos seus filhos e filhas e exclui  tantos do banquete da vida. Tudo o que fere a dignidade dos seres humanos, fere também a santidade de Deus.

Se “Deus habita esta cidade”, todos aqueles que têm fé também têm uma missão: fazer todo o possível para que São Paulo se torne uma habitação sempre mais digna de Deus e dos seus filhos, superando aquilo que não condiz com essa presença santa. Na “casa de Deus”, todos são filhos do mesmo Pai e irmãos respeitosos e interessados uns pelos outros; os mais fortes e sadios tomam conta dos mais fracos e daqueles que estão expostos a perigos. Com nossa presença e atuação de “discípulos-missionários de Jesus Cristo”, somos chamados a colaborar com nossa parte para tornar esta cidade verdadeira “cidade de irmãos”, justa e solidária para com todos.

Onde Deus pode ser encontrado na metrópole de São Paulo? Certamente a presença de Deus não se limita a alguns lugares mas preenche a cidade inteira. Nada está ausente da sua presença e, de muitas maneiras, Deus pode ser encontrado. No entanto, há sinais mais fortes, através dos quais as pessoas tomam consciência dessa presença sagrada e são conduzidas ao encontro com Deus. Esses sinais devem ser todas as nossas comunidades de fé, os templos por toda cidade, as instituições e organizações de serviço social e de promoção humana. Além disso, cada discípulo de Jesus Cristo é chamado a ser um sinal luminoso, que conduz ao reconhecimento da presença de Deus no meio da cidade.

A presença de Deus é particularmente clara onde se pratica a caridade para com os pobres, doentes e todos os necessitados; onde se anuncia a Palavra de Deus e se celebra a Eucaristia. O Documento de Aparecida fala dos muitos “rostos sofridos”, nos quais Deus vem ao nosso encontro e nos interpela (cf . n. 407-430); chega a dizer que os doentes são verdadeiras “catedrais” para o encontro com Deus (n. 417).
O lema do centenário nos convida a uma ação missionária nova e a uma pastoral urbana lúcida e corajosa para que a “cidade dos homens” seja edificada sempre mais como “cidade de Deus”.

 
 
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